EUA retiram tarifaço e zeram sobretaxas sobre produtos agrícolas do Brasil
Decisão do governo Donald Trump elimina cobranças extras sobre café, carne, frutas e outros itens brasileiros
Exportações brasileiras para os EUA ganham fôlego após fim das sobretaxas impostas no tarifaço. Foto: Canva
O governo dos Estados Unidos encerrou o tarifaço sobre produtos agrícolas brasileiros, decisão anunciada pelo presidente Donald Trump nesta quinta-feira (20/11). A medida beneficia itens como café, carne bovina, frutas, castanhas e petróleo, que integram as principais exportações do Brasil para o mercado norte-americano. Além disso, o governo norte-americano reforçou que a remoção das tarifas segue diretrizes comerciais mais amplas adotadas no mês.
Segundo a Casa Branca, a decisão acompanha o decreto global de 14 de novembro, que removeu tarifas “recíprocas” aplicadas a vários produtos importados pelos EUA a partir do dia 13. Assim, o Brasil deixou de pagar a alíquota adicional de 10% já na semana passada. As sobretaxas de 50% impostas durante o tarifaço também foram zeradas. Por consequência, empresas que pagaram valores após a data estabelecida terão direito a reembolso.
Fim do tarifaço reverte decreto que citava ‘emergência nacional’
A retirada das cobranças desmonta o decreto de 30 de julho, no qual Trump alegava “emergência nacional” por causa de políticas e ações “incomuns” e “extraordinárias” do governo brasileiro. Na época, o republicano afirmou que tais ações prejudicavam empresas dos EUA, a liberdade de expressão dos cidadãos e a política externa norte-americana.
Agora, o governo dos EUA atribui o recuo às “recomendações adicionais” da equipe técnica, ao avanço das negociações com o Brasil e à demanda interna por maior fluidez comercial. Desse modo, Washington afirma que as condições mudaram desde a justificativa inicial do tarifaço.
Conversa entre Trump e Lula destravou a negociação
Trump destacou, em comunicado oficial, que conversou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 6 de outubro. Na ligação, os dois líderes concordaram em avançar nas negociações sobre as tarifas. A partir disso, as equipes técnicas dos dois países intensificaram as tratativas para reduzir tensões comerciais. Enquanto isso, setores exportadores brasileiros aguardavam um sinal positivo para retomar previsões de embarques.
Lula comemorou o anúncio e afirmou que a decisão é “uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”. O presidente disse ainda que quer visitar os Estados Unidos para aprofundar a discussão com Trump. Segundo ele, a normalização comercial permitirá reduzir ruídos políticos.
“Ele está convidado para vir ao Brasil quando quiser. E eu espero ser convidado para ir a Washington para zerar qualquer celeuma comercial e política”, afirmou Lula.
Brasília espera acordo setorial em até 90 dias
O governo brasileiro vinha pressionando por alívio nas tarifas para permitir o avanço das negociações de um acordo comercial por setores econômicos. Por isso, a retirada das sobretaxas foi considerada essencial. O processo deve durar entre 60 e 90 dias. Depois disso, Brasil e EUA devem anunciar os novos termos do comércio bilateral.
Assim, o fim das cobranças abre caminho para uma agenda comercial mais previsível. Além disso, a reversão reduz custos logísticos e melhora o ambiente para exportadores brasileiros, especialmente do agronegócio. Nesse contexto, o governo acredita que o país pode ampliar sua competitividade no mercado americano.
