O encontro foi moderado pela assessora técnica da CNA, Raquel Miranda, e teve como debatedores o vice-presidente da Comissão Nacional do Café da CNA, Thiago Orletti; a diretora executiva das fazendas Caxambu e Aracaçu, Carmem Lucia Brito; e o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Glauco Bertoldo.
De acordo com Raquel, além do Brasil ser o maior produtor mundial de café – responsável por 35% da produção – e o segundo mercado consumidor do planeta, a cafeicultura brasileira vem provando o seu potencial na qualidade e sustentabilidade.
A atividade também se destaca pela diversidade e pelas peculiaridades de cada região, que conferem ao café o título de produto agrícola brasileiro com maior número de Indicações Geográficas (IGs), com 12 no total.
“É um ciclo que se inicia no campo, passa pelos processos de colheita, pós-colheita, a arte da torra e culmina na experiência de consumo. Precisamos assegurar que tanto trabalho e detalhes sejam valorizados e preservados. Por isso, o setor também está atento ao estabelecimento de padrões de qualidade que sejam mensuráveis e auditáveis”, afirmou Raquel.
A diretora executiva das fazendas Caxambu e Aracaçu falou sobre a experiência de produzir cafés especiais na principal origem do Brasil – no Sul de Minas Gerais - para atender às demandas de mercados compradores exigentes. Carmem Lucia analisou as novas tendências dos consumidores e como o produtor pode transformá-las em oportunidades de agregação de valor.
“Os hábitos de consumo mudaram e hoje as grandes pautas mundiais são cultivos sustentáveis, segurança alimentar e produção regenerativa. Temos que nos aproximar dos clientes e entender o que eles querem. Além do sabor e aroma incríveis dos nossos cafés, precisamos saber comunicar o que temos feito e entregar valores como resiliência e solidariedade em nossas xícaras”, disse ela.
Thiago Orletti, que é produtor e trader de conilon especial, analisou os desafios que esse tipo de café ainda enfrenta em relação à qualidade sensorial. Ele também falou sobre os outros pontos que podem agregar valor à produção de conilon/robusta, como práticas ambientais, certificações e uso de tecnologias para comercialização.
“A cafeicultura brasileira é muito pujante. Já somos os maiores produtores de café arábica e acredito que seremos de conilon também em breve. Tenho visto o avanço do conilon com todas as novas tecnologias de irrigação, mudança de genética, melhorias no processamento e crescimento da produtividade. A agregação de valor sensorial ao café é o nosso próximo desafio”, declarou o vice-presidente da Comissão Nacional do Café da CNA.
Já o diretor do Mapa abordou a importância de construir coletivamente instrumentos legais para regulamentar o padrão de qualidade, identidade e classificação dos alimentos. Glauco Bertoldo falou sobre a importância do novo Regulamento Técnico do café torrado e moído.
“Esses instrumentos normativos trazem segurança jurídica para que produtores, industriais e consumidores possam desenvolver suas atividades, protegendo o bom trabalho do produtor rural e do industrial e resguardando os direitos dos consumidores”.