Pecuária de corte 18/03/2024

Boi: euforia por causa da China diminui e fundamentos voltam a ser predominantes

O futuro do boi até teve uma reação positiva inicial, mas algumas situações precisam ser esclarecidas

Frigoríficos devem seguir comprando o estritamente necessário para manter a escala

Fabiano Reis

Há notícias de frigoríficos abrindo vagas de trabalho em unidades habilitadas para a China em alguns estados brasileiros, uma euforia pelas recentes autorizações para exportação de carne bovina para o país asiático. O futuro do boi até teve uma reação positiva inicial, mas algumas situações precisam ser esclarecidas. A primeira, mais tortuosa, é a de que a amplificação de frigoríficos em condições de vender a China, atende o interesse chinês de pulverizar fornecedores, elevar a oferta e segurar preços. As exportações brasileiras já são muito boas. Os frigoríficos devem seguir comprando o estritamente necessário para manter a escala. Há duas estratégias vigentes no mercado do boi gordo neste momento. Uma dos pecuaristas, outra, da indústria. Da indústria, é bem clara, é usada desde a segunda quinzena do ano, a compra de animais o suficiente para manter as escalas nos níveis atuais e, com isso, propor preços menores. O produtor rural, ao observar a manobra, também tem ofertado lotes de boiada menores para o frigorífico. Claro, em alguns estados produtores, vimos uma situação na qual tiveram ofertas maiores, mas nada que mude o cenário.
A questão é que a resistência do pecuarista, a oferta de lotes menores e a não concessão nos preços da arroba do gado pronto, só são possíveis pela oferta de pastagem nas propriedades rurais. Enquanto houver pastagem, há equilíbrio, sem ela a pressão da indústria deve se agravar. Por isso mesmo, é necessário um planejamento individual de vendas para não ficar com a parte volumosa dos animais para vender em um período de preços, sazonalmente, menores.
Por fim, segunda-feira, a Secretaria de Comércio Exterior trouxe os números parciais para as exportações brasileiras. No caso da carne bovina, embarcou, até a terceira semana de março, o volume de 84,6 mil toneladas, com média diária de 7,6 mil toneladas, 42,3% maior que março/23. O preço da tonelada ficou em US$ 4,505 mil recuo de 6,4%, se comparado ao mesmo período do último ano.

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