Paraná registra exportações recorde de suínos enquanto setor de leite enfrenta retração
Enquanto produtores de leite enfrentam queda nos preços, suinocultores comemoram recordes históricos na exportação
Exportações de carne suína do Paraná alcançaram 22,18 mil toneladas em outubro. Foto: Jaelson Lucas / AEN
O agronegócio paranaense apresenta contrastes marcantes, segundo o Boletim Conjuntural do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Enquanto os produtores de leite enfrentam queda nos preços, os suinocultores comemoram recordes históricos de exportação. Além disso, o levantamento analisa impactos climáticos recentes, o desempenho de setores como carne suína e cevada e a diversidade econômica da olericultura.
Impactos climáticos e desafios da soja
As fortes tempestades do início de novembro provocaram danos expressivos às lavouras de verão, sendo a soja a mais atingida. O Deral estima que cerca de 270 mil hectares sofreram algum tipo de dano. Entre eles, 80 mil hectares tiveram prejuízos severos e precisarão ser replantados, elevando os custos de produção. Além disso, outros 190 mil hectares devem registrar queda na produtividade. Consequentemente, as regiões mais afetadas foram Campo Mourão, Londrina e Maringá.
Cevada em alta e oportunidades para produtores
Em contrapartida, a cevada apresenta cenário favorável. A colheita avançou rapidamente, passando de 56% para 83% da área em apenas uma semana, especialmente em Entre Rios, Guarapuava. Apesar do excesso de umidade, a qualidade do produto se manteve. Além disso, contratos firmados em valores vantajosos e a boa produtividade devem garantir margens positivas aos produtores. Dessa forma, em fevereiro, a saca chegou a R$ 92,08, 29% acima do preço atual, assegurando alta rentabilidade.
Suínos em crescimento e diversidade na olericultura
O setor de suínos segue em forte expansão. Em outubro de 2025, o Paraná exportou 22,18 mil toneladas de carne suína, o segundo maior volume mensal desde 1997, crescimento de 7,9% frente ao mesmo mês de 2024. O recorde continua sendo setembro de 2025, com 25,18 mil toneladas. Além disso, as Filipinas lideram como principal destino pelo sexto mês consecutivo, com 5,39 mil toneladas, aumento de 61,6%. Outros mercados relevantes incluem Hong Kong, Uruguai, Argentina, Singapura, Vietnã, Geórgia, Emirados Árabes Unidos, Costa do Marfim e Angola. Com esse desempenho, o Paraná já superou o volume total exportado em 2024, estabelecendo novo recorde anual.
O leite atravessa um período de retração. Em outubro, o litro pago ao produtor ficou em média R$ 2,51, queda de 5,5% em relação a setembro e 12,5% em relação a 2024. Consequentemente, a relação de troca subiu para 24,4 litros de leite por saca de milho, pressionando a rentabilidade. Para o consumidor, porém, o preço do leite longa vida caiu 11% em 12 meses, sendo 4% apenas em outubro.
Diversidade e importância econômica
O boletim destaca ainda a olericultura, setor que reforça a diversidade produtiva do Estado. Em 2024, o Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu R$ 7,1 bilhões, representando 3,8% do total do agronegócio estadual. Foram cultivados 115,8 mil hectares, com 2,9 milhões de toneladas colhidas, concentradas em batata, tomate e mandioca “in natura”, responsáveis por quase metade da produção e da renda.
O Núcleo Regional de Curitiba segue como principal polo, com R$ 2,4 bilhões em VBP, seguido por Guarapuava (R$ 726,6 milhões), Ponta Grossa (R$ 489,1 milhões), Apucarana (R$ 420,3 milhões) e Jacarezinho (R$ 415,6 milhões). A diversidade é marcante: em Curitiba são cultivadas 48 espécies, incluindo couve-flor, batata, mandioca, alface e brócolis.
Além disso, em Guarapuava, a batata representa 67% da renda regional, enquanto em Ponta Grossa, tomate e batata respondem por 71,6% do VBP. Já em Apucarana e Jacarezinho, cenoura, tomate, pimentão e pepino são os principais produtos.
Novos horizontes para o agronegócio paranaense
Além dos dados já mencionados, o boletim reforça que o equilíbrio entre setores em crescimento e retração demonstra a resiliência do agronegócio estadual. Dessa forma, com planejamento e investimentos adequados, os produtores podem aproveitar oportunidades, garantindo sustentabilidade e crescimento para os próximos anos.
