Queijos e Lácteos 06-11-2025 | 15:46:00

Faeg reage ao avanço das importações de leite e cobra medidas urgentes

Entidade alerta para desequilíbrio no mercado e defende suspensão temporária das importações para proteger produtores e estabilizar preços

Por: Redação RuralNews

Segundo Schreiner, o avanço das importações tem provocado desequilíbrio no mercado interno e exige respostas imediatas. “Há fortes indícios de práticas de dumping, e isso precisa ser apurado. Não podemos permitir que o produtor brasileiro perca competitividade por distorções no comércio internacional”, reforçou.
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O dumping do leite no Brasil ocorre quando países vizinhos, como Argentina e Uruguai, exportam leite em pó a preços inferiores ao custo de produção. Dessa forma, os produtos chegam ao mercado nacional com valores muito abaixo do praticado internamente, prejudicando a concorrência.
Foto: Faeg / Divulgação


Produtores enfrentam queda de preços

O presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Faeg, Vinícius Correia, destacou que a pressão das importações atinge diretamente o produtor. Ele defendeu medidas emergenciais, como a suspensão temporária das importações, para permitir a estabilização do mercado interno.

“O leite importado tem derrubado o preço pago aqui dentro. Há propriedades já reduzindo produção e adiando investimentos porque não conseguem competir com produtos que chegam ao país a valores muito abaixo do custo real”, afirmou Correia.

O gerente técnico do Grupo de Estudos Técnicos da Faeg (Getec), Edson Novae, lembrou que a CNA apresentou provas ao governo sobre os indícios de dumping. As informações mostram que indústrias da Argentina e do Uruguai estariam comercializando leite em pó no Brasil a preços menores que seus custos internos. “Os produtores pediram a aplicação de sobretaxas, mas o pedido não foi atendido. Seguimos empenhados para que o governo reavalie essa decisão”, disse.

Impactos das importações

De acordo com levantamento da Faeg, o volume de lácteos importados cresceu 20% em setembro de 2025, subindo de 160 milhões para 192 milhões de litros equivalentes de leite. Caso o ritmo continue, o Brasil poderá encerrar o ano com 2,3 bilhões de litros importados, volume próximo à produção anual de Goiás, estimada em 2,9 bilhões de litros.

Os preços pagos ao produtor goiano caíram, em média, 17% em um ano. Passaram de R$ 2,81/litro em setembro de 2024 para R$ 2,34/litro em setembro de 2025. Além disso, há produtores recebendo R$ 1,80/litro, mesmo com um custo médio de R$ 2,30/litro, o que torna a atividade insustentável. No mesmo período, os custos de produção subiram 4,4%, agravando ainda mais a situação.

Setor busca medidas de reação

Diante desse cenário, a Faeg articula ações urgentes para proteger os produtores e reequilibrar o mercado. A entidade cobra que o Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), reavalie a investigação sobre dumping e adote medidas antidumping contra o leite em pó importado da Argentina e do Uruguai.

Além disso, a federação pretende propor projetos de lei na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O objetivo é desestimular as importações e incentivar o consumo de produtos processados por indústrias goianas.

Outra frente de ação é a ampliação das compras governamentais. Dessa forma, a Faeg quer aumentar a aquisição de leite e derivados produzidos no estado por meio dos programas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), fortalecendo a renda dos produtores locais.

Por fim, a entidade trabalha na organização de uma mobilização nacional do setor. A iniciativa reunirá cooperativas e entidades representativas em Brasília para pressionar pela continuidade da investigação sobre dumping, pela suspensão das importações e pela criação de uma política nacional de apoio ao produtor de leite.

Schreiner afirmou que o momento exige ação coordenada e rápida. “O leite é uma atividade essencial para milhares de famílias. Não podemos permitir que a concorrência desleal destrua esse patrimônio do campo brasileiro”, concluiu.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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