O Paraná já possui a sua Rota do Queijo. A iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) foi lançada nesta quinta-feira (09), na sede do instituto, em Curitiba. O objetivo é incentivar o turismo rural, tendo a produção de queijos como principal atrativo.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que a criação do roteiro é uma forma de valorizar o meio rural. ‘É a valorização do conhecimento acumulado, de bons produtos, do jeito de fabricar que vem da imigração e que as famílias continuam cultivando geração a geração”, disse.
Para o secretário, a produção artesanal ganha espaço num momento em que a sociedade busca produtos mais naturais, o grande apelo da Rota do Queijo Paranaense. Segundo Ortigara, os produtos que serão comercializados na rota têm garantia e certificação, porque são minimamente registrados em algum serviço de inspeção.
“De nossa parte, é uma tentativa de manter mais gente na cadeia do leite que, lamentavelmente, vem excluindo pessoas. A cadeia está ficando mais com médios e grandes produtores. Fazer produtos coloniais, a partir de uma fabricação própria de leite, ajuda a promover o ingresso de renda na propriedade, mantém essas famílias com alguma fonte adicional de renda”, reforçou.
O diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, destacou que a Rota do Queijo Paranaense é uma parceria exitosa envolvendo várias instituições, entre as quais o Sebrae, Senar-PR, Paraná Turismo, Universidades, Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), além do próprio IDR-Paraná.
“Nosso compromisso é levar mais renda ao meio rural e ajudar o Paraná a ter uma agricultura mais competitiva”, disse.
Para Claudemir Roos, presidente da Associação dos Produtores de Queijos do Sudoeste (Aprosud), a criação da Rota representa uma importante promoção das propriedades rurais. “É uma iniciativa que vem ao encontro da necessidade dos produtores e dos turistas, é uma forma de agregar valor ao campo e diminuir o êxodo rural porque dá possibilidade de gerar empregos nas agroindústrias”, afirmou.
Segundo ele, por algum tempo a produção de queijos coloniais foi desestimulada, em virtude das inúmeras exigências legais para as agroindústrias. “Mas houve um esforço coletivo do governo, da Seab e dos produtores para regulamentar as queijarias e hoje elas mal conseguem atender a demanda”, acrescentou.
A tradição de fazer queijos começou com os avós de Talita e hoje está nas mãos dos seus pais, Deleusa e Genécio Feuser, que vendem a produção na região. Para Talita, o turismo voltado ao conhecimento da produção de queijo se mostrou um caminho natural.
“Nós entregamos o queijo na cidade, porém as pessoas querem comprar na nossa propriedade, para ter contato com os animais e com a natureza. A rota é um incentivo imenso e também um jeito de conhecer outros produtores. É maravilhoso para nosso fortalecimento, para conseguirmos mais espaço para comercializar nosso queijo”, afirmou.
CARINHO – Há três anos a agroindústria de Carolina Baptista, de Palmeira, nos Campos Gerais, está no Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Da propriedade saem 30 quilos diários de queijo porungo, nozinho, queijos trançados, maturados com ou sem tempero. Mesmo tendo um produto de qualidade, Carolina viu o mercado ficar restrito aos consumidores do município. Daí a importância da Rota do Queijo Paranaense.
“Como nós ainda não temos o selo para vender fora do município, com a Rota a gente vai receber as pessoas na propriedade e aumentar as vendas”, comemorou a produtora. Carolina sempre conviveu com a produção de queijos, já que a família está na atividade desde 1939. “Entrei por tradição e amor”, disse.
Por algum tempo, a agroindústria ficou parada porque a família não conseguia a legalização. Depois que Carolina terminou a faculdade de Agronomia, já trabalhando com a produção de leite, ela tentou retomar a receita da família. “Com a ajuda do IDR-Paraná fizemos a queijaria e fomos tentando até chegar ao queijo que produzimos hoje”, afirmou.
Em novembro, ela ganhou mais motivos para acreditar que chegou a um produto de qualidade. O queijo que ela produziu foi medalha de prata no Concurso Internacional de Araxá-MG. “Estamos bem otimistas com a Rota do Queijo, esperamos receber pessoas de vários lugares para que elas levem um pouco do que a gente tem no coração, porque esse queijo é feito com muito carinho”, garantiu Carolina.
Confira os municípios que integram a Rota do Queijo:
Dois Vizinhos, Palmeira, Itapejara do Oeste, Francisco Beltrão, Toledo, Salgado Filho, Santo Antônio do Sudoeste, Guaraniaçu, Mercedes, Sulina, Nova Laranjeiras, Saudades do Iguaçu, Chopinzinho, Cianorte, Paranavaí, Santa Izabel do Oeste, Pinhal de São Bento, Pinhão, Palmas, Apucarana, Cantagalo, Lapa, e Piraquara.