INÍCIO AGRICULTURA Algodão

Otimismo na cotonicultura brasileira

País deve colher 3,5 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma), alta de 7,7% em relação ao ciclo anterior
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Publicado em 28/03/2024

O Brasil deve colher um novo recorde na produção de algodão, segundo os dados levantados e apresentados pela Associação Brasileiras dos Produtores de Algodão (Abrapa) e suas associações estaduais, durante a 74ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), realizada na manhã desta quarta-feira (27), online.

O volume estimado para a safra 2023/2024 é de 3,5 milhões de toneladas de algodão beneficiado (pluma), alta de 7,7% em relação ao ciclo anterior, explicado, basicamente, pelo aumento da ordem de 15,4% na área plantada, que deve ser consolidada em 1,93 milhão de hectares. Esse incremento se deve, em grande parte, à migração de área de milho de segunda safra para a cultura, e o resultado abaixo do esperado para a soja, em função dos efeitos do fenômeno climático El Niño.

Já a produtividade projetada para esta safra deve ser 6,7% menor que em 2022/2023, e é projetada em 1.809 quilos de pluma por hectare. Os números não diferem tanto dos divulgados pela Conab, no dia 12 de março, que projetavam produção de 3,56 milhões de toneladas de pluma (+12,2% em relação à safra 2022/2023), com área plantada estimada em 1,93 milhão de hectares (+16,3%).
As chuvas recentes, registradas, praticamente, em todos os estados produtores, estão ajudando no desenvolvimento da cultura. Entretanto, para repetir o recorde do ano passado ainda são necessárias chuvas no período de enchimento de capulhos, principalmente, nas lavouras plantadas em segunda safra. O clima também favoreceu a pressão de pragas como a mosca-branca e de lagartas, como a spodóptera, que, apesar disso, estão bem manejadas.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial e da Abrapa, Alexandre Schenkel, as lavouras de algodão em excelentes condições no Brasil, e o grande volume a ser colhido reforça a necessidade de continuar investindo na abertura de mercados para o algodão brasileiro. “Isso vem sendo feito de maneira intensiva, por meio do programa Cotton Brazil, que reúne a Abrapa, a Anea e a Apex na realização de ações de promoção da fibra no mercado externo. Mas precisamos também diversificar e balancear esses mercados. Hoje, 60% do algodão brasileiro vai para a China, o que é muito bom, mas a concentração é sempre preocupante”, afirmou.
Logística - Um outro assunto de destaque na reunião foi a logística, para escoar uma produção que cresce a cada ano. É preciso investimento em manutenção de rodovias e de outros modais, e esse foi o tema da apresentação dos consultores de logística, Luís Antonio Pagot e Luiz Munhoz, no encontro. Segundo eles, para esta safra, a situação é ainda “confortável”, mas, sem investimentos, o país corre o risco de um “apagão logístico” no futuro.

“Na próxima reunião, em junho, será apresentado um diagnóstico completo, incluindo ferrovias, hidrovias e rodovias, além da situação dos portos, tanto para a região Norte e Nordeste do país quanto para o Centro-Oeste, para estabelecer uma estratégia e fazê-la chegar às autoridades do governo, encaminhando demandas direcionadas a melhora da infraestrutura”, afirma o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero.

Exportações - Os problemas logísticos, segundo o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, não têm sido um grande empecilho ao escoamento das safras de maior volume, graças a esforços conjuntos, orquestrados pelas instituições, “mas é preciso prioridade para o tema”. De acordo com a Anea, o ritmo dos embarques em março está forte, e este deve ser um mês “histórico” para as exportações de algodão brasileiro. “Se isso continuar desse jeito, em abril, maio e junho, o carry-out vai ser menor do que até, talvez, na safra passada”, afirma.
Até a última sexta-feira, 11, o Brasil embarcou 1,93 milhão de toneladas. “No ano passado, nesse mesmo período, a gente embarcou 1,21 milhão de toneladas. Superamos, em muito, essa marca até agora”, afirma Faus.

Indústria - Destino de cerca de 750 mil toneladas, o mercado interno está confiante em um bom ano, em 2024. Ou, pelo menos segundo o diretor superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, tendendo ao “copo meio cheio”, em lugar de “meio vazio”. Um provável crescimento do PIB é favorável ao emprego, à renda, e, consequentemente, à perspectiva de consumo.

“Mas nós ainda estamos vivendo em um cenário em que o consumidor não está manifestando muito otimismo, e é importante que a gente vire essa chave, porque expectativa positiva em relação ao futuro é um ingrediente relevante, junto com a renda e uma certa segurança de que vai haver emprego para os próximos períodos”, diz. Para a Abit, a indústria crescerá mais no setor têxtil do que na confecção, “mas se nós sairmos de uma expectativa de 1,8 % de PIB e caminharmos para algo como, de 2.2% a 2.5%, o efeito sobre o mercado é grande”, pondera.
A Abit pontuou, mais uma vez, a questão das importações por meio de plataformas digitais internacionais, cujos produtos estão entrando no Brasil isentos de pagamento dos impostos federais, quando até US$ 50. “Isso é muito ruim para a indústria nacional. Para o consumidor, em um primeiro momento, pode parecer muito positivo, mas amanhã vai lhe custar um emprego”, adverte. Ainda segundo o presidente da Abit, a indústria vislumbra crescimento potencial, sobretudo, a partir do segundo semestre, da ordem de 1 % para a nossa indústria.




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