Preço do leite mantém patamar baixo e amplia crise do setor
Valor de referência de outubro tem queda projetada de 4,26% em relação a setembro
Queda no preço do leite no RS preocupa produtores e reforça a crise do setor lácteo. Foto: Gerson Raugust / Divulgação Sistema Farsul
O valor de referência do leite projetado para outubro de 2025 no Rio Grande do Sul é de R$ 2,2163 o litro, segundo o Conseleite/RS. O dado, apresentado em reunião realizada na sede da Farsul, indica redução de 4,26% em relação ao projetado de setembro. Além disso, o valor consolidado do mês anterior fechou a R$ 2,3235 por litro, queda de 2,62% em relação a agosto, quando o indexador era de R$ 2,3861.
Setor enfrenta dificuldades com importações
Produtores e indústrias discutiram os desafios da cadeia leiteira durante o encontro. Entre as principais preocupações está a balança comercial, que segue desfavorável ao setor. O Brasil continua sendo fortemente impactado por importações de produtos lácteos, enquanto, ao mesmo tempo, enfrenta dificuldades para exportar.
“É um assunto que preocupa e precisamos nos unir para buscar alternativas. A relação entre compras e vendas internacionais de produtos lácteos é o caminho da estabilidade interna que a cadeia leiteira tanto espera”, destacou o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini.
Queda de preços e crise prolongada
O coordenador adjunto do Conseleite/RS e representante da Farsul, Allan Tormen, reforçou a preocupação dos produtores. Segundo ele, o leite UHT e o queijo muçarela — que representam grande parte da produção estadual — registraram forte queda de preços. O leite UHT, por exemplo, caiu 8,29% em relação a setembro.
Tormen, que também preside o Sindicato Rural de Erechim, apontou dois fatores principais para a retração: o aumento sazonal na produção e a entrada de leite importado do Mercosul, que continua pressionando o mercado. “O mercado é soberano, e a oferta maior gera essa pressão para baixo. Solicitamos ao Ministério do Desenvolvimento e Indústria de Comércio celeridade no pedido de antidumping”, afirmou.
Além disso, ele lembrou que o governo considerou a produção nacional como leite fluído e a importação como leite em pó, o que, portanto, não caracterizaria concorrência direta. “A CNA trabalha para reverter essa interpretação e reduzir o impacto sobre os preços. No entanto, a oferta deve continuar alta até março, o que prolonga a crise”, avaliou.
O presidente da CNA, João Martins, também expressou preocupação. Ele classificou a situação como uma “crise profunda e injusta”, causada pela importação desleal de leite em pó. “Isso significa perda de renda no campo, propriedades ameaçadas e risco real de o Brasil perder sua base produtiva de leite”, afirmou.
Por fim, Martins ressaltou que a CNA atua na defesa dos produtores e cobrou do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin medidas contra a prática desleal de comércio. “Precisamos proteger os produtores de leite do nosso país”, concluiu.
