Mariangela Hungria é homenageada pelo Mapa com a Medalha Apolônio Salles
Pesquisadora é reconhecida por mais de 40 anos de contribuição à agricultura sustentável e liderança em tecnologias com bioinsumos
Mariangela Hungria recebe reconhecimento à contribuição para a agricultura sustentável brasileira. Foto: Percio Campos / Mapa
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) homenageou Mariangela Hungria com a Medalha de Mérito Apolônio Salles nesta quarta-feira (5), em Brasília.
A cerimônia, conduzida pelo ministro Carlos Fávaro, reconheceu a trajetória científica da pesquisadora. Seu trabalho transformou o uso de insumos biológicos e impulsionou a agricultura sustentável no Brasil.
Durante o evento, Fávaro destacou que a homenagem simboliza o reconhecimento da ciência pública brasileira.
Segundo ele, o trabalho de Hungria consolidou o país como líder mundial em tecnologias sustentáveis. “Esta medalha representa também a grandeza da Embrapa e dos avanços da ciência nacional”, afirmou o ministro.
Além disso, ressaltou que o prêmio evidencia o papel do Brasil na produção de alimentos de forma responsável e inovadora. Ao agradecer, Mariangela Hungria destacou o valor simbólico do prêmio.
“Ser reconhecida dentro da nossa própria casa tem um significado imenso. Dedico esta medalha às mulheres da ciência e da agricultura, muitas vezes invisíveis, mas essenciais para a segurança alimentar”, disse.
Por isso, dedicou a honraria aos colegas e estudantes que acreditaram na força dos bioinsumos.
Reconhecimento internacional reforça legado científico
A homenagem ocorreu poucos dias após Hungria receber, nos Estados Unidos, o World Food Prize 2025, considerado o “Nobel da Agricultura”. Ela é a primeira brasileira e a décima mulher no mundo a conquistar o prêmio. A premiação reconhece contribuições decisivas para a segurança alimentar global.
Dessa forma, o reconhecimento reforça a importância de sua atuação na transição para uma agricultura mais sustentável. Formada em Engenharia Agronômica pela Esalq/USP, Hungria tem mestrado e doutorado em Solos e Nutrição de Plantas.
Ingressou na Embrapa em 1982 e, desde então, dedica-se à pesquisa em microbiologia do solo. Seu foco está em microrganismos que fixam nitrogênio e reduzem o uso de fertilizantes químicos.
Atualmente, suas descobertas beneficiam cerca de 85% da área de soja cultivada no país, além de lavouras de feijão, milho e trigo. Consequentemente, o impacto de seu trabalho ultrapassa o campo, influenciando políticas públicas e estratégias ambientais.
Símbolo da ciência pública brasileira
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o impacto da pesquisadora na agricultura e na ciência pública. “Mariangela mostrou que o solo é vida e que ciência transforma o campo. Sua trajetória inspira novas gerações de cientistas brasileiras”, afirmou.
Entretanto, ela lembrou que ainda há desafios, como o fortalecimento dos investimentos em pesquisa e inovação.
Instituída em 1987, a Medalha de Mérito Apolônio Salles reconhece personalidades que prestam serviços relevantes à agricultura nacional. A cerimônia contou com autoridades do Mapa, representantes do setor produtivo, da academia e de instituições públicas.
Enquanto isso, a trajetória de Hungria segue como exemplo de compromisso com a sustentabilidade e a ciência aplicada ao campo. Mariangela Hungria entre as cientistas mais influentes do mundo
Além do World Food Prize, Mariangela Hungria integra a lista TIME 100 Climate 2025, que reúne as personalidades mais influentes na agenda climática global.
Por fim, ela também faz parte da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências. Hungria está ainda entre os cientistas mais citados do mundo, segundo ranking da Universidade de Stanford.