mercado 05/05/2022

Quem dita a agenda da produção agrícola é o consumidor

Agenda da segurança alimentar passa por uma produção cada vez mais sustentável, resiliente às mudanças climáticas, com foco na saúde e nutrição das pessoas, e maior acesso de populações vulneráveis economicamente à comida

Ronaldo Luiz

Quem dita a agenda da produção agrícola é o consumidor  Agenda da segurança alimentar passa por uma produção cada vez mais sustentável, resiliente às mudanças climáticas, com foco na saúde e nutrição das pessoas, e maior acesso de populações vulneráveis economicamente à comida
Realizado nesta quarta-feira (4), o 4o. Warm Up do Global Agribusiness Forum (GAF) 2022 destacou a jornada de transformação pela qual passam os sistemas alimentares globais, tendo como norte a busca pela segurança alimentar por meio de uma produção cada vez mais sustentável, resiliente às mudanças climáticas e com foco na saúde e nutrição das pessoas. O evento on-line foi mais um dos webinares preparativos da próxima edição do GAF, que acontece dias 24 e 25 de julho em São Paulo (SP).
Participaram John Wilkinson, professor titular do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP/ONU); e Sérgio Schneider, professor titular do Departamento de Sociologia e membro permanente dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A abertura e o encerramento ficaram a cargo do presidente da DATAGRO, Plinio Nastari. 
Wilkinson ressaltou que fatores relacionados ao meio ambiente e à saúde passaram a ganhar peso na tomada de decisão de consumo dos alimentos e que os sistemas produtivos estão tendo que cada vez mais se adaptar para atender a estes requisitos. São questões, por exemplo, ligadas à produção orgânica, bem-estar animal, proteínas alternativas, carne cultivada, comércio local, entre outras. 
De acordo com o professor da UFRRJ, os agentes produtivos vêm investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, a fim de viabilizar tecnologias, que resultem em alimentos, que possam atender às novas demandas do mercado consumidor mundial. Exemplo, acentuou, são as foodtechs. "Este movimento de inovação foi inicialmente liderado pelo setor privado, mas alguns governos [Israel, Holanda, Singapura etc..] passaram recentemente a ter papel preponderante no financiamento de iniciativas, sobretudo via fundos de capital de risco."
Balaban lembrou que esta reconfiguração da agenda global alimentar precisa ter como prioridade combater o flagelo da fome, que ainda impacta cerca de 811 milhões de pessoas no mundo. "Este cenário ficou ainda mais crítico, devido à pandemia da covid-19 e agora com a guerra no Leste Europeu." Segundo o diretor do Programa de Alimentos da ONU, além da oferta e distribuição, políticas públicas de combate à insegurança alimentar têm que considerar mecanismos que promovam o acesso de populações vulneráveis economicamente à comida. Balaban mencionou a necessidade de aproximadamente US$ 267 bilhões em investimentos para erradicar a fome no mundo até 2030. Schneider, por sua vez, salientou que a humanidade está sim apta a resolver esta questão, com a evolução tecnológica sendo aliada fundamental para o avanço da segurança alimentar mundial. 

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