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A falta de mão de obra qualificada, dificuldades em relação à sucessão rural, baixo preço pago ao agricultor, custo de produção alto e importação de lácteos dos países do Mercosul são algumas das causas da crise enfrentada pela cadeia leiteira do Rio Grande do Sul. O Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, elaborado pela Emater-RS/Ascar em 2023, aponta que o número de produtores de leite vinculados à indústria passou de 40.182 em 2021, para 33.019 em 2023, uma redução de cerca de 18%.
O número fica ainda mais expressivo quando comparado ao primeiro ano de realização do diagnóstico (2015), que indicava a existência de 84.199 estabelecimentos, o que corresponde a uma redução de 60,78% em oito anos. Em contrapartida, a produção anual de leite caiu de aproximadamente 4,2 bilhões de litros por ano para cerca de 3,9 bilhões de litros no mesmo período, uma queda próxima de 9%.“A saída de agricultores da atividade é preocupante. Mas esses números evidenciam que o produtor que permanece na atividade tem se empenhado em trabalhar de forma a qualificar seus indicadores”, ressaltou o assistente técnico estadual de Bovinos de Leite da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, que nesta semana participou da primeira edição do Seminário Pecuária de Leite do Rio Grande do Sul, realizado durante a Expoagro Afubra, de Rio Pardo (RS).Ries trabalhou nestes levantamentos desde o início e busca analisar aquilo que os números apresentam. “Sim, já sabemos da questão do preço, mas estamos olhando para os custos de produção?”, questionou, lembrando que se os números não fecham e há que se refazer essa conta. O extensionista não ignora os cenários políticos e sociais, bem como as complexidades que envolvem a economia e seus fatores globais, sejam eles o preço do dólar ou mesmo dados de importação ou exportação. “Mas precisamos estar atentos para que, de forma planejada, possamos pensar em futuro”, ponderou.O extensionista da Emater/RS-Ascar Diego Barden dos Santos lembra que o levantamento mostrou que houve uma redução no rebanho leiteiro de cerca de 400 mil animais, enquanto a produtividade cresceu em 4,58 litros de leite por dia, saindo de 11,76 para 16,34 por animal no RS. “E uma análise mais apurada dos dados, levando-se em conta a realidade de cada propriedade, bem como o clima, o tipo de terreno, a área de pastagens, a genética, pode fazer com que melhore essa eficiência”, avaliou Barden.Para o extensionista, cada caso é um caso. No Estado há propriedades que produzem 138 litros de leite por dia, contra outras que produzem mais de 30 mil litros de leite no mesmo período. “E o que explica isso?”, questiona Barden. Outros dados, como vacas por pessoa na propriedade leiteira, litros de leite por pessoa por ano, vacas leiteiras por hectare e litros de leite produzidos por hectare ao ano, podem contribuir para que essa equação feche. “O objetivo maior é fazer o produtor olhar pro seu negócio, utilizando as ferramentas de forma adequada para que ele evolua, encarando cada experiência de forma individual”, concluiu.
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Cadeia leiteira gaúcha enfrenta sua maior crise
Seundo relatório da Emater/RS, o número de produtores de leite vinculados à indústria passou de 40.182 em 2021, para 33.019 em 2023, uma redução de cerca de 18%
Publicado em 21/03/2024 | 19:27:00
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O número fica ainda mais expressivo quando comparado ao primeiro ano de realização do diagnóstico (2015), que indicava a existência de 84.199 estabelecimentos, o que corresponde a uma redução de 60,78% em oito anos. Em contrapartida, a produção anual de leite caiu de aproximadamente 4,2 bilhões de litros por ano para cerca de 3,9 bilhões de litros no mesmo período, uma queda próxima de 9%.“A saída de agricultores da atividade é preocupante. Mas esses números evidenciam que o produtor que permanece na atividade tem se empenhado em trabalhar de forma a qualificar seus indicadores”, ressaltou o assistente técnico estadual de Bovinos de Leite da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, que nesta semana participou da primeira edição do Seminário Pecuária de Leite do Rio Grande do Sul, realizado durante a Expoagro Afubra, de Rio Pardo (RS).Ries trabalhou nestes levantamentos desde o início e busca analisar aquilo que os números apresentam. “Sim, já sabemos da questão do preço, mas estamos olhando para os custos de produção?”, questionou, lembrando que se os números não fecham e há que se refazer essa conta. O extensionista não ignora os cenários políticos e sociais, bem como as complexidades que envolvem a economia e seus fatores globais, sejam eles o preço do dólar ou mesmo dados de importação ou exportação. “Mas precisamos estar atentos para que, de forma planejada, possamos pensar em futuro”, ponderou.O extensionista da Emater/RS-Ascar Diego Barden dos Santos lembra que o levantamento mostrou que houve uma redução no rebanho leiteiro de cerca de 400 mil animais, enquanto a produtividade cresceu em 4,58 litros de leite por dia, saindo de 11,76 para 16,34 por animal no RS. “E uma análise mais apurada dos dados, levando-se em conta a realidade de cada propriedade, bem como o clima, o tipo de terreno, a área de pastagens, a genética, pode fazer com que melhore essa eficiência”, avaliou Barden.Para o extensionista, cada caso é um caso. No Estado há propriedades que produzem 138 litros de leite por dia, contra outras que produzem mais de 30 mil litros de leite no mesmo período. “E o que explica isso?”, questiona Barden. Outros dados, como vacas por pessoa na propriedade leiteira, litros de leite por pessoa por ano, vacas leiteiras por hectare e litros de leite produzidos por hectare ao ano, podem contribuir para que essa equação feche. “O objetivo maior é fazer o produtor olhar pro seu negócio, utilizando as ferramentas de forma adequada para que ele evolua, encarando cada experiência de forma individual”, concluiu.
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