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Fertilizantes 22-07-2022 | 14:42:00

Melhora no fornecimento reduz preços de fertilizantes

Produtores continuam em alerta quanto à alta de custos, porém expectativa é de que preços iniciem ciclo de queda gradual.


Por: FAESP - Federacao da Agricultura do Estado de Sao Paulo


Mesmo com a possibilidade da normalização do fornecimento, os produtores devem estar preparados para soluções alternativas. Uma das estratégias é otimizar o uso de fertilizantes na lavoura por meio da agricultura de precisão e do uso racional dos insumos, uma prática que deve ser realizada com muito cuidado, para não haver o perigo de queda da produtividade. As Comissões Técnicas da FAESP consultadas apontam que ainda há preocupação por parte do setor agropecuário em todo o Estado de São Paulo quanto às safras 2022/2023, pois não há total segurança sobre o fornecimento ao longo do segundo semestre e a manutenção dos estoques de passagem em níveis satisfatórios.
Aumentos dos preços
Como as tensões geradas logo no início da guerra fizeram crescer a percepção de que o fornecimento poderia ser seriamente prejudicado, a procura pelos produtos se intensificou, o que, associado à valorização do dólar, pressionou o aumento dos adubos e fertilizantes. O abastecimento foi bastante irregular, pois os produtores com maior poder econômico conseguiram adquirir uma quantidade maior, o que não aconteceu com os pequenos e médios.

Segundo Ademar Pereira, presidente da Câmara Setorial do Café e coordenador adjunto da Comissão de Cafeicultura da FAESP, os altos custos dos fertilizantes, aliados a outros fatores, acabaram gerando distorções no preço final do pó de café nas prateleiras dos pontos de venda, dando a impressão, para o consumidor, de que os cafeicultores estivessem lucrando muito, o que não é verdade – ou seja, a margem de lucro dos cafeicultores na verdade tem caído, segundo ele.

O impacto do aumento dos insumos para os produtores de café somou-se ao de outros custos desde a última safra. Os cafeicultores tiveram de buscar soluções alternativas para reduzir a necessidade dos adubos convencionais sem prejudicar a produtividade. Para Ademar, o valor dos fertilizantes caiu um pouco, mas ainda é muito superior ao do começo do ano passado. “Está muito preocupante, muito fora dos preços de antes dessa escalada em um curto espaço de tempo”, relata.
Segundo a percepção dos produtores de hortaliças, alguns adubos estão mais baratos, após disparada de preços nos últimos 12 meses, conforme explica Gildo Takeo Saito, coordenador da Comissão Técnica de Hortaliças, Flores e Orgânicos da FAESP. Os pedidos mais recentes de compra dos adubos nitrogenados, que são os mais usados, não acompanharam essa tendência e tiveram novo aumento. O impacto só não é maior na produtividade e nos custos porque o segmento de hortaliças está em um momento natural de diminuição da produção devido à época mais fria do ano, em que a demanda dos consumidores é menor. “Alguns dos insumos que tiveram os preços reduzidos não vão refletir muito porque, principalmente no caso das hortaliças, houve uma diminuição do consumo em razão do frio. O valor desses produtos caiu mais do que o dos adubos, mas a safra é menor – cerca de 60% a 70% da capacidade máxima”, justifica Saito. Se o agricultor colher mais, aumentam os estoques, o que não é bom. “Neste cenário, não adianta ter 100% da capacidade. O melhor é estar mais próximo da demanda do mercado, e então buscar diminuir os custos”, aponta.

Em relação a política agrícola, algumas soluções a médio e longo prazo estão no radar do governo federal, como o fortalecimento de relações diplomáticas e econômicas com países árabes (que hoje representam 26% do fornecimento de fertilizantes para o Brasil – a meta é superar esta porcentagem nos próximos anos) e o Plano Nacional de Fertilizantes, lançado no início de março, que prevê estímulos à fabricação dos insumos no Brasil e à pesquisa de adubos orgânicos, visando diminuir a dependência de importações, até 2050, dos atuais 85% para 45%. Com isso, já começou a corrida por novos empreendimentos para exploração de potássio para fertilizantes. Até junho foram registrados 50 pedidos de extração da matéria-prima pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Mas não será tarefa fácil, pois as maiores jazidas localizadas na Amazônia, por exemplo, estão a aproximadamente 800 metros de profundidade, necessitando de muito tempo e altos investimentos – se não houver impedimentos ambientais – até haver retorno na prática. O Plano Safra anunciado no final de junho prevê investimentos também nesta área, inovando ao permitir o financiamento, pelos produtores, de remineralizadores de solo (pó de rocha).

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