Índia estende isenção de tarifa de algodão até dezembro, sustentando preços globais, mas pressionando os preços domésticos
A Índia prorrogou a isenção das taxas de importação de algodão por três meses, até o final de dezembro, segundo ordem do governo. A medida visa apoiar a indústria de vestuário local, que foi impactada pelas pesadas tarifas dos Estados Unidos.
As importações devem sustentar os preços globais do algodão, que já recuperaram perdas e subiram 0,2% após a ordem. No entanto, também devem reduzir a demanda por algodão local, pressionando os preços domésticos, segundo agentes do mercado.
Anteriormente, a Índia havia liberado a isenção de uma tarifa de 11% até setembro. Agora, a medida foi estendida até 31 de dezembro. Assim, as empresas têxteis terão mais tempo para importar o produto a custos menores.
O algodão importado deve vir principalmente da Austrália, Brasil, Estados Unidos e África, que têm excedentes disponíveis para exportação. Com a extensão da isenção, as importações podem alcançar recorde de 4,2 milhões de fardos este ano e devem continuar fortes no primeiro trimestre do próximo ano, segundo Atul Ganatra, presidente da Associação de Algodão da Índia.
A duplicação das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos indianos, incluindo vestuário e joias, entrou em vigor recentemente, atingindo até 50%. Os EUA representam o maior mercado da Índia para vestuário e joias, com quase US$22 bilhões em 2024. A Índia detém 5,8% desse mercado, atrás de China, Vietnã e Bangladesh.
A extensão da isenção permitirá que fábricas têxteis importem algodão mais barato, aliviando a pressão sobre a produção em meio à desaceleração da demanda nos EUA. Além disso, o custo de desembarque do algodão importado é cerca de 5% a 7% menor que o dos suprimentos locais, e a qualidade é superior.
Antes, a janela de importação até setembro era muito curta, e as fábricas não conseguiam receber o algodão a tempo, já que o transporte a partir dos países exportadores leva mais de um mês. Com a extensão, as empresas podem fazer pedidos maiores e planejar melhor a logística.
A maior parte das importações deve chegar no trimestre de dezembro, coincidindo com a entrada da safra local no mercado. Dessa forma, é provável que os preços domésticos sejam pressionados para baixo, afirmam comerciantes.