Mulheres do agro
03-08-2022 | 15:36:00
Por: Redação RuralNews
Conheça Agtech liderada por mulheres nordestinas
Muda Meu Mundo (MMM) conecta mais de 400 agricultores a grandes varejistas, sem a interferência de intermediários
Por: Redação RuralNews
Apesar do cenário adverso, isso não significa que muitas delas não consigam prosperar. A presença de mulheres nesse ambiente tende a crescer porque, cada vez mais, elas colocam ideias inovadoras no mercado. É o caso da Muda Meu Mundo (MMM).
"Quando nós, mulheres, vamos captar investimento temos que nos provar muito mais do que nossos colegas homens. Essa é a realidade no Brasil e no mundo. Isso faz com que seja muito difícil empreender. Tão difícil que muitas nem pensam em trabalhar com tecnologia. Com a MMM, esperamos abrir espaço para que, no futuro, outras não passem por isso", aponta Priscilla Veras, fundadora e CEO da startup.
A agtech tem o propósito de conectar pequenos produtores rurais diretamente a supermercados e startups, sem intermediários. O maior destaque da plataforma, no entanto, é a geração de dados de impacto focado em ESG -- Governança Ambiental, Social e Corporativa. Eles são responsáveis pela transparência na relação comercial com o varejo e são usados como reforço para o impacto a ser gerado com os agricultores.
Atualmente, a Muda Meu Mundo conecta 400 produtores às redes de alimentos como Carrefour, GPA (Compre Bem, Extra, Pão de Açúcar), Natural da Terra, St Marche e às startups Frubana e Jüsto.
Empreendedorismo feminino
Após atuar por sete anos em ONGs internacionais com desenvolvimento de indicadores de impacto socioambiental, Priscilla fundou a Muda Meu Mundo. Por conta dessa iniciativa, a cearense foi eleita pela Forbes como uma das 20 mulheres mais inovadoras em agtechs do País no ano de 2022.
Ao lado dela, está a sócia Laís Xavier. A pernambucana embarcou na startup em 2020, liderando o time de tecnologia. Ela é a primeira mulher presidente da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PE/PB).
As nordestinas se conheceram no Itaú Mulher Empreendedora (IME), em 2020. O programa desenvolve iniciativas que visam apoiar o empreendedorismo feminino no Brasil. Após sua passagem, a Muda Meu Mundo apresentou melhoras significativas. Houve aumento de 400% na receita em relação a 2019. Também foi possível notar alta de 23% na remuneração média do agricultor e crescimento de 25% na base de produtores parceiros.
É válido destacar também que a representatividade é vista entre os investidores. Ticiana Rolim Queiroz, CEO da Somos Um, foi a primeira a apoiar a iniciativa. "Quando decidi investir, a Muda Meu Mundo era uma ideia. Eu acreditei na empreendedora e no propósito do negócio, pois compreendi quão importante era concretizá-lo devido à gravidade do problema que se propunha a resolver", lembra a profissional.
"Foi por causa da Ticiana que conseguimos provar nossa ideia inicial e irmos evoluindo ao longo dos anos. Se não tivéssemos tido esse suporte, iria demorar muito mais para chegarmos aonde estamos hoje", comenta Priscilla.
O apoio abriu espaço para que mais investidores e fundos aderissem à jornada de crescimento da MMM. Entre eles, é possível destacar Sororitê e WIM Angels, dois grupos exclusivos de mulheres que investem em startups com lideranças femininas.
"Nós, mulheres investidoras, buscamos mais do que uma empresa que tenha sucesso de receita e de bottom line. Procuramos companhias que tenham impacto positivo no mundo. A Muda Meu Mudo traz justamente isso. Além de cortar intermediários na cadeia de agricultura, fazendo com que o alimento chegue mais fresco à mesa do consumidor, é possível rastrear de onde veio essa comida -- algo muito importante para a sociedade e para o meio ambiente", conclui Erica Stul, cofundadora da Sororitê.