Estratégia simples reduz custos e otimiza adubação no Cerrado
Pesquisa da Embrapa mostra que a adubação de restituição e o balanço de nutrientes reduzem custos e mantêm produtividade em solos férteis do Cerrado
Por: Redação RuralNews
A prática consiste em repor ao solo apenas os nutrientes exportados pelas lavouras, o que mantém produtividade e equilíbrio nutricional. Além disso, a estratégia reduz desperdícios, contribui para a conservação dos recursos naturais e diminui a pegada de carbono, fatores cada vez mais relevantes na agricultura brasileira.
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As culturas anuais apresentam elevada demanda de Nitrogênio, Fósforo e Potássio. Por causa disso, o uso de fertilizantes representa uma parcela significativa dos custos de produção de soja, milho, algodão, feijão, trigo e sorgo. Mesmo assim, muitos agricultores continuam adotando adubações tradicionais por segurança, apesar de diversos solos do Cerrado já apresentarem fertilidade construída.
Com o avanço da agricultura na região, estudos demonstram que esses solos acumularam níveis elevados de nutrientes ao longo do tempo. Assim, novas pesquisas se tornaram essenciais para orientar ajustes mais precisos nas adubações de manutenção, principalmente em áreas consolidadas.
O estudo intitulado Adubação de restituição e balanço de nutrientes em solo de fertilidade construída analisou práticas de manejo nutricional voltadas para a eficiência no uso de fertilizantes. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador Álvaro Vilela de Resende, com participação de cientistas da Embrapa Milho e Sorgo, da Universidade Federal de Viçosa e bolsistas, com apoio da Fazenda Decisão.
O experimento avaliou três tratamentos em parcelas de grandes dimensões instaladas em áreas de plantio direto com fertilidade construída. O primeiro tratamento utilizou a adubação de restituição de Nitrogênio, Fósforo e Potássio exportados nas colheitas. O segundo seguiu o manejo padrão da fazenda. O terceiro consistiu em uma área controle sem adubação NPK. As avaliações foram feitas ao longo de três ciclos de soja, milho ou sorgo, em sistemas com ou sem braquiária no consórcio.
Os resultados mostraram que a adubação ou a ausência dela não altera a produtividade da soja. Entretanto, o nitrogênio permanece como o principal fator que limita o rendimento do milho. O consórcio com braquiária reduz o desempenho do sorgo, mas não interfere no milho. Além disso, aumenta a produtividade da soja no ciclo seguinte. De acordo com Resende, a adubação de restituição associada ao balanço de nutrientes mantém produtividade e rentabilidade e preserva a fertilidade do solo. A estratégia evita déficits e excedentes nutricionais e torna o uso de fertilizantes mais eficiente.
O pesquisador explicou que os resultados confirmam observações feitas em outras regiões do Cerrado, onde solos argilosos frequentemente apresentam baixa resposta ao uso de Fósforo e Potássio. Mesmo assim, muitos produtores continuam aplicando fórmulas fixas de NPK sem considerar a disponibilidade atual de nutrientes. Miguel Marques Gontijo Neto destacou que parte dos agricultores não calcula o balanço de nutrientes porque desconhece sua utilidade.
No entanto, esse cálculo é essencial para dimensionar as adubações com precisão.
Resende destacou que o manejo ideal em solos de alta fertilidade busca repor apenas os nutrientes exportados na colheita, somados às perdas naturais. Essa prática garante suprimento adequado e evita excessos.
O monitoramento inclui análises periódicas de solo que permitem acompanhar variações na fertilidade ao longo dos cultivos. Técnicas simples e de baixo custo possibilitam ajustes finos nas adubações, com ganhos econômicos e ambientais.
A solução validada permite um manejo específico por talhão que pode ser automatizado com ferramentas já disponíveis em muitas fazendas. O objetivo é ajustar o aporte de nutrientes conforme a demanda de cada ciclo produtivo. Desequilíbrios nutricionais prejudicam a rentabilidade. Déficits reduzem a produtividade e excedentes aumentam o desperdício e elevam a pegada de carbono.
