Trigo 23-07-2022 | 19:35:00

Onde está o trigo barato da próxima safra?

Nesta semana nos debruçamos sobre o preço do trigo para a próxima safra, algo que já começa a preocupar moinhos, produtores e compradores de farinha

Por: Luiz Carlos Pacheco

No Rio Grande do Sul os custos em junho já estão a R$ 112,41/saca, como mostra o gráfico abaixo, da FARSUL. Este valor, projetado até dezembro pela simples correção da inflação (o que não será suficiente, é claro), evoluiria para R$ 113,43/saca no mercado de balcão, o que significaria algo ao redor de R$ 120,00/saca no mercado de lotes ou um mínimo de R$ 1.990,00/tonelada FOB armazem do vendedor, eventualmente R$ 2.050,00/t nos moinhos. Mais o lucro da cooperativa/cerealista. Este preço é 46,43% mais alto do que o mesmo período de 2021 e apenas 4,65% menor do que o preço atual de safra velha, mas, lembrando que a defasagem ainda existente entre o preço da matéria-prima e o preço das farinhas no estado ainda é de 11,47%, como mostramos em nossa análise da semana passada, nests espaço.
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No Paraná o custo é ainda maior e o preço de venda do trigo não poderá ser menor do que R$ 2.153/t. No Paraná, os custos divulgados pelo Deralenbsp; em maio passado já estavam em R$ 4.976,49 ou R$ 103,69/saca (vide detalhes no final deste boletim). Se corrigirmos este número apenas pela inflação projetada até dezembro22, teremos algo ao redor de R$ 5.021,18/hectare (número considerado baixo) ou R$ 104,62/saca ou, ainda, R$ 1.744,03/tonelada, para o agricultor, o que significa que algo ao redor de R$ 129/saca ouenbsp; um mínimo de R$ 2.153/tonelada, no mercado de lotes CIF moinhos. Então, onde está o trigo barato?


CONCLUSÃO
1. O que se pode ver hoje, para frente, mostra que os custos de produção do agricultor permanecem altos, ao redor de R$ 1.750,00 até por que foram adquiridos em valores elevados antes da queda nos preços do trigo em Chicago. Isto projetaria preços de venda no mercado de lotes acima de R$ 2.000/tonelada para safra nova.


2. Contudo, os agricultores estão cometendo um erro de comercialização, segurando as fixações dos preços futuros (veja bem, não estamos falando de vendas futuras). Os melhores momentos para fixação já passaram, quando Chicago atingiu, por duas vezes para a cotação de julho e uma vez para a cotação de dezembro, o pico de $1280/bushel (hoje caiu para $ 774,50 dezembro, perda de US$ 168,5/tonelada!).enbsp; Já explicamos várias vezes aqui que os responsáveis pelas cooperativas, cerealistas e moinhos deveriam ter fixado preços nos melhores momentos para ajudar o triticultor e estimular a produção (o melhor insumo, que gera abundância de matéria-prima, é o preço). Mas, não fizeram, sabem por quê? Por que não sabem fazer, simples assim. Então, faça o curso de Cascavel, ou peça um curso In Company, que explicamos também para seus diretores, conselho, gerentes financeiro, de armazem, etc.


3. Este atraso na comercialização pode realmente provocar uma barriga nos preços em dezembro:enbsp; Em dezembro dois fatores importante se juntarão para pressionar os preços: a) uma colheita abundante, estimada entre 9,2 e 10,2 milhões de toneladas pelas consultorias, b) um excesso de ofertas muito rápido, pelo menos no RS, porque os agricultores não venderam nada (até agora apenas 400 mil tons conhecidas) e se sabe que eles gostam de colher e vender logo, porque os armazens precisam estar livres para receber o milho, cuja colheita também inicia em dezembro.enbsp; Diríamos que esta pressão de vendas poderia jogar os preços para níveis bem próximos dos de dezembro de 2021.


4. Outro ponto seria a pressão do consumidor final. Consultamos um especialista no assunto de vendas finais ao consumidor e ele nos disse que “O custo de farinha subiu em 12 meses 39% e de trigo em 58%; dos biscoitos, massas e pães industriais o que mais subiu foi o pão industrial 23%. Conclusão: a farinha provavelmente deverá aumentar o preço um pouco mais, quanto? (pergunta de 1 milhão). O consumo não deve reduzir porque em 2021, reduziu 2%. O que está acontecendo, é migração para produtos mais baratos ou, como está acontecendo na indústria, redução de volume das embalagens. Até o momento a última informação que temos era manutenção de volumes com migração para os de menor valor."enbsp; Então, concluímos que, se o consumo recuar apenas 2% os consumidores darão suporte para o escoamento dos produtos aos preços ainda elevados do grão e das farinhas na próxima safra.


5. O trigo importado não tem tendência de cair mais de preço além do que já caiu. Um dia antes de começar a guerra na Ucrânia o preçodo trigo argentino era de US$ 350/tonelada e dois dias depois subiu para US$ 400, chegando ao máximo de R$ 492/tonelada. Neste mmento está em US$ 405/tonelada e deverá permencer ao rdor disto até a próxima safra, dadas as características internas do mercado argentino,cuja economia atravessa fase bem difícil e confusa, com os agricultores não sabendo bemcomo cotar seus produtos.


6. O bombardeio russo do porto de Odessa, um dia depois do acordo, pode elevar Chicago? Sim! E muito, constituindo-se uma nova oprtunidade de boa fixação de preço para os triticultores, cerealistas, cooperativas e moinhos brasileiros para o trigo de safra nova. É bom se preparar desta vez. Teoricamente, anularia toda a queda havida em Chicago nas últimas semanas, mas isto não é garantido, depende da reação dos países envolvidos e do mercado. Sugerimos prestar bem atenção à evolução do mercsado nesta semana. Certament4, na segunda-feira, Chicago vai recuperar tudo o que caiu nesta sexta-feira.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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