Economia 05-05-2025 | 17:40:00

Farsul busca destravar recursos para ampliar prorrogação de dívidas rurais

Federação solicita mudanças no sistema financeiro para garantir efetividade das prorrogações

Por: Redação RuralNews

Apesar de as instituições financeiras serem obrigadas a ofertar crédito rural, apenas uma parte delas atua diretamente. A maioria utiliza o Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural (DIR), repassando os valores com lucro garantido e sem risco. Já os bancos que operam na ponta — financiando diretamente o produtor — enfrentam margens espremidas ou negativas, pois o custo de captação é igual ao retorno permitido, sem contar os custos operacionais e o risco de inadimplência.
VEJA TAMBÉM:

Esse modelo, segundo a Farsul, torna o sistema ineficiente, já que recompensa quem repassa recursos em detrimento de quem concede crédito direto com análise de risco. O resultado é uma realocação inadequada de esforços e recursos, prejudicando o objetivo da política de crédito rural.
Foto: Freepik


Com isso, instituições que financiam diretamente os produtores se tornam mais cautelosas, dificultando o acesso ao crédito, especialmente para os considerados de maior risco — ainda que estejam dentro das regras do crédito rural.

“Quando falta recurso para prorrogação, a instituição ou não faz, ou cobra juros de 2% a 3% ao mês, enquanto outras, com sobras, preferem emprestar para quem paga mais, o que não é o caso das que estão com carteira estressada”, alerta o economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz. “Não adianta anunciar prorrogação se o banco não tiver recursos.”

Segundo Luz, mesmo que uma instituição concorde em repassar o valor sem ganho — apenas com a taxa de juros que receberia —, ela ainda terá prejuízo se isso for inserido no Plano Safra, pois arcará com custos futuros e taxas atuais, reduzindo a quantidade de recursos disponíveis. A baixa disposição dos bancos em operar com margens nulas ou negativas pode comprometer a oferta de crédito rural, afetando principalmente pequenos e médios produtores em regiões menos atendidas.

Para contornar esse cenário, a Farsul encaminhou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) um ofício solicitando taxa de intermediação zero no DIR. A entidade reconhece que a cobrança é comum, mas destaca que o Banco Central ainda não fixou nenhuma taxa oficial. A Federação argumenta que a cobrança de juros no DIR descaracteriza a natureza da operação, que deveria servir para ampliar o crédito ao produtor, e representa uma forma de lucro indevido por parte de agentes financeiros.

Esse modelo reduz a oferta de crédito e agrava o cenário do agronegócio gaúcho. “A escassez de recursos é crítica por causa das múltiplas prorrogações. Estamos propondo medidas para liberar recursos e atender os produtores gaúchos”, diz Luz. “A estimativa é que a mudança aumente em até 20% a carteira das instituições, o que dará fôlego para prorrogações mantendo os juros contratados.”

TAGS:
Farsul - Recursos - Prorrogação de dívidas rurais


Texto publicado originalmente em Notícias
Leia também: