Piscicultura
27-02-2024 | 9:58:00
Por: Redação RuralNews
A tilápia suporta extremos de temperatura e à salinidade e vive preferencialmente em corpos d’água com vegetação aquática, de águas lentas ou pantanosas, adaptando-se facilmente em detrimento de espécies nativas. Alguns especialistas alertam que o peixe consome todo tipo de alimento de origem animal ou vegetal e é responsável pela extinção de espécies nativas.
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Os detratores da tilápia asseguram que em locais como a Lagoa do Marcelino, em Osório, no Litoral Norte, elas tornaram-se dominantes. Com a presença deste tipo de peixe, espécies tradicionais do local, como o caraá e traíra, teriam praticamente desaparecido. “Antigamente, tinha muito caraá. Agora não tem mais. Se tu colocas uma rede, pega mil tilápias e, por acaso, um caraazinho perdido”, contou ao portal G1 o pescador Luiz Alberto de Oliveira. Porém, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) garante que ainda não há nenhuma pesquisa que aponte a presença acima do normal de tilápias no Estado.
Em novembro, um seminário reuniu biólogos, professores e autoridades locais para debater a invasão das tilápias. Promovido pelo biólogo e gestor ambiental Aluízio Sores Dias, o Verdinho, o debate alertou para a capacidade de adaptação desta espécie, e o perigo que isso traz. “É um peixe que foi introduzido na década de 1950 no Brasil e se adapta muito bem às nossas águas. Ele cresce rápido, se multiplica facilmente e tem uma carne muito gostosa, então caiu no gosto popular”, afirma o biólogo.
Embora o Brasil seja o quarto maior produtor do mundo, a tilápia não é uma espécie nativa e foi introduzida principalmente em grandes reservatórios brasileiros das regiões Sudeste e Nordeste do País nos anos 50. Atualmente é o mais cultivado na piscicultura brasileira.
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Em 2023, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura, a produção foi de cerca de 520 mil toneladas da tilápia, representando 65% do peixe de cultivo no País. Embora muita gente torça o nariz, a tilápia chegou com tudo. A espécie deve alcançar 80% do mercado de peixes de cultivo no Brasil até 2030, conforme previsão da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR). A expectativa é que, nesse ritmo, o Brasil assuma no posto de terceiro maior produtor mundial de tilápias, dentro de dois ou três anos.
Recentemente, a Peixe BR liderou uma campanha contra a importação de tilápias do Vietnã. A entidade alegou que a cadeia da produção da tilápia é uma atividade nova e, portanto, em desenvolvimento, que envolve milhares de empresas e de produtores – sendo 98% de pequeno porte. E destacou ainda que o setor gera mais de 1 milhão de empregos e renda em todos os estados brasileiros. “A tilápia brasileira é uma das melhores do mundo, produzida com boas práticas e segurança”, pontuava a nota da entidade.
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“Às vezes, eu me pergunto se essas reportagens são feitas no achismo ou qual foi o real embasamento científico utilizado e o porquê de só escutarem um lado da moeda, porque não são voz ao setor produtivo se defender setor este que trabalha, produz alimento, gera renda e empregos?”, pergunta Maria Gabriela, que é produtora em Coxilha, no norte do Estado. “Parece um complô organizado para destruir toda uma cadeia produtiva estabelecida tanto no Estado quando no País”, afirma a produtora, que também coordena a Câmara Setorial da Aquicultura, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS).
A Tilápia RS foi criada em 2020 por um grupo de pesquisadores com o objetivo de formalizar e apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva da tilapicultura no Rio Grande do Sul por meio da união do setor produtivo. Um dos fundadores da entidade, o engenheiro agrônomo Sérgio Zimmermann, da Aqua Solutions Aquaponia, acredita estar havendo sensacionalismo ao tratar sobre o assunto, lembrando que a espécie está presente em todas as bacias hidrográficas do nosso Estado há meio século.
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“Nesse ano, o calor excessivo tem beneficiado as mesmas porque os nativos carnívoros foram prejudicados pelas condições excepcionais. Mas tudo isso deve reverter porque a herbívora tilápia está na base da cadeia alimentar, não tem condições de invadir e permanecer nas nossas condições ambientais”, garante.
A presidente da Tilápia RS destaca que o estado é uma das regiões mais privilegiadas do mundo em termos de recursos hídricos e humanos para a tilapicultura e tem potencial para crescer, pois conta com 316 mil hectares de barragens e açudes cadastrados no Sistema de Outorga de Água do Estado do Rio Grande do Sul, mais 8.161 bilhões de metros cúbicos em lagos e reservatórios públicos.
Seriam11 mil produtores de tilápia presentes em 385 dos 497 municípios gaúchos, segundo Maria Gabriela. “Mas, para isso, precisamos unir a cadeia produtiva com o governo para que haja mais políticas públicas para o setor e mais profissionalismo e políticas públicas para trazer o produtor para a legalidade por meio da licença ambiental”, diz a presidente da Tilápia RS. “E é necessário colocar o Rio Grande do Sul no mapa do Brasil, que é o quarto maior produtor de pescado do mundo. O Estado ocupa o 12º lugar no País. E podemos estar entre os primeiros. Santa Catarina ocupa o terceiro”, argumenta.
