Nesta safra 2023/24, a intensidade do fenômeno climático El Niño, que de maneira geral traz chuvas volumosas para o Sul e seca e altas temperaturas para o Brasil Central, vem castigando lavouras, reduzindo estimativas de safra, o que acarretará em impactos na oferta, renda do produtor e preços ao consumidor. Em se tratando da soja, principal cultura do ciclo verão, perdas já estão sendo calculadas. No Mato Grosso, por exemplo, principal estado produtor da oleaginosa, cerca de 5% da área precisou ser replantada, devido aos impactos da estiagem.
Na última sexta-feira (12), o
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) reduziu de 161 milhões de toneladas para 157 milhões a estimativa para safra brasileira de soja. Caso este montante seja confirmado, significará recuo de 2% na comparação com a temporada passada.
No dia anterior, a
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortou em 4,2% sua projeção - inicialmente de 162 milhões de toneladas - para uma produção de 155,3 milhões da oleaginosa neste ciclo 2023/24.
“As próximas semanas devem definir o tamanho da quebra na safra de soja”, diz o meteorologista e diretor da ignitia Inteligência Climática, João Rodrigo de Castro. “As próximas semanas serão cruciais para a definição do tamanho da quebra na safra brasileira de soja e por isso é importante termos uma visão de médio prazo. Os modelos indicam uma tendência de manutenção das condições de umidade, sendo esperados bons volumes de chuva para a sequência do mês de janeiro e também para o mês de fevereiro”, afirma o especialista.
Segundo Castro, essa tendência climática deve garantir melhores condições de umidade para as lavouras, permitindo uma redução das perdas e também boas condições de umidade para o plantio da segunda safra nas regiões onde a colheita da soja já está em andamento.
Levantamento feito pela ignitia Inteligência Climática aponta que os últimos dias foram marcados por chuvas recorrentes especialmente no Centro-Oeste e Norte, com volumes acumulados e expressivos em importantes regiões de produção agrícola como, por exemplo, em Minas Gerais, Sul do Tocantins, Mato Grosso e também no Oeste da Bahia.
Essa chuva, ressalta Castro, é resultado da combinação de diferentes sistemas meteorológicos que formaram o corredor de umidade conhecido como ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), que é o principal fator que modula a estação chuvosa nessas regiões. “É fato que lavouras de soja em final de ciclo podem ser beneficiadas com essas chuvas recentes, o que pode ajudar a diminuir as perdas esperadas para esta temporada."
Para as próximas semanas, há regiões com volumes semanais de chuva bastante elevados, como é o caso de Sinop e Rondonópolis, no Mato Grosso, o que deve contribuir para um índice mensal muito próximo da média para essas regiões. Por outro lado, as regiões de Cascavel e Maringá, no Paraná, que já tiveram a primeira semana de janeiro seca, tendem a ter volumes de precipitação mais reduzidos nas próximas.