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Trigo 07-03-2024 | 17:36:00

Fórum do Trigo debate nova política argentina para o grão

Em 2023, a produção gaúcha de trigo teve uma redução de 14%


Por: Redação RuralNews


Schroeder destacou que por muitos anos o trigo foi uma das principais culturas do Rio Grande do Sul. “Houve prejuízos nos últimos anos, mas os produtores insistiram e continuam plantando”, disse. Ele ressaltou ainda que as adversidades climáticas, principalmente o excesso de chuva, atrapalha a produtividade do cereal, mas “em condições normais, é possível termos uma boa safra. Porém, há questões que não estão ao nosso alcance, mas batalhamos junto aos órgãos em prol do setor”.
Para o secretário Feltes, o trigo é um cereal milenar e indispensável na produção do Estado. “Viveu momentos desafiadores, mas voltou ao cenário com maior robustez e teve dois anos com resultados bastante expressivos. Este ano a realidade tende a ser diferente, mesmo com o aumento da área plantada, mas que certamente será superada”, enfatizou.
Em 2023, a produção de trigo uma redução de 14%, passando de 5.288.030 toneladas obtidas na safra 2022 para 4.548.934 toneladas. A área cultivada foi de 1.505.704 hectares (-1,5% em relação ao ano anterior).

Painéis

O especialista em Trigo da empresa Safras Mercado, Elcio Bento, falou sobre “A nova política do trigo na Argentina e os impactos no Brasil”. Segundo ele, o país vizinho é importante para a formação de preços no Brasil. “A Argentina é nosso maior fornecedor de trigo. O Brasil importa mais da metade de seu consumo e, desse volume, em condições normais, a Argentina fornece mais de 80%”, relatou. “Sendo assim, os preços no Brasil são formados pela paridade de importação em relação ao país vizinho. Ou seja, os preços que os moinhos pagam pelo produto importado da Argentina determinam os que os produtores nacionais receberão”, completou Bento. Ele abordou também as retenciones, que são as taxas de exportação que o governo argentino coloca sobre o trigo e outras commodities. “A promessa do novo presidente Javier Milei era a isenção de retenciones. A última vez que foi utilizada foi pelo ex-presidente Mauricio Macri em 2015. A produção rapidamente alcançou níveis recordes. Com Alberto Fernandes, a cobrança retornou. Milei havia prometido isentar, depois reduzir gradualmente. Porém, com a situação fiscal, não foi possível abrir mão dessa arrecadação. Pelo contrário, existe a possibilidade de elevação de 12% para 15%”, comentou o especialista.
Bento alertou ainda para o limite de cota de exportação na Argentina, que dependia da produção. Conforme ele, o último estabelecido, na temporada 2021/2022, foi 10 milhões de toneladas (a produção foi de 22 milhões de toneladas). “Nas duas últimas safras, houve quebra de produção, e os montantes exportados foram muito menores que essa cota. Não foram estabelecidas cotas”, contou. E o reflexo para o Brasil é um só. Com a quebra de safra, o país, inclusive o Rio Grande do Sul, precisará comprar mais trigo do exterior. A Argentina determinará o limite de preços que o produtor nacional poderá receber (paridade de importação)”.
Já o presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rogério Tondo, apresentou a “Visão da Abitrigo sobre o mercado nacional e internacional”. Ele citou que a indústria de moagem brasileira possui 108 empresas e 144 plantas moageiras e que a moagem de trigo em 2023 ultrapassou 12 milhões de toneladas. “As regiões Norte e Nordeste concentraram 26% da moagem, e o Rio Grande do Sul 15%”, disse Tondo. Conforme ele, essa indústria gerou, no ano passado, 30 mil empregos diretos e R$ 33 bilhões em vendas. “Além dos empregos indiretos em transportes, armazenamento, laboratórios, serviços terceirizados e fornecedores de embalagens e insumos”, acrescentou Tondo. “A produção de trigo no Brasil em 2023 foi de oito mil toneladas, e a expectativa para 2024 é que ultrapasse as 10 mil toneladas”, destacou.“ Enquanto isso, o consumo de trigo foi de 12.700 toneladas, ou seja, precisamos aumentar a produção”, alertou.
“Por isso, foi preciso importar mais de sete mil toneladas da Argentina, Canadá, Estados Unidos, Rússia, Paraguai e Uruguai. A maior parte veio da Argentina”.
Segundo o presidente da Abitrigo, “é importante desenvolver a autossuficiência do trigo no Brasil e de forma geograficamente distribuída, com competitividade e com infraestrutura que permita o escoamento do trigo para todas as regiões do País”.

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