HOME | Destaques | Sementes

Pesquisa fortalece uso de sementes nativas na restauração ambiental

Parceria entre Embrapa e Morfo Brasil busca aprimorar a qualidade de sementes florestais para acelerar a recuperação de áreas degradadas na Mata Atlântica, no Cerrado e na Amazônia

Pesquisa fortalece uso de sementes nativas na restauração ambiental

Estudo avalia sementes de espécies nativas para ampliar a eficiência da restauração de áreas degradadas nos biomas brasileiros. Foto: Juliana Freire / Divulgação

640
Foto do autor Redação RuralNews
14/12/2025 |

A Embrapa e a startup de restauração ambiental Morfo Brasil firmaram uma parceria de pesquisa para definir protocolos de manejo de sementes florestais. O insumo é estratégico para o compromisso do Brasil de restaurar 12,5 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. O estudo vai analisar sementes de espécies nativas da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia, com foco na técnica de semeadura direta, voltada à recuperação ambiental em larga escala.

Segundo a diretora científica da Morfo Brasil, Emira Cherif, o uso racional das sementes é essencial para acelerar a restauração dos biomas. Além disso, a pesquisa busca ampliar o conhecimento sobre espécies nativas com potencial para recuperação de áreas degradadas, garantindo maior eficiência no uso dos recursos naturais.

Publicidade
Banner publicitário

Pesquisa amplia qualidade e eficiência das sementes

Com duração prevista de dois anos, o estudo pode impulsionar a produção de sementes de maior qualidade e elevar a produtividade dos projetos de restauração. De acordo com a pesquisadora Juliana Müller Freire, da Embrapa Agrobiologia, o projeto permite identificar lacunas de conhecimento e avançar na tecnologia de sementes florestais nativas.

No entanto, trabalhar com sementes florestais impõe desafios. A grande diversidade de espécies e o desconhecimento sobre o comportamento da maioria delas dificultam o processo. Além disso, a obtenção de sementes em grande quantidade e o beneficiamento ainda exigem muito trabalho manual. Nesse contexto, a parceria com a Morfo Brasil facilita o acesso a sementes já coletadas e limpas, prontas para análise científica.

Para conduzir as pesquisas, a Morfo enviará mensalmente à Embrapa lotes de sementes coletadas nos três biomas. Os técnicos avaliarão critérios como peso de mil sementes, germinação, pureza e teor de água. Paralelamente, a equipe revisará estudos existentes para definir as melhores formas de secagem, armazenamento e superação de dormência.

Apesar dos avanços, a ausência de publicações sobre várias espécies ainda limita o desenvolvimento de protocolos. Algumas plantas, como a mamica-de-porca, já contam com estudos, mas seguem apresentando baixa germinação. Além disso, a variabilidade genética exige amostragens maiores para reduzir distorções nos resultados.

Qualidade das sementes reduz custos da restauração

A escassez de sementes de qualidade representa um dos principais gargalos para o cumprimento das metas brasileiras. Um estudo da Universidade de Sidney aponta que a restauração pode demandar entre 3,6 mil e 15,6 mil toneladas de sementes, dependendo da qualidade dos lotes.

Em cenários ideais, sementes de alta qualidade reduzem a necessidade quase cinco vezes. Com isso, os custos caem e os projetos se tornam mais viáveis. Segundo Freire, a semeadura direta exige cerca de 37 quilos de sementes de baixa qualidade por hectare. Já com sementes de alto desempenho, bastam 17 quilos por hectare.

No laboratório, as sementes passam por avaliações físicas e fisiológicas, conforme as Regras de Análise de Sementes do Mapa. Alta germinação, vigor elevado e pureza do lote definem a qualidade do material. Além disso, a origem genética das matrizes precisa ser compatível com o local de plantio.

Cadeia de sementes envolve comunidades locais

A produção de sementes florestais depende, em grande parte, de redes comunitárias de coletores. Agricultores familiares, comunidades tradicionais e povos indígenas desempenham papel essencial nesse processo. No entanto, essas redes enfrentam desafios técnicos, logísticos e regulatórios.

O avanço da pesquisa pode beneficiar diretamente essas comunidades. Com mais conhecimento sobre armazenamento e viabilidade das sementes, os coletores conseguem planejar melhor a comercialização. Além disso, o setor ainda enfrenta entraves regulatórios, já que o atual marco legal não contempla plenamente as especificidades das sementes florestais nativas.

Estudos indicam que incentivos governamentais, adaptação das normas, investimento em pesquisa e maior participação comunitária são fundamentais para ampliar a oferta de sementes em larga escala. Dessa forma, a cadeia produtiva ganha eficiência e visibilidade.

Compromisso brasileiro com a restauração ambiental

A meta de restaurar 12,5 milhões de hectares até 2030 reflete compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, como o Desafio de Bonn e a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). Ambos integram os esforços globais para combater as mudanças climáticas e reduzir a degradação ambiental.

Nesse cenário, a parceria entre Embrapa e Morfo Brasil une ciência, inovação e tecnologia. Enquanto a Embrapa contribui com conhecimento técnico acumulado, a Morfo investe em inteligência artificial e soluções escaláveis. Juntas, as instituições fortalecem a base científica necessária para tornar a restauração ambiental mais eficiente, acessível e sustentável.

...
Editor RuralNews
Vamos deixar essa matéria mais interessante com seu ponto de vista? Faça um comentário e enriqueça esse conteúdo...

TAGS: #Pesquisa # Sementes nativas
# Restauração Ambiental # Embrapa # Sementes florestais # Áreas degradadas
Publicidade
Banner publicitário