Legislação 06-11-2025 | 14:09:00

CNA discute seguro rural e endividamento no campo no Senado

Entidade alerta no Senado para aumento da inadimplência, falta de cobertura de seguro e dificuldades no acesso ao crédito rural

Por: Redação RuralNews

O assessor técnico da CNA, Guilherme Rios, destacou que há 60% de chance de ocorrência de La Niña. O fenômeno deve provocar estiagem no Sul e aumento das chuvas no Centro-Norte entre outubro e dezembro deste ano. Esse cenário, portanto, pode afetar principalmente a produção de soja durante a safra de verão.
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Segundo Rios, os produtores enfrentam a nova safra praticamente sem ferramentas de gestão de risco. “Estamos com a safra de verão praticamente descoberta de seguro rural, e isso é muito preocupante”, alertou.
CNA alerta no Senado para os desafios do seguro rural. Foto: CNA / Divulgação


Inadimplência e crédito mais restrito

Os problemas climáticos e a falta de cobertura têm dificultado o acesso dos produtores ao crédito rural. “Devido à ausência do seguro e por anos seguidos de adversidades climáticas, houve um aumento considerável da inadimplência”, afirmou o assessor.

Ele lembrou que o último pico de inadimplência ocorreu em março de 2017, quando atingiu 5,91%. Em setembro de 2024, o índice era de 3,37%, mas chegou a 10% neste ano, em taxas de mercado. “Foi um aumento expressivo em um curto período de tempo”, disse.

Além disso, Rios apontou o crescimento dos pedidos de recuperação judicial no setor, o que aumentou o temor das instituições financeiras e tornou mais rígida a liberação de crédito. Assim, as exigências de garantias para novos financiamentos estão mais severas.

O assessor também comentou a Resolução 4966 do Conselho Monetário Nacional, em vigor desde janeiro, que alterou o modo como os bancos provisionam perdas de carteira. “Essa resolução entrou em vigor justamente quando o setor está com a saúde financeira debilitada, criando ainda mais dificuldades para o produtor acessar crédito”, observou.

Seguro rural em retração

O representante da CNA apresentou dados do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), que cobriu apenas 2,19 milhões de hectares em 2025. “Se nada mudar, este será o pior desempenho do programa desde 2007. Tivemos um grande retrocesso por falta de suplementação orçamentária e previsibilidade”, explicou.

Por outro lado, o baixo investimento no seguro rural acabou elevando os custos dos produtores. Apenas em 2025, mais de R$ 12 bilhões devem ser destinados à liquidação de dívidas rurais.

Rios defendeu que, antes de criar novas linhas de crédito emergencial, é preciso resolver as causas que impediram o pagamento das indenizações. Isso inclui oferecer produtos adequados, ampliar o conhecimento técnico, padronizar a atuação das seguradoras e fortalecer a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Caminhos para melhorar o sistema

Entre as principais reclamações dos produtores estão a falta de produtos de seguro adaptados às realidades regionais, os custos elevados, a burocracia nos sinistros e a escassez de opções no mercado. “Em regiões como o Matopiba, quase não há ferramentas de seguro rural, mesmo com atividades consolidadas e produtividades elevadas”, destacou.

Para Rios, é essencial suplementar o orçamento do PSR, garantir previsibilidade, fortalecer o Proagro e estimular melhores práticas por meio do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZarcNM). Além disso, ele defende a criação de uma base de dados sólida para o desenvolvimento de novas ferramentas.

“Esses caminhos são fundamentais para melhorar a gestão de riscos. Se boa parte dessas medidas estivesse em vigor, a inadimplência e o endividamento atuais não teriam atingido esses níveis”, concluiu.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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