Impactos das tarifas dos EUA no mercado de café afetam exportações brasileiras e fortalecem o consumo de Robusta
A Hedgepoint Global Markets analisou os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro. O relatório destaca mudanças no comércio internacional, nos preços e no comportamento dos consumidores. Além disso, as medidas repercutem na economia americana, ampliando a inflação e influenciando cortes de juros pelo Federal Reserve.
No Brasil, a projeção da empresa para a safra de Conilon subiu em setembro para 27 milhões de sacas, aumento de 30% sobre o ciclo anterior. No entanto, o maior consumo interno deve limitar as exportações. Para o Arábica, a produção deve cair 13,3% em relação a 24/25, o que tende a reduzir as vendas externas.
Segundo a Hedgepoint, os preços elevados também pressionam a demanda. Enquanto o consumo de Arábica recua, a procura por Robusta cresce em diferentes regiões do mundo, favorecida pelos níveis de arbitragem.
Nos Estados Unidos, as tarifas aumentaram a pressão inflacionária. Esse cenário levou o Fed a cortar a taxa de juros de referência para 4% a 4,25% ao ano. Por outro lado, autoridades já indicaram a possibilidade de novos cortes ainda em 2025. O movimento enfraqueceu o dólar e ampliou o diferencial de juros em relação ao Brasil.
A analista Laleska Moda explicou que, embora o café represente uma pequena parte da renda das famílias, os preços mais altos podem provocar queda no consumo ou mudanças de hábito. Dados do Cecafé mostraram que as exportações brasileiras para os EUA caíram 46% em agosto. Enquanto isso, países como Colômbia, América Central e México devem ampliar sua participação, embora de forma limitada pela entressafra.
Na Europa, as importações líquidas se mantêm estáveis por enquanto. Porém, os dados de setembro já indicam desaceleração. No Japão, as compras seguem abaixo da média, mesmo com estoques baixos. No Vietnã, a colheita de 25/26 deve começar no fim de outubro, com estimativa inalterada em 29,4 milhões de sacas.
Diante desse cenário, a Hedgepoint projeta estoques finais sob pressão. Além disso, os custos elevados e a volatilidade mantêm os preços sensíveis a mudanças nas perspectivas. Por outro lado, o Robusta segue em vantagem, ganhando espaço na demanda global.