Produtores alertam para impacto dos juros altos no Plano Safra 2025/2026

O programa prevê R$ 89 bilhões para a agricultura familiar, com R$ 78,2 bilhões destinados ao Pronaf, principal linha de financiamento para produtores de menor porte. Esses valores englobam crédito rural, compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica e garantia de preços mínimos.
Para Leonardo Machado, gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), os números não indicam avanços reais. “O Pronaf cresceu apenas 3%, inferior à inflação, e as taxas de juros subiram de 6% para 8% ao ano, prejudicando os produtores que dependem desse financiamento”, explica.

Embora o governo mantenha juros reduzidos para alimentos básicos e ofereça descontos para cultivos agroecológicos ou orgânicos, a alta geral nas taxas preocupa. Para médios e grandes produtores, os juros aumentaram para 10% e 14%, respectivamente, elevando os custos de produção.

“É fundamental que os produtores façam cálculos cuidadosos antes de assumir grandes financiamentos com essas condições”, alerta Machado.

Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destaca que o volume de recursos não acompanhou a inflação, e os juros efetivos podem ultrapassar 20% devido a taxas extras e práticas comerciais que encarecem o crédito.

Outra preocupação grave é a falta de informações sobre o seguro rural. “Houve um corte e congelamento de R$ 435 milhões no orçamento destinado ao seguro, o que deixa os produtores mais vulneráveis a riscos climáticos e econômicos”, afirma Lucchi.

Apesar das expectativas de manter a produção nacional, os especialistas reforçam que o Plano Safra não atende plenamente às necessidades do setor, exigindo planejamento rigoroso e cautela dos produtores diante das condições mais restritivas.
Texto publicado originalmente em Notícias