Economia 10-12-2025 | 9:48:00

Agro sustenta economia, mas incertezas pressionam 2026

Setor impulsionou o controle da inflação e o crescimento em 2025, porém riscos fiscais, climáticos e comerciais devem desafiar produtores no próximo ano

Por: Redação RuralNews

PIB e inflação sob influência do campo

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A CNA destaca que o agro evitou que a inflação ficasse acima da meta, ajudando a mantê-la em 4,4% ao final de 2025. Além disso, impulsionou a expansão de 9,6% do PIB do agronegócio, que deve alcançar R$ 3,13 trilhões neste ano. Embora o crescimento previsto para 2026 seja mais modesto, de 1%, o setor continuará com peso decisivo na economia.
Coletiva da CNA apresentou o balanço do agro em 2025 e as perspectivas para 2026. Foto: CNA / Divulgação


Sem essa contribuição, afirma a entidade, seria necessária uma política monetária ainda mais rígida, já que a taxa Selic permanece em 15% ao ano.

Pressão por ajuste fiscal deve persistir



O próximo ano deve exigir maior esforço de equilíbrio das contas públicas. Por isso, o governo tende a ampliar a arrecadação e reforçar a fiscalização tributária, o que mantém a atividade econômica em ritmo cauteloso e pode afetar diretamente o setor produtivo.

Endividamento rural atinge maior nível da série histórica



As dificuldades enfrentadas pelo produtor já aparecem nos indicadores financeiros. Em outubro de 2025, a inadimplência do crédito rural com taxas de mercado chegou a 11,4%, o maior patamar desde 2011.

Esse avanço resulta, sobretudo, de eventos climáticos recorrentes, custos elevados de produção, queda no preço das commodities e juros altos, além da pouca oferta de seguro rural.

Seguro rural insuficiente aumenta riscos



O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural teve o pior resultado desde 2007. A cobertura alcançou apenas 2,2 milhões de hectares, o equivalente a menos de 5% da área agricultável do país. Dessa forma, os produtores permanecem mais vulneráveis a perdas climáticas, o que retroalimenta o endividamento.

VBP segue em expansão graças aos grãos



Apesar das dificuldades, o Valor Bruto da Produção deve crescer 5,1% em 2026 e atingir R$ 1,57 trilhão.

Na agricultura, a projeção é de R$ 1,04 trilhão (+6,6%), enquanto a pecuária deve avançar 2,2%, chegando a R$ 528,09 bilhões. O desempenho será impulsionado principalmente por soja e milho, que sustentam a renda do campo em diversos estados.

Produção de grãos cresce, mas arroz recua



De acordo com a Conab, a safra 2025/26 deve alcançar 354,8 milhões de toneladas, ligeiro avanço de 0,8% sobre a temporada anterior. A soja deve subir 3,6% e atingir 177,6 milhões de toneladas. Já o milho tende a recuar 1,6%, totalizando 138,8 milhões considerando todas as safras.

Por outro lado, o arroz deve sofrer redução de 11,5% na produção, reflexo do consumo estagnado e dos preços mais baixos observados em 2025.

Pecuária terá oferta menor e preços maiores



Os abates de bovinos aumentaram em 2025, mas com forte participação de fêmeas (49,9%). Isso reduz a disponibilidade de animais para 2026 e tende a elevar o preço da arroba, já que a oferta de carne bovina deve cair 4,5% no próximo ano.

Com a arroba mais cara, outras proteínas podem ganhar competitividade no mercado interno.

Cenário internacional adiciona incertezas



Além das questões domésticas, o comércio exterior terá grande influência sobre o desempenho do agro. Os Estados Unidos devem manter postura comercial mais agressiva, o que pode comprometer a competitividade brasileira.

Caso as tarifas adicionais de 40% permaneçam, o impacto pode chegar a US$ 2,7 bilhões em 2026. Entre agosto e novembro deste ano, as exportações do agro para os EUA já recuaram 37,85%.

Mercosul–União Europeia segue sob risco



Mesmo com avanços no processo de ratificação, a CNA alerta que salvaguardas impostas pela Europa podem reduzir os ganhos esperados com o acordo comercial, especialmente para produtos agrícolas.

China fortalece a própria produção



O país asiático, principal parceiro do Brasil, avalia impor salvaguardas às importações de carne bovina e busca diminuir sua dependência externa de grãos. Com a possibilidade de direcionar compras para os EUA, a participação brasileira no mercado chinês pode encolher, sobretudo na soja.

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Texto publicado originalmente em Notícias
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