Feijões amazônicos se destacam por alto valor nutricional e diversidade
Feijões se destacam por alto valor nutricional e diversidade, promovendo renda e preservação da agricultura familiar
Por: Redação RuralNews
As análises ocorreram no laboratório de Bromatologia da Embrapa Acre. Os agricultores familiares cultivam as variedades mais proteicas usando métodos tradicionais. A maior parte do plantio ocorre no período seco, nas praias dos rios da região.
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Além disso, o estudo identificou antocianinas, antioxidantes naturais que ajudam a combater o envelhecimento celular e prevenir doenças como câncer, problemas cardíacos e Alzheimer. Os feijões Preto de Arranque e Preto de Praia se destacaram, com índices de 420 a 962 microgramas por grama, acima dos encontrados em variedades brancas e coloridas.
Segundo a professora Guiomar, a composição nutricional varia conforme a espécie, a variedade e o local de cultivo. “Essas variedades ainda são pouco estudadas, o que mostra que ainda temos muito a aprender sobre elas”, afirma.
O conhecimento nutricional pode valorizar o produto e gerar mais renda para os produtores. O estudo também comprovou que os grãos mantêm suas qualidades por até 12 meses em diferentes tipos de embalagens. Siviero explica: “Esse ponto é fundamental, pois as sementes são selecionadas e manejadas por agricultores familiares, indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais. Ao longo dos anos, elas se adaptaram às técnicas de manejo e às condições locais de cultivo.”
Conhecer essas características também permite desenvolver mercados selecionados, nos quais consumidores pagam mais por feijões diferenciados. Assim, o produto se valoriza e aumenta a renda dos agricultores.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) lançou em setembro o Selo Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, que reconhece alimentos e produtos de comunidades tradicionais. Por isso, associações e cooperativas podem solicitar o selo para os feijões crioulos do Juruá.
Além disso, os feijões podem receber certificações orgânicas ou Indicação Geográfica, como já ocorreu com a farinha de mandioca da região. A cadeia produtiva envolve agricultores, cooperativas e instituições públicas e privadas. A embalagem a vácuo também ajuda a conservar os grãos, evitando o uso de inseticidas.
O Vale do Juruá é conhecido pela diversidade agrícola e pelas práticas sustentáveis. A pesquisadora Elisa Wandelli, da Embrapa Amazônia Ocidental, reforça que os ribeirinhos conseguem produzir alimentos enquanto preservam a natureza. “Nas comunidades que visitamos, vimos uma população sábia que mostra ser possível produzir alimento e cuidar da natureza ao mesmo tempo. Essa sabedoria ancestral merece ser protegida e valorizada”, afirma.
Pedro Bezerra da Silva, agricultor da Comunidade Novo Horizonte, em Porto Walter (AC), planta macaxeira, banana e feijão todos os anos. “Grande parte da alimentação da família vem do que plantamos. O que sobra vendemos para aumentar a renda. Se eu não plantar, não consigo comprar todos os alimentos na cidade”, conta.
Ele também percebe mudanças no clima. “Nos últimos anos, o verão tem ficado cada vez mais quente. Já tivemos anos em que tudo secou, até brotos de água na mata”, complementa.
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Texto publicado originalmente em Destaque
Antocianinas e benefícios à saúde
Feijões do Juruá unem sabor, diversidade e alto valor nutricional. Foto: Felipe Sá
Além disso, o estudo identificou antocianinas, antioxidantes naturais que ajudam a combater o envelhecimento celular e prevenir doenças como câncer, problemas cardíacos e Alzheimer. Os feijões Preto de Arranque e Preto de Praia se destacaram, com índices de 420 a 962 microgramas por grama, acima dos encontrados em variedades brancas e coloridas.
Segundo a professora Guiomar, a composição nutricional varia conforme a espécie, a variedade e o local de cultivo. “Essas variedades ainda são pouco estudadas, o que mostra que ainda temos muito a aprender sobre elas”, afirma.
Valorização e conservação do produto
O conhecimento nutricional pode valorizar o produto e gerar mais renda para os produtores. O estudo também comprovou que os grãos mantêm suas qualidades por até 12 meses em diferentes tipos de embalagens. Siviero explica: “Esse ponto é fundamental, pois as sementes são selecionadas e manejadas por agricultores familiares, indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais. Ao longo dos anos, elas se adaptaram às técnicas de manejo e às condições locais de cultivo.”
Conhecer essas características também permite desenvolver mercados selecionados, nos quais consumidores pagam mais por feijões diferenciados. Assim, o produto se valoriza e aumenta a renda dos agricultores.
Políticas públicas e certificações
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) lançou em setembro o Selo Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, que reconhece alimentos e produtos de comunidades tradicionais. Por isso, associações e cooperativas podem solicitar o selo para os feijões crioulos do Juruá.
Além disso, os feijões podem receber certificações orgânicas ou Indicação Geográfica, como já ocorreu com a farinha de mandioca da região. A cadeia produtiva envolve agricultores, cooperativas e instituições públicas e privadas. A embalagem a vácuo também ajuda a conservar os grãos, evitando o uso de inseticidas.
Sustentabilidade e agricultura familiar
O Vale do Juruá é conhecido pela diversidade agrícola e pelas práticas sustentáveis. A pesquisadora Elisa Wandelli, da Embrapa Amazônia Ocidental, reforça que os ribeirinhos conseguem produzir alimentos enquanto preservam a natureza. “Nas comunidades que visitamos, vimos uma população sábia que mostra ser possível produzir alimento e cuidar da natureza ao mesmo tempo. Essa sabedoria ancestral merece ser protegida e valorizada”, afirma.
Pedro Bezerra da Silva, agricultor da Comunidade Novo Horizonte, em Porto Walter (AC), planta macaxeira, banana e feijão todos os anos. “Grande parte da alimentação da família vem do que plantamos. O que sobra vendemos para aumentar a renda. Se eu não plantar, não consigo comprar todos os alimentos na cidade”, conta.
Ele também percebe mudanças no clima. “Nos últimos anos, o verão tem ficado cada vez mais quente. Já tivemos anos em que tudo secou, até brotos de água na mata”, complementa.
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Feijão - Feijões amazônicos - Valor nutricional
- Agricultura familiar
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Texto publicado originalmente em Destaque
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