Identificação animal trará mais competitividade, valorização da carne brasileira e acesso a mercados exigentes
A rastreabilidade de bovinos e búfalos no Brasil entra em uma nova fase com a implantação do Plano Nacional de Identificação Individual (PNIB), cuja adoção ocorrerá de forma progressiva até 2032.
O tema foi debatido durante a Dinapec 2025, em reunião promovida pela Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com a presença de representantes da Famasul e de outras federações, além de especialistas do setor.
A iniciativa busca atender às crescentes exigências globais por maior transparência na produção de carne. Francisco de Castro, presidente da comissão, destaca que a rastreabilidade reforça o controle sanitário e a segurança alimentar, agregando valor ao produto brasileiro no mercado internacional.
“O período até 2026 será de transição e ajustes, preparando os pecuaristas para um sistema moderno e eficiente. Essa é uma oportunidade para melhorar a qualidade e a competitividade da carne nacional”, afirma.
O projeto, anunciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), permitirá monitorar detalhadamente a movimentação e a sanidade dos rebanhos por meio de um sistema informatizado. Em Mato Grosso do Sul, a medida ganha ainda mais relevância, já que o estado se prepara para a certificação como zona livre de febre aftosa sem vacinação, prevista para maio de 2025.
Segundo Mariana Urt, diretora-técnica da Famasul, a rastreabilidade será essencial para garantir essa certificação e posicionar o Brasil como referência global em sanidade e sustentabilidade. “Esse controle mais rigoroso dos animais reduz riscos sanitários e amplia o valor da carne sul-mato-grossense no mercado externo”, ressalta.
Embora a adoção do sistema demande investimentos, como brincos eletrônicos e softwares de gestão, Rafael Gratão, presidente da Novilho Precoce MS e vice-presidente da comissão, acredita que a modernização da pecuária compensará os custos.
“Em sete anos, a rastreabilidade será obrigatória. Quem se adiantar nessa adequação sairá na frente, com maior valor de mercado e segurança para os consumidores”, aponta.
O cronograma de implantação prevê que até 2026 será criada a base nacional de dados. Entre 2027 e 2029, começa a identificação individual dos bovinos e búfalos, com previsão de que todo o rebanho esteja regularizado até 2032.
Outros dois temas também estiveram em pauta no encontro. Um deles foi a nova regulamentação da União Europeia sobre antimicrobianos, que impõe restrições mais severas ao uso desses medicamentos em animais destinados à exportação, aumentando a necessidade de adequação dos pecuaristas brasileiros.
Além disso, foi discutida a investigação conduzida pelo Ministério do Comércio da China sobre a importação de carne bovina brasileira. O país avalia possíveis impactos da entrada de grandes volumes do produto no mercado interno e pode adotar medidas restritivas, como tarifas adicionais ou cotas. A CNA acompanha de perto o caso para defender os interesses da pecuária nacional e garantir a manutenção desse importante mercado.