Banana
07-07-2022 | 10:05:00
Por: Minist
Mapa reforça ações contra doença incurável da bananeira em SP
Relatos de dispersão da fusariose no Peru justificam intensificação do controle em São Paulo; Vale do Ribeira é a maior região produtora do país
Por: Minist
No Estado de São Paulo, onde se encontra a maior região produtora de banana do país, o Vale do Ribeira, as ações de monitoramento e prevenção foram realizadas no primeiro semestre. Mas, em função desse novo alerta emitido no final de maio, a equipe da Superintendência Federal de Agricultura (SFA-SP) decidiu prorrogar o monitoramento e reforçar as ações preventivas.
A fusariose raça 4 tropical atinge a planta através do solo infectado, mudas contaminadas e implementos agrícolas e instrumentos de poda infectados. Ao penetrar na planta, a praga entope os vasos que conduzem a seiva, impedindo o movimento de nutrientes e água.
“Como consequência, a planta seca, amarelece e morre. O fungo permanece no solo por mais de 40 anos, tornando inviável a continuação da cultura na área. Ainda não existe controle químico que possa combater a doença, nem variedades resistentes a ela no Brasil e no mundo”, explica o engenheiro agrônomo e fitopatologista Wilson da Silva Moraes, da SFA-SP. A única forma de evitar prejuízos é a prevenção.
A doença já se espalhou pela Indonésia (1990), China (1996), Filipinas (2008), África (2013), Austrália (2015) e América. Em 2015 a FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – emitiu alerta internacional para tentar conter o avanço da fusariose.
Programação
De 5 a 8 de julho, estão sendo feitas coletas na região de Riolândia, Santo Antônio do Aracanguá, Getulina, Novo Horizonte e Colina. A ideia é intensificar os levantamentos, partindo de áreas ainda não visitadas até regiões onde já foi feito o monitoramento anteriormente, como o Vale do Ribeira e o Planalto Paulista. Esse levantamento vai ser realizado em todos os municípios que produzem a banana de forma comercial.
Também nesse segundo semestre, a SFA-SP vai promover palestras voltadas a produtores rurais. Para isso, precisará envolver cooperativas, associações e sindicatos rurais. Essas ações de orientação devem ocorrer nas regiões de Fernandópolis, Jales, Andradina, Assis, Avaré, São Bento do Sapucaí e Vale do Ribeira.
Testes negativos
O Mapa vem desenvolvendo desde 2019 um trabalho de prevenção e monitoramento não apenas da fusariose raça 4 tropical, mas também do moko da bananeira. De março a maio ocorreram cinco etapas de coleta: a primeira em municípios no Vale do Ribeira, a segunda em Taubaté, a terceira em Jales, Fernandópolis e Andradina, a quarta em Assis e Avaré e a última em Campinas e Aguaí. As coletas envolvem o sistema vascular das plantas (filetes do caule e da raiz).
No total, já foram coletadas 70 amostras para fusariose e 70 para moko. As amostras são analisadas pelo laboratório oficial do Mapa localizado em Goiás. O resultado demora de 7 a 15 dias. Até o momento, todas as amostras testaram negativo para as duas doenças.
Em 2019 e 2020 o monitoramento foi regular, em várias regiões do estado. Em 2021, só foram feitas coletas no Vale do Ribeira, em função de restrições da pandemia de coronavírus e condição climática adversa. Em 2022 foram contemplados, até o momento, o Vale do Ribeira, Vale do Paraíba e oeste paulista.
O moko da bananeira é causado por uma bactéria habitante do solo. A doença já ocorre na região norte do país e infecta desde a raiz até a inflorescência [parte da planta onde se localizam as flores] ou cacho. O moko pode ser disseminado por mudas infectadas, ferramentas contaminadas ou pelo contato de raiz para raiz ou do solo para a raiz.
Outro veículo importante de transmissão são os insetos visitadores de inflorescências, como as abelhas, vespas e mosca-das-frutas. A doença compromete o desenvolvimento da bananeira e a única forma de controle é a detecção precoce e a rápida erradicação das plantas infectadas e das que estão próximas. “Mesmo aparentando estar sadias, as mudas já podem ter contraído a doença”, explica Moraes.