Os papéis ligados às commodities agrícolas fecharam em forte alta na sessão do Ibovespa desta segunda-feira (10) com o acirramento da guerra da Ucrânia. As quatro maiores alta dos Ibovespa são de papéis do agronegócio: a SLC (SLCE3D) 6.05%; São Martinho (SMTO3) 5.53%; JBS (JBSS3) 4.82%; e a BRF (BRFS3) 5.13%.
Nas bolsas de grãos, trigo e soja dispararam. A explosão em ponte estratégica que ligava a Crimeia a Rússia no fim de semana e a retaliação de Putin com ataque em Kiev podem sugerir ao mercado uma cautela maior em relação aos desdobramentos da guerra, o que jogaria preços das commodities para cima, explica o analista Leandro Petrokas, da Quantzed. Além disso, Estados Unidos e Europa passam por um surto de gripe aviária.
“É esperada uma menor oferta de frango, o que também puxa a carne bovina para cima. Então, vemos reação de BRF (BRFS3) hoje, mais relacionada a frango, e Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3) mais relacionada à carne suína”, coloca o analista.
É hora de comprar?
Para o JPMorgan, a BRF, por exemplo, já caiu demais. O banco elevou a recomendação deenbsp; ‘underweight’ a ‘neutra’, citando melhora de preços dos produtos da empresa, redução de custos com milho e avaliação mais razoável do papel. “Estamos elevando BRF a neutra após a ação performar cerca de 19% pior do que o Ibovespa nos últimos 30 dias, antes do que esperamos seja um bom segundo semestre”, escreveram Lucas Ferreira e equipe em relatório a clientes.
Nas últimas semanas, o Itaú BBA aumentou o preço-alvo da Minerva de R$ 16 para R$ 20. A recomendação é de compra. A avaliação incorporou resultados “acima do esperado em 2022”, além de uma melhora do cenário do ciclo do gado brasileiro, o que deve aumentar a rentabilidade nos mercados interno e externo.
De acordo com a XP, a JBS é a favorita do setor de frigoríficos. “Apesar de o setor estar cada vez menos homogêneo, os frigoríficos brasileiros estão bastante descontados, tanto do ponto de vista dos fundamentos, embora por razões diferentes para cada empresa, mas também do lado de valuation“, afirmam os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca. Mesmo com a alta de hoje, a Ativa não recomenda a compra da SLC Agrícola.
Apesar de gostar da tese e enxergar a SLC se beneficiando da expansão de produção e dos contratos com preços travados de commodities agrícolas, dois principais riscos levam analistas a adotar uma postura mais cautelosa:
- Possível recessão global impactando preços do algodão; e
- Risco de normalização de margens nas próximas safras.