Sustentabilidade 26-05-2025 | 12:00:00

Fósforo, um recurso limitado que precisa ser bem utilizado

Valter Casarin*

Por: Assessoria

Há diversos desafios relacionados ao uso do fosfato em baterias lítio-ferro-fosfato (LFP). Como o fósforo é amplamente empregado na produção de fertilizantes, o aumento da demanda por baterias pode gerar competição com a indústria agrícola. Combinado com nitrogênio e potássio, o fósforo eleva a fertilidade do solo e possibilita o aumento da produção de alimentos, o que faz com que cientistas estejam constantemente preocupados com o risco de escassez de fosfato, algo que pode comprometer a segurança alimentar global.
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O uso do fósforo em baterias amplia os mercados para além dos fertilizantes, impulsionado pelo crescimento da oferta de carros elétricos. Além do setor automotivo, muitos especialistas consideram que a bateria LFP exerce papel fundamental no mercado de armazenamento de energia.


Por outro lado, os fosfatos não podem ser sintetizados artificialmente, e apenas uma quantidade limitada pode ser extraída do meio natural. Os fertilizantes respondem por cerca de 50% da produção global de alimentos. Com a intensificação das produções agrícolas a cada ano, ocorre a diminuição do fósforo disponível no solo, tornando essencial a oferta contínua de fertilizantes, sejam minerais ou orgânicos, para garantir a produção de alimentos diante do crescimento populacional mundial.

O fósforo é um macronutriente vital para o desenvolvimento das plantas, fundamental para o crescimento das raízes, formação de sementes e frutos, e para a produção de energia (ATP). A deficiência de fósforo pode resultar em menor desenvolvimento radicular, maior suscetibilidade a doenças e redução do tamanho dos frutos, acarretando menor produtividade.

Enquanto o esgotamento do petróleo é frequentemente discutido, a escassez do fósforo recebe pouca atenção e dificilmente mobiliza o debate político. Contudo, o declínio deste recurso, diante de uma demanda crescente, pode representar uma ruptura no modelo agroindustrial vigente. Uma transição mal planejada ameaça a segurança alimentar global.

É importante destacar que a exploração intensiva de depósitos de fosfato, recurso não renovável e insubstituível, pode causar problemas graves no futuro, já que o fósforo é indispensável para a vida. Pesquisadores mais otimistas estimam que haja fósforo disponível por centenas de anos, enquanto outros indicam um prazo inferior a um século para que surjam déficits significativos.

*Valter Casarin é agrônomo e especialista em solos e nutrição de plantas, com ampla experiência acadêmica e profissional no setor agrícola. Atualmente, atua como professor e consultor na área de nutrição vegetal e manejo de solos.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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