O equilíbrio contribui para a sustentabilidade, a eficiência energética e a neutralidade ambiental em áreas consolidadas do Cerrado.
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Texto publicado originalmente em Notícias
Antecedentes para o estudo
Vista da área experimental após a colheita de sorgo na segunda safra. Foto: Samuel Abreu
As culturas anuais apresentam elevada demanda de Nitrogênio, Fósforo e Potássio. Por causa disso, o uso de fertilizantes representa uma parcela significativa dos custos de produção de soja, milho, algodão, feijão, trigo e sorgo. Mesmo assim, muitos agricultores continuam adotando adubações tradicionais por segurança, apesar de diversos solos do Cerrado já apresentarem fertilidade construída.
Com o avanço da agricultura na região, estudos demonstram que esses solos acumularam níveis elevados de nutrientes ao longo do tempo. Assim, novas pesquisas se tornaram essenciais para orientar ajustes mais precisos nas adubações de manutenção, principalmente em áreas consolidadas.
Artigo publicado
O estudo intitulado Adubação de restituição e balanço de nutrientes em solo de fertilidade construída analisou práticas de manejo nutricional voltadas para a eficiência no uso de fertilizantes. A pesquisa foi coordenada pelo pesquisador Álvaro Vilela de Resende, com participação de cientistas da Embrapa Milho e Sorgo, da Universidade Federal de Viçosa e bolsistas, com apoio da Fazenda Decisão.
Experimentação em fazenda
O experimento avaliou três tratamentos em parcelas de grandes dimensões instaladas em áreas de plantio direto com fertilidade construída. O primeiro tratamento utilizou a adubação de restituição de Nitrogênio, Fósforo e Potássio exportados nas colheitas. O segundo seguiu o manejo padrão da fazenda. O terceiro consistiu em uma área controle sem adubação NPK. As avaliações foram feitas ao longo de três ciclos de soja, milho ou sorgo, em sistemas com ou sem braquiária no consórcio.
Resultados práticos
Os resultados mostraram que a adubação ou a ausência dela não altera a produtividade da soja. Entretanto, o nitrogênio permanece como o principal fator que limita o rendimento do milho. O consórcio com braquiária reduz o desempenho do sorgo, mas não interfere no milho. Além disso, aumenta a produtividade da soja no ciclo seguinte. De acordo com Resende, a adubação de restituição associada ao balanço de nutrientes mantém produtividade e rentabilidade e preserva a fertilidade do solo. A estratégia evita déficits e excedentes nutricionais e torna o uso de fertilizantes mais eficiente.
O pesquisador explicou que os resultados confirmam observações feitas em outras regiões do Cerrado, onde solos argilosos frequentemente apresentam baixa resposta ao uso de Fósforo e Potássio. Mesmo assim, muitos produtores continuam aplicando fórmulas fixas de NPK sem considerar a disponibilidade atual de nutrientes. Miguel Marques Gontijo Neto destacou que parte dos agricultores não calcula o balanço de nutrientes porque desconhece sua utilidade.
No entanto, esse cálculo é essencial para dimensionar as adubações com precisão.
Ajuste fino das adubações
Resende destacou que o manejo ideal em solos de alta fertilidade busca repor apenas os nutrientes exportados na colheita, somados às perdas naturais. Essa prática garante suprimento adequado e evita excessos.
O monitoramento inclui análises periódicas de solo que permitem acompanhar variações na fertilidade ao longo dos cultivos. Técnicas simples e de baixo custo possibilitam ajustes finos nas adubações, com ganhos econômicos e ambientais.
Impacto econômico e ambiental
A solução validada permite um manejo específico por talhão que pode ser automatizado com ferramentas já disponíveis em muitas fazendas. O objetivo é ajustar o aporte de nutrientes conforme a demanda de cada ciclo produtivo. Desequilíbrios nutricionais prejudicam a rentabilidade. Déficits reduzem a produtividade e excedentes aumentam o desperdício e elevam a pegada de carbono.
O equilíbrio contribui para a sustentabilidade, a eficiência energética e a neutralidade ambiental em áreas consolidadas do Cerrado.
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Estratégia - Adubação - Cerrado
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Texto publicado originalmente em Notícias
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