Preços do café em agosto registraram alta, com arábica subindo 33,7% e robusta 44,5%, impulsionados por oferta restrita e especulação
O mercado de café registrou forte volatilidade em agosto. Os preços do arábica e do robusta atingiram máximas de três meses, impulsionados por preocupações com a oferta de curto prazo e também por compras especulativas. Além disso, a queda nos estoques certificados e as tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos ao café brasileiro contribuíram para aumentar a instabilidade, avalia a Hedgepoint Global Markets.
No final do mês, o contrato de dezembro/25 do arábica chegou a 391 c/lb, fechando em 386,1 c/lb, alta de 33,7%. Já o contrato de novembro/25 do robusta subiu 44,5%, encerrando a US$ 4.815/mt. Portanto, o movimento de alta foi consistente em ambas as variedades.
Segundo Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, a arbitragem entre os preços do arábica e do robusta aumentou e agora está nos maiores níveis desde o início de 2022.
As preocupações aumentaram porque a safra 2025/26 do Brasil foi menor que o esperado e, ao mesmo tempo, os estoques certificados seguem em queda. Além disso, os produtores brasileiros continuam fora do mercado, já que aguardam o florescimento da safra 2026/27 para definir estratégias de venda.
No robusta, a situação também é desafiadora. Embora Brasil e Indonésia tenham colheitas relevantes, a disponibilidade segue restrita. Muitos produtores redirecionam sua produção para a indústria nacional. Por outro lado, os estoques indonésios estão mais baixos do que no início da temporada.
Enquanto isso, o Vietnã, maior exportador mundial de robusta, apresenta baixa disponibilidade. Em agosto, o tufão Kajiki trouxe instabilidade, mas não afetou diretamente as áreas produtoras de café. Ainda assim, o evento reforçou a percepção de risco. Já na América Central e na Colômbia, a safra 2025/26 ainda está em desenvolvimento e poderá ser decisiva para o equilíbrio do mercado nos próximos meses.
A combinação de incertezas também favoreceu a entrada de fundos no mercado. No robusta, investidores migraram de posições líquidas vendidas para compradas. Já no arábica, os fundos ampliaram suas posições compradas líquidas, o que reforçou a pressão altista. Assim, os movimentos especulativos deram ainda mais fôlego à valorização.
Para o arábica, as próximas semanas devem ser secas, com chuvas abaixo da média na maior parte das regiões produtoras. No entanto, volumes mais expressivos serão necessários para garantir uma boa florada da safra 2026/27.
No conilon, por sua vez, a situação é diferente. O Espírito Santo já registrou boas chuvas, e novas precipitações previstas podem favorecer o pegamento das flores que já se abriram. Desse modo, o clima deve contribuir para uma boa recuperação da variedade.