Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa analisa oferta, demanda e queda nas cotações do algodão
Mercado global do algodão acompanha expectativa pelo WASDE, avanço das exportações brasileiras e movimentos estratégicos de China, EUA e Austrália
Análises de mercado da Abrapa monitoram oferta, demanda e tendências globais que influenciam preços do algodão. Foto: Abrapa / Divulgação
O Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa de novembro destaca o WASDE, que será o primeiro relatório desde setembro. Após o shutdown iniciado em 1º de outubro, nenhuma atualização foi publicada. Assim, o mercado aguarda revisões de alta para as safras da China, do Brasil e dos Estados Unidos. Além disso, analistas observam possíveis sinais de melhora na atividade têxtil chinesa.
O boletim também ressalta que entidades do Brasil, dos EUA e da Austrália intensificam reuniões. O objetivo é fortalecer ações conjuntas de promoção internacional da fibra. Além disso, os três países atuam na iniciativa Make the Label Count, que combate desinformação sobre tecidos naturais na União Europeia.
Mercado internacional
O algodão recuou em Nova York. O contrato Dez/25 fechou a 62,90 U$c/lp. Já o contrato Dez/26 encerrou a 67,57 U$c/lp. Além disso, o basis médio do algodão brasileiro no Leste da Ásia ficou em 694 pontos para embarques entre dezembro e janeiro.
Fatores altistas
O WASDE pode indicar melhora no consumo global. Isso ocorre após meses de forte ritmo de embarques de Brasil e Austrália. Além disso, eventual redução no gap entre produção e consumo pode favorecer os preços.
Na China, o PMI têxtil voltou a subir em outubro e alcançou 52,66. Houve melhora nos subíndices e redução nos estoques de fios. Além disso, mais fiações operam acima de 90% da capacidade. A Beijing Cotton Outlook elevou a projeção de consumo para 8,45 milhões de toneladas. A produção deve atingir 7,42 milhões de toneladas. Desse modo, o país segue como grande importador. Os estoques nos portos chineses caíram para cerca de 300 mil toneladas, o que reforça a saída do produto para as fiações.
O Brasil exportou 295,6 mil toneladas em outubro. O volume representa recorde histórico para o mês. Além disso, o total embarcado entre agosto e outubro alcançou 556 mil toneladas.
Fatores baixistas
As cotações seguem pressionadas. O Índice A fechou em 74,95 U$c/lb, próximo do piso de cinco anos. Além disso, a rolagem do contrato Dez/25 e a necessidade de fixações on-call ampliaram a pressão. O mercado físico opera de forma cautelosa, com foco em pequenos lotes. No entanto, mesmo com a melhora do PMI, a China registrou queda forte nas exportações têxteis em outubro.
O WASDE pode confirmar aumento das safras na China, no Brasil e nos EUA. Esse movimento tende a limitar altas. Além disso, grandes volumes ainda aguardam fixação por produtores. Assim, qualquer reação positiva tende a ser absorvida rapidamente. A fibra de poliéster, cotada perto de 40 c/lb, continua competitiva. Desse modo, a mistura com algodão avança em vários mercados.
Panorama por países
Nos Estados Unidos, a colheita avança em ritmo mais lento do que no ano passado. No entanto, regiões como South Texas apresentam boa qualidade.
Na China, os futuros recuaram em Zhengzhou. Enquanto isso, o Índice CC permaneceu estável. Empresas chinesas fecharam novos acordos de compra durante a China International Import Expo.
No Paquistão, o mercado de fios segue fraco. Além disso, a produção nacional foi revisada para 1,2 milhão de toneladas, o que amplia a oferta. Em Bangladesh, os preços de fios caíram, mas o país continua como destino relevante para o algodão brasileiro. Na Índia, a CAI projeta safra 2% menor. No entanto, as importações devem aumentar devido à isenção temporária de tarifas. O Vietnã mantém exportações de fios acima das registradas em 2024. Além disso, a Turquia segue com forte ritmo de importações.
COP30
Na COP30, especialistas destacaram o papel do algodão natural. Além disso, o debate alertou para impactos ambientais das fibras sintéticas. O algodão brasileiro apareceu como alternativa sustentável em diferentes painéis.
Brasil: exportações, beneficiamento e plantio
O Brasil exportou 154,8 mil toneladas na primeira semana de novembro. Além disso, o beneficiamento da safra 2024/25 atingiu 73,87% no país. O plantio da safra 2025/26 começou no Paraná e em São Paulo.
O Boletim de Inteligência de Mercado Abrapa reforça que o setor monitora a relação entre oferta e demanda. Além disso, acompanha a competitividade entre fibras e o ritmo das compras globais.
