Cadeia leiteira gaúcha enfrenta sua maior crise

Seundo relatório da Emater/RS, o número de produtores de leite vinculados à indústria passou de 40.182 em 2021, para 33.019 em 2023, uma redução de cerca de 18%
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Publicado em 21/03/2024

A falta de mão de obra qualificada, dificuldades em relação à sucessão rural, baixo preço pago ao agricultor, custo de produção alto e importação de lácteos dos países do Mercosul são algumas das causas da crise enfrentada pela cadeia leiteira do Rio Grande do Sul. O Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite, elaborado pela Emater-RS/Ascar em 2023, aponta que o número de produtores de leite vinculados à indústria passou de 40.182 em 2021, para 33.019 em 2023, uma redução de cerca de 18%.

O número fica ainda mais expressivo quando comparado ao primeiro ano de realização do diagnóstico (2015), que indicava a existência de 84.199 estabelecimentos, o que corresponde a uma redução de 60,78% em oito anos. Em contrapartida, a produção anual de leite caiu de aproximadamente 4,2 bilhões de litros por ano para cerca de 3,9 bilhões de litros no mesmo período, uma queda próxima de 9%.“A saída de agricultores da atividade é preocupante. Mas esses números evidenciam que o produtor que permanece na atividade tem se empenhado em trabalhar de forma a qualificar seus indicadores”, ressaltou o assistente técnico estadual de Bovinos de Leite da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, que nesta semana participou da primeira edição do Seminário Pecuária de Leite do Rio Grande do Sul, realizado durante a Expoagro Afubra, de Rio Pardo (RS).Ries trabalhou nestes levantamentos desde o início e busca analisar aquilo que os números apresentam. “Sim, já sabemos da questão do preço, mas estamos olhando para os custos de produção?”, questionou, lembrando que se os números não fecham e há que se refazer essa conta. O extensionista não ignora os cenários políticos e sociais, bem como as complexidades que envolvem a economia e seus fatores globais, sejam eles o preço do dólar ou mesmo dados de importação ou exportação. “Mas precisamos estar atentos para que, de forma planejada, possamos pensar em futuro”, ponderou.O extensionista da Emater/RS-Ascar Diego Barden dos Santos lembra que o levantamento mostrou que houve uma redução no rebanho leiteiro de cerca de 400 mil animais, enquanto a produtividade cresceu em 4,58 litros de leite por dia, saindo de 11,76 para 16,34 por animal no RS. “E uma análise mais apurada dos dados, levando-se em conta a realidade de cada propriedade, bem como o clima, o tipo de terreno, a área de pastagens, a genética, pode fazer com que melhore essa eficiência”, avaliou Barden.Para o extensionista, cada caso é um caso. No Estado há propriedades que produzem 138 litros de leite por dia, contra outras que produzem mais de 30 mil litros de leite no mesmo período. “E o que explica isso?”, questiona Barden. Outros dados, como vacas por pessoa na propriedade leiteira, litros de leite por pessoa por ano, vacas leiteiras por hectare e litros de leite produzidos por hectare ao ano, podem contribuir para que essa equação feche. “O objetivo maior é fazer o produtor olhar pro seu negócio, utilizando as ferramentas de forma adequada para que ele evolua, encarando cada experiência de forma individual”, concluiu.
Pesquisa feita em 2015 mostrou que número de produtores caiu de 84.199 em 2021 para 33.109 em 2023, queda de 60,8%
Pesquisa feita em 2015 mostrou que número de produtores caiu de 84.199 em 2021 para 33.109 em 2023, queda de 60,8%
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