Paraná bate recordes em frango e ovos e ganha destaque global
Exportações de ovos crescem 342% após surto nos EUA e estado supera soja na balança comercial reforçando a vigilância sanitária
Exportações crescem 342% e estado reforça vigilância sanitária diante da gripe aviária. Foto: Canva
O surto de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) nos Estados Unidos, um dos mais graves da história, redesenhou o mercado global de proteínas e impulsionou o protagonismo do Paraná nas exportações brasileiras de frango e ovos. A constatação vem de uma pesquisa desenvolvida por Nicoly de Melo Silva, estudante da Faculdade Anhanguera Campinas, em parceria com a Embrapa Territorial.
A doença, altamente contagiosa entre aves domésticas e silvestres, também pode atingir mamíferos e humanos. Divide-se entre baixa e alta patogenicidade, sendo esta última responsável pelos surtos recentes. Nos Estados Unidos, a IAAP provocou forte crise sanitária e comercial. No Brasil, o primeiro caso foi confirmado em maio de 2025, no Rio Grande do Sul, levando à intensificação da vigilância sanitária.
Exportações em alta e produção recorde
Nos três primeiros meses de 2025, as exportações brasileiras de ovos aumentaram 342%, impulsionadas pela demanda norte-americana. Apenas os Estados Unidos importaram 2.705 toneladas, alta de 346% sobre o mesmo período de 2024. Dessa forma, a crise internacional abriu espaço para o Brasil conquistar mercados antes dominados por europeus e norte-americanos.
Atualmente, o país é o segundo maior produtor mundial de carne de frango e líder global em exportações, respondendo por cerca de 40% do comércio internacional. Além disso, o setor avícola brasileiro mantém forte desempenho econômico, com avanço tecnológico e geração de milhares de empregos.
O Paraná se consolidou como o maior produtor de proteína avícola do Brasil, com médias de abate superiores às de qualquer outro estado. Segundo o IBGE, o Paraná abateu 535,8 milhões de aves no quarto trimestre de 2024 — o maior número do país. No acumulado do ano, o total chegou a 2,2 bilhões de galináceos, 205 milhões a mais que em 2021.
Por outro lado, o crescimento é constante há uma década. De 2015 a 2024, o estado abateu 19,4 bilhões de aves, aumentando sua participação nacional de 9% para 11%. Esse avanço reforça o papel do Paraná como protagonista da avicultura nacional.
Ovos ganham espaço e ampliam exportações
Entre 2015 e 2024, a produção de ovos do Paraná cresceu 61%, passando de 285 milhões para 459 milhões de dúzias. Assim, o estado ampliou sua participação no mercado nacional de 8% para 13%. As regiões Oeste e Sudoesteconcentram 42% das granjas, que somam mais de 55 mil unidades produtivas.
As exportações também cresceram. Entre janeiro e setembro de 2024, o volume exportado de ovos e derivados subiu 32%, somando 7.464 toneladas e US$ 32,8 milhões em receita. O México lidera as compras, seguido por África do Sul, Venezuela, Chile e Emirados Árabes Unidos.
Além disso, as vendas externas de carne de frango aumentaram 31,7%, passando de US$ 2,7 bilhões para US$ 3,6 bilhões. Apenas no primeiro trimestre de 2025, o Paraná exportou mais de US$ 1 bilhão, um salto de 23%. Assim, a avicultura superou a soja como principal fonte de receita nas exportações do estado.
Vigilância reforçada e novos desafios
Apesar dos bons resultados, a gripe aviária trouxe desafios importantes. Países afetados enfrentam queda na demanda interna, acúmulo de oferta e desvalorização dos produtos. No Brasil, o primeiro caso confirmado levou à suspensão temporária das exportações para China e União Europeia, conforme protocolos internacionais. Outros países, como Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, também adotaram restrições sanitárias.
Para evitar novos focos da doença, o governo do Paraná prorrogou por 180 dias o decreto de emergência zoossanitária. O objetivo é reforçar a vigilância e proteger os plantéis.
Enquanto isso, o Brasil se destaca no mercado global. Entre 2019 e 2024, os Estados Unidos reduziram suas exportações em 3,5%, enquanto o Brasil avançou 25%, consolidando-se como líder mundial no setor.
Portanto, a continuidade desse crescimento depende de políticas públicas rígidas de biossegurança e rastreabilidade, além de comunicação transparente com parceiros comerciais. Mesmo com os resultados positivos, o setor segue vulnerável a surtos sanitários e requer atenção constante para garantir empregos, arrecadação e segurança alimentar.