Presença de tilápias no Litoral Norte gaúcho preocupa pesquisadores e pescadores
Espécie, originária da África e do Oriente Médio, chegou ao Brasil nos anos 50 e é a mais cultivada por aqui
Por: Redação RuralNews
A tilápia suporta extremos de temperatura e à salinidade e vive preferencialmente em corpos d’água com vegetação aquática, de águas lentas ou pantanosas, adaptando-se facilmente em detrimento de espécies nativas. Alguns especialistas alertam que o peixe consome todo tipo de alimento de origem animal ou vegetal e é responsável pela extinção de espécies nativas.
Os detratores da tilápia asseguram que em locais como a Lagoa do Marcelino, em Osório, no Litoral Norte, elas tornaram-se dominantes. Com a presença deste tipo de peixe, espécies tradicionais do local, como o caraá e traíra, teriam praticamente desaparecido. “Antigamente, tinha muito caraá. Agora não tem mais. Se tu colocas uma rede, pega mil tilápias e, por acaso, um caraazinho perdido”, contou ao portal G1 o pescador Luiz Alberto de Oliveira. Porém, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) garante que ainda não há nenhuma pesquisa que aponte a presença acima do normal de tilápias no Estado.
Em novembro, um seminário reuniu biólogos, professores e autoridades locais para debater a invasão das tilápias. Promovido pelo biólogo e gestor ambiental Aluízio Sores Dias, o Verdinho, o debate alertou para a capacidade de adaptação desta espécie, e o perigo que isso traz. “É um peixe que foi introduzido na década de 1950 no Brasil e se adapta muito bem às nossas águas. Ele cresce rápido, se multiplica facilmente e tem uma carne muito gostosa, então caiu no gosto popular”, afirma o biólogo.
Embora o Brasil seja o quarto maior produtor do mundo, a tilápia não é uma espécie nativa e foi introduzida principalmente em grandes reservatórios brasileiros das regiões Sudeste e Nordeste do País nos anos 50. Atualmente é o mais cultivado na piscicultura brasileira.
Recentemente, a Peixe BR liderou uma campanha contra a importação de tilápias do Vietnã. A entidade alegou que a cadeia da produção da tilápia é uma atividade nova e, portanto, em desenvolvimento, que envolve milhares de empresas e de produtores – sendo 98% de pequeno porte. E destacou ainda que o setor gera mais de 1 milhão de empregos e renda em todos os estados brasileiros. “A tilápia brasileira é uma das melhores do mundo, produzida com boas práticas e segurança”, pontuava a nota da entidade.
Incentivo à cadeia produtiva
A produtora rural, piscicultora e tilapicultora e presidente da tilápia RS, Maria Gabriela Lima Matei, ensina que a espécie é onívora, com tendência a herbívora e garante que a tilápia não é predadora, mas sim, presa de espécies nativas carnívoras, como a traíra.“Às vezes, eu me pergunto se essas reportagens são feitas no achismo ou qual foi o real embasamento científico utilizado e o porquê de só escutarem um lado da moeda, porque não são voz ao setor produtivo se defender setor este que trabalha, produz alimento, gera renda e empregos?”, pergunta Maria Gabriela, que é produtora em Coxilha, no norte do Estado. “Parece um complô organizado para destruir toda uma cadeia produtiva estabelecida tanto no Estado quando no País”, afirma a produtora, que também coordena a Câmara Setorial da Aquicultura, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS).
A Tilápia RS foi criada em 2020 por um grupo de pesquisadores com o objetivo de formalizar e apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva da tilapicultura no Rio Grande do Sul por meio da união do setor produtivo. Um dos fundadores da entidade, o engenheiro agrônomo Sérgio Zimmermann, da Aqua Solutions Aquaponia, acredita estar havendo sensacionalismo ao tratar sobre o assunto, lembrando que a espécie está presente em todas as bacias hidrográficas do nosso Estado há meio século.
A presidente da Tilápia RS destaca que o estado é uma das regiões mais privilegiadas do mundo em termos de recursos hídricos e humanos para a tilapicultura e tem potencial para crescer, pois conta com 316 mil hectares de barragens e açudes cadastrados no Sistema de Outorga de Água do Estado do Rio Grande do Sul, mais 8.161 bilhões de metros cúbicos em lagos e reservatórios públicos.
Seriam11 mil produtores de tilápia presentes em 385 dos 497 municípios gaúchos, segundo Maria Gabriela. “Mas, para isso, precisamos unir a cadeia produtiva com o governo para que haja mais políticas públicas para o setor e mais profissionalismo e políticas públicas para trazer o produtor para a legalidade por meio da licença ambiental”, diz a presidente da Tilápia RS. “E é necessário colocar o Rio Grande do Sul no mapa do Brasil, que é o quarto maior produtor de pescado do mundo. O Estado ocupa o 12º lugar no País. E podemos estar entre os primeiros. Santa Catarina ocupa o terceiro”, argumenta.