Sistema FAEP critica juros altos e alerta para risco de travamento do crédito no Plano Safra 2025/26
Para a entidade, taxas elevadas e falta de recursos para equalização dificultam acesso dos produtores às linhas de financiamento
Sistema FAEP alerta para juros elevados e risco de falta de recursos para financiar o agro. Foto: Sistema FAEP / Divulgação
O Sistema FAEP manifestou preocupação com os juros e os recursos previstos no Plano Safra 2025/26, lançado nesta terça-feira (1º) pelo Governo Federal. Segundo a entidade, as taxas de financiamento rural foram elevadas em 1,5 a 2 pontos percentuais em relação à temporada anterior, variando agora entre 8,5% e 14% ao ano — acima do patamar sugerido pelas entidades paranaenses, que pediam índices entre 7% e 11%.
“Mais uma vez, o setor produtivo e as entidades que representam os produtores rurais não foram ouvidas. A inviabilidade deste canal por parte do governo federal tem dificultado o planejamento da agropecuária”, afirma o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. Ele aponta que os produtores já enfrentam desafios com altos custos de produção e incertezas em áreas como o seguro rural, que ficou fora do novo plano.
Outro ponto crítico destacado pelo Sistema FAEP é a insuficiência dos recursos para equalização — que cobrem a diferença entre os juros de mercado e as taxas oferecidas pelo Plano Safra. O valor ainda não foi oficialmente divulgado, mas a Lei Orçamentária de 2025 prevê R$ 14 bilhões para essa finalidade, enquanto as entidades do Paraná defendem ao menos R$ 25 bilhões.“Sem equalização suficiente, os bancos não conseguem operar as linhas de crédito, e o financiamento simplesmente não sai. Isso aconteceu na safra passada, e pode se repetir”, alerta Meneguette.
Apesar disso, o volume total anunciado se aproxima da reivindicação do setor agropecuário paranaense. O Plano Safra 2025/26 prevê R$ 516,2 bilhões para médios e grandes produtores, além de R$ 78,2 bilhões para a agricultura familiar — totalizando R$ 594,4 bilhões. O valor solicitado pelas entidades era de R$ 597 bilhões.
Do total, R$ 414,7 bilhões serão destinados a custeio e comercialização — 3,3% acima da safra passada, mas ainda abaixo dos R$ 417 bilhões pleiteados pelas entidades. O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) contará com R$ 69,1 bilhões e taxa de juros de 10% ao ano. O limite de renda anual para enquadramento no programa subiu para R$ 3,3 milhões. Mesmo assim, o volume ainda fica aquém dos R$ 72 bilhões solicitados pelo Paraná.
No caso das linhas de investimento, o governo anunciou R$ 101,1 bilhões — redução de 5,4% em relação ao ciclo anterior. A expectativa do Sistema FAEP era de um aporte de R$ 180 bilhões.“Os cortes precisam ocorrer na máquina inchada do governo federal, e não em recursos voltados para o setor que segura a economia do país”, critica Meneguette.
O Plano Safra manteve a política de incentivo à sustentabilidade, com a prorrogação, até junho de 2026, do desconto de 0,5 ponto percentual nas taxas de juros para produtores que adotarem práticas sustentáveis no crédito rural de custeio.
