Doença que ameaça a citricultura já atinge mais de 150 municípios
O avanço do greening — também conhecido como Huanglongbing (HLB) — tem mobilizado o Paraná desde 2021. A doença, considerada uma das mais destrutivas para a citricultura, voltou a atingir pomares com maior intensidade, especialmente nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Causada pela bactéria Candidatus liberibacter e transmitida pelo inseto psilídeo (Diaphorina citri), a doença é silenciosa e sem cura, exigindo ações rápidas e coordenadas para conter sua disseminação.
Diante da ameaça, o Estado do Paraná reagiu com união. Produtores rurais, o Sistema FAEP, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná), prefeituras e outras instituições públicas e privadas se juntaram para frear o avanço do greening.
A gravidade do cenário levou o governo estadual a decretar, em dezembro de 2023, estado de emergência fitossanitária. Desde então, diversas frentes têm trabalhado juntas para monitorar e erradicar plantas contaminadas, além de controlar o inseto vetor. Segundo a Adapar, mais de 150 municípios já registraram focos da doença.
Para fortalecer essa rede de atuação, foi criada a Câmara Setorial da Cadeia da Citricultura, com representantes de diferentes esferas do setor público e privado. O colegiado visa discutir e implementar ações em consonância com o Programa Nacional de Prevenção e Controle do HLB, instituído pelo Ministério da Agricultura.
As medidas incluem a eliminação obrigatória de plantas hospedeiras com sintomas da doença, especialmente aquelas com até oito anos de idade, em um raio de até 4 quilômetros das áreas comerciais. “Com isso, conseguimos reduzir a presença do vetor e do inóculo da bactéria”, afirma Caroline Garbuio, responsável pelo Programa de Sanidade da Citricultura da Adapar.
Essa mobilização coletiva tem surtido efeito. Marlene, produtora rural de Paranavaí e instrutora de citricultura do Sistema FAEP, lembra o desespero inicial com a rápida disseminação do inseto. “Foi assustador ver as revoadas. Mas hoje, ver todo mundo trabalhando junto, nos dá esperança e fôlego para seguir”, afirma. Ela destaca a importância do monitoramento contínuo, do manejo com inseticidas nas áreas mais afetadas e da fiscalização feita em parceria com as prefeituras.
Para Elisangeles Souza, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, a chave para o sucesso está justamente na união. “Qualquer ação isolada seria ineficaz. A cooperação é essencial para conter o greening e proteger a citricultura paranaense”, reforça.
Apesar dos avanços, especialistas alertam que o trabalho precisa ser contínuo e permanente. “É um esforço de longo prazo, que exige vigilância constante. Mas estamos no caminho certo”, conclui Caroline.