Sustentabilidade
28-10-2021 | 18:30:00
Por: Minist
Brasil apresenta técnicas produtivas sustentáveis em conferência na Dinamarca
Em evento realizado às vésperas da COP26, representantes do Mapa mostraram as boas práticas já adotadas no país, que permitem aumentar a produção nos próximos anos sem precisar desmatar
Por: Minist
O secretário de Inovação, Desenvolvimento Regional e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, destacou as boas práticas brasileiras voltadas para a sustentabilidade ambiental do setor agropecuário. Segundo ele, o mundo precisa frear o aumento da temperatura, mas conciliando com a produção de alimentos para os 2 bilhões a mais de pessoas que virão ao mundo até 2050.
“Precisamos fazer isso por meio de uma agricultura com baixíssima emissão de gases de efeito estufa, e a agricultura brasileira pode contribuir de modo decisivo para isso. O Brasil produz hoje 1 bilhão de toneladas em alimentos, fibras e bioenergia. Isso permite ao país contribuir com a alimentação de 1,5 bilhão de pessoas, enviando nossos produtos para exatos 193 países. Estamos fazendo isso com base em um processo produtivo que é descarbonizante”.
Além de descarbonizar a agricultura, o Brasil tem espaço para expandi-la sobre áreas de pastagens degradadas, sem a necessidade de desmatar os principais biomas. Nos últimos 10 anos, foram revigorados 27 milhões de hectares de pastagens e para os próximos 10 anos a meta é recuperar mais 30 milhões.
Fernando Camargo apresentou os resultados do Plano de Agricultura de Baixo Carbono, o ABC, lançado há 10 anos, bem como as metas para a próxima década, com a inclusão de novas tecnologias como a utilização de novos bioinsumos, a utilização da irrigação e a terminação intensiva de animais.
Ele lembrou que a agricultura brasileira é baseada em ciência e na adaptação ao calor tropical e disse que o Brasil fez uma revolução verde na produção de alimentos nos últimos 50 anos, superando seu problema de segurança alimentar e se tornando um grande provedor de alimentos ao mundo. “Nossa produtividade aumentou 456% e a área agrícola apenas 55% nos últimos 50 anos. Fizemos tudo isso, preservando 66% do território original brasileiro.
Inovação e inclusão
O presidente da Embrapa, Celso Moretti, também participou do seminário, falando sobre ciência e inovação para uma agricultura mais sustentável. Moretti apresentou dados para mostrar que, usando tecnologia, o Brasil pode dobrar a produção sem promover desmatamento.
O Brasil usa atualmente 7,6% de sua área para a produção agrícola e, com técnicas como o Plantio Direto, realiza até três safras ao ano. São 70 milhões de hectares de área cultivada e 90 milhões de hectares de pastagens degradadas, que estão basicamente no Nordeste e no Centro do país, fora do bioma Amazônico. “Usando tecnologia, vamos transformar essas áreas em terras cultiváveis. Podemos dobrar a produção de alimentos, fibras e bioenergia sem tocar em uma única árvore da Amazônia”
Moretti apresentou o trabalho da Embrapa ao longo dos anos e técnicas desenvolvidas pela empresa, como a carne e a soja carbono neutro. Segundo ele, a agricultura brasileira está pronta para contribuir com a meta de uma economia sem emissão de gases de efeito estufa até 2050.
Já o assessor especial do Mapa Fernando Zelner falou sobre os principais pilares da atuação do Ministério da Agricultura, como regularização fundiária e ambiental, inclusão produtiva, inovação e produção sustentável. Ele disse que o governo federal está buscando regularizar a situação de famílias que há anos migraram para a Amazônia pois, com o título, elas podem ter acesso ao crédito, políticas públicas, assistência e melhores práticas de produção. “Se isso não for feito, processo completo, as ocupações irregulares de terras públicas continuam, um ciclo que não é interrompido”, destacou Zelner.
A inclusão de produtores da agricultura familiar na economia formal, para que possam ter crédito e acesso a mercados globais e doméstico, também foi apresentada como uma das políticas prioritárias do Mapa. Zelner apresentou no seminário ferramentas como o cooperativismo, políticas públicas de aquisição de alimentos e participação desses produtos na merenda escolar e lembrou que, durante a pandemia, o governo manteve as compras para que os agricultores familiares não tivessem uma drástica perda de renda.
Caso de sucesso
O seminário contou com a participação de outros representantes governamentais de Brasil e Dinamarca, além de pesquisadores e membros da iniciativa privada. O embaixador do Brasil na Dinamarca, Rodrigo Azeredo dos Santos, disse que o objetivo do evento é promover a cooperação bilateral entre governo e empresas dos dois países, além de passar a mensagem de que a agricultura sustentável do Brasil é um caso de sucesso e contribui para a segurança alimentar do país e do mundo.
Segundo ele, o Brasil é um dos países que mais pode contribuir para cumprir o desafio de produzir mais alimentos nos próximos anos, sem necessidade de desmatamento para aumentar a produção agricola. “Com alta produtividade e a disponibilidade de terras cultiváveis, o Brasil tem um papel muito importante para ajudar na segurança alimentar nas próximas décadas”, destacou o embaixador.
A Dinamarca é uma liderança relevante nas discussões de sustentabilidade, tanto na União Europeia quanto em fóruns multilaterais importantes como a OMC e a OCDE. O país também é um parceiro estratégico para o Brasil, haja vista a disponibilidade de investimentos para projetos internacionais que atendam a rígidas exigências ambientais, sociais e de governança.
COP26
Após o evento na Dinamarca, o grupo do Ministério da Agricultura se reúne aos demais integrantes da comitiva brasileira em Glasgow, na Escócia, onde acontece a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP26). O secretário Fernando Camargo representará o Ministério da Agricultura no evento.