Estado tem déficit de 45,1 milhões de toneladas e precisa ampliar capacidade até 2034
Mato Grosso se mantém como o maior produtor agrícola do Brasil, com estimativa de 97,38 milhões de toneladas de soja e milho na safra 2024/25, representando 30,75% do volume nacional, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No entanto, o estado enfrenta um gargalo estrutural que pode comprometer o avanço do setor nos próximos anos: a armazenagem.
A capacidade estática atual, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 52,29 milhões de toneladas, o que representa apenas 53,69% da produção estimada. Isso gera um déficit de 45,10 milhões de toneladas. O problema se intensifica com o passar dos anos: em uma década, a produção cresceu 51,6 milhões de toneladas, enquanto a capacidade de armazenagem aumentou apenas 14,47 milhões.
Diante desse cenário, o Imea projeta que, caso a estrutura de armazenagem não seja ampliada, o déficit poderá chegar a 77,51 milhões de toneladas até 2034 — aumento de 71,87% em relação ao volume projetado para 2025. Para evitar esse avanço, será necessário expandir em 177,13% a capacidade atual nos próximos anos.
Para o vice-presidente da Aprosoja-MT, Luiz Pedro Bier, essa limitação impacta diretamente a logística, os custos e a competitividade do setor. Ele alerta que a concentração da armazenagem nas mãos de grandes tradings agrava a dependência dos produtores e defende políticas de incentivo à construção de armazéns nas propriedades rurais.
“A armazenagem de grãos é uma questão econômica, mas também de soberania nacional”, afirma.
A campanha “Armazém para Todos”, lançada em 2021, segue orientando os produtores sobre viabilidade e planejamento da estrutura própria. A Aprosoja-MT, por meio da Comissão de Política Agrícola, também atua na busca por políticas públicas e ações que favoreçam o aumento da capacidade de armazenagem, sobretudo entre pequenos e médios produtores.
Armazéns próprios ou regionais são considerados essenciais para que os agricultores possam comercializar em momentos mais estratégicos, reduzir perdas durante a colheita e garantir maior segurança logística e alimentar.