Tratores
21-03-2022 | 13:54:00
Montadoras estão prontas para as novas regras do Proconve?
Stela Kos*
Mesmo que as alterações não impliquem em descontinuidade na produção dos veículos, há a possibilidade de alguns motores serem aposentados para serem substituídos por outros mais modernos e eficientes. Isso porque no universo de veículos pesados a análise de emissões é tratada por motor e não por veículo (com exceção da emissão de ruídos).
Mudam os limites máximos
Os fabricantes de veículos pesados para transporte de carga e passageiros devem se preparar para implantação definitiva do Proconve P8, que também estipula novos limites máximos de emissão dos gases de escapamento, partículas e ruído. A P8 também determina novos padrões de requisitos de durabilidade, sistemas de diagnóstico de bordo (OBD) e testes em uso.
Cada modelo de veículo pesado será submetido ao chamado In-service Conformity (IsC), ou conformidade em serviço. Nesse programa, a montadora deverá submeter o veículo a um teste de tráfego real chamado Real Driving Emissions (RDE), com o intuito de saber se ele está dentro dos requisitos do combate às emissões do Ibama. A aplicação desse teste se tornou obrigatória graças ao caso “Diesel Gate”, quando várias fábricas burlaram testes de emissões, com falsos resultados no laboratório, que eram até 40 vezes superiores na prática.
A exigência da redução de gases por veículos pesados demanda um sistema de pós-tratamento dos gases ainda mais tecnológico. Além disso, a durabilidade exigida é muito maior, ou seja, o veículo deve manter os mesmos níveis de emissões por um período maior de tempo. O uso de ARLA 32 por veículos pesados já é bastante comum para atender os atuais requisitos de emissões e continuará sendo necessário. Além disso é de extrema importância utilizar um Diesel de qualidade e manter o plano de manutenção do veículo em dia.
Veículos leves já estão sujeitos à nova legislação
Para os motores de veículos leves, o Proconve L7, implementado em janeiro de 2022, exige a redução dos limites de gases emitidos pelo escape, e passa a considerar as emissões de hidrocarbonetos, aldeídos e do etanol, que serão adicionadas aos valores de NOx (Óxido de Nitrogênio). Além disso, os catalisadores deverão ter o dobro da vida útil, passando de 80 mil para 160 mil quilômetros. Outras mudanças afetam o valor das emissões evaporativas, que consideram o vapor tóxico liberado pelo tanque de combustível. O limite vai baixar de 1,5 grama (obtida em teste em laboratório) para 0,5 g por dia. Assim, o filtro de carvão (cânister) precisará ter capacidade maior.
E as montadoras também já colocaram no radar a fase L8 do Proconve, prevista para entrar em vigor em 2025, com limites que inviabilizarão o uso dos motores atuais, o que deve impulsionar a adoção de carros elétricos e híbridos.
Para as montadoras, é essencial manter as linhas de produção alinhadas aos novos requisitos, com a entrega de veículos leves e pesados que atendam a todas as regras, contando com a expertise de empresas especializadas em testes e certificações.
*Diretora de Mobilidade América do Sul e Guilherme Porazza Dias, Coordenador de Mobilidade - TÜV Rheinland