Empresa mantém projeção de 620 Mt de cana para a safra, mas avalia efeitos de um cenário com menor disponibilidade
Os preços do açúcar bruto reagiram positivamente no fim da última semana, impulsionados pela divulgação dos números da primeira quinzena de maio da UNICA. Ainda assim, a Hedgepoint Global Markets avalia que o relatório trouxe sinais ambíguos e gerou incertezas sobre a real condição da safra 2024/25 no Centro-Sul.
A moagem atingiu 42,3 Mt na quinzena, superando a média dos últimos cinco anos, mas ainda abaixo do desempenho da temporada passada. O acumulado até o momento é de 76,7 Mt, frente aos 96,2 Mt no mesmo período do ano anterior — uma diferença de quase 20 Mt. Segundo Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, o atraso é explicado, em parte, pela perda de dias úteis em abril e pela antecipação do processamento de cana bisada da safra passada.
A estimativa da Hedgepoint para a safra total do Centro-Sul permanece em 620 Mt, sustentada por um bom Índice de Saúde da Vegetação. No entanto, a companhia não descarta revisões, caso a produtividade continue abaixo do esperado ou se houver deterioração das condições climáticas.
Em termos de qualidade, o ATR foi revisado para 140,5 kg/t, enquanto o mix de açúcar foi elevado para 51,2% — um recorde. A produção total de açúcar deve permanecer em torno de 42,5 Mt, permitindo exportações de até 33,6 Mt e manutenção de estoques equilibrados. Nessa configuração, o superávit nos fluxos comerciais entre o segundo trimestre de 2025 e o terceiro de 2026 seria de cerca de 3,7 Mt, o que, segundo a analista, limita uma recuperação expressiva dos preços.
A Hedgepoint também simulou um cenário com menor moagem: caso o volume de cana caia para 605 Mt, sem alterações no mix ou no ATR, haveria uma redução de cerca de 1 Mt na produção de açúcar. Esse ajuste diminuiria o superávit exportável na mesma proporção, o que poderia fortalecer contratos futuros, especialmente o de março de 2026. No entanto, os preços ainda ficariam abaixo dos picos registrados em 2022-2023, a menos que a perda de cana se aproxime de 45 Mt — ponto em que o mercado voltaria a operar com perspectiva de déficit.
A analista conclui que, diante da volatilidade, o momento exige cautela e atenção especial ao clima e à demanda no Hemisfério Norte. "Manter uma abordagem prudente é essencial para o gerenciamento eficaz de riscos", afirma Lívea Coda.