Pecuária
29-09-2023 | 8:07:00
Por: Valdecir Cremon
Comissão do Senado Federal debate medidas para apoiar pecuaristas
O setor pecuário vive um momento crítico, com preços caindo R$ 120 por arroba nos últimos 8 meses e não cobrindo os custos atuais
Por: Valdecir Cremon
O dado foi tirado de informações do consultor em Gestão de Agronegócios, Luciano Vacari, convidado pela comissão, sobre o risco de desaceleração e até retraçao na pecuária nacional. A queda nos preços, que acumula 45% desde março de 2022, foi inflada pelo aumento de 4,5% do rebanho, alcançando 234 milhões de cabeças, conforme dados do IBGE.
Segundo pecuaristas, o crescimento do rebanho integra o ciclo pecuário, um fenômeno recorrente que impacta a oferta, demanda e, consequentemente, os preços. "O ciclo pecuário sempre existiu. Antes, quando a pecuária não tinha tecnologia, era de sete em sete anos. Hoje, está menor, impactando na saúde financeira dos produtores", explicou Vacari.
Prorrogação de dívidas
O consultor disse que a previsão é de que no ano que vem a produção de bezerros será menor, dando início à retenção de matrizes, com queda no abate de fêmeas. Somente entre 2024 e 2025 deverá ocorrer a recuperação de preços. Por isso a necessidade de prorrogação de prazos das dívidas e oferta de linhas de crédito emergenciais para que os produtores possam passar por esse período “sem quebrar”.
Representantes dos bancos apresentaram disposição em atender o setor. Jaime Pinto Jr., do Banco do Brasil, anunciou que será disponibilizado R$ 1 bilhão para duas linhas de crédito. “Uma para custeio, com prazo de 1 ano, e outra para investimento, com prazo de 5 anos, além da renegociação das dívidas”, adiantou.
Gustavo Bastos Soares, do Sicoob, assegurou a prontidão da instituição para repactuações de crédito. “Especialmente em linhas para apoiar os produtores por período pontual, até o preço do gado voltar a subir". Roberto Martins de Paula, do Banco da Amazônia, ressaltou que a Instituição já empregou todos os mecanismos para manter a normalidade das operações e está pronto para adaptar as capacidades de pagamento dos clientes às condições atuais do mercado.
Wilson Vaz de Araújo, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, e Gilson Bittencourt, do Ministério da Fazenda, frisaram a necessidade de ações coordenadas entre instituições financeiras e governamentais. “Dentro do Plano Safra 2023, foram alocados R$ 272 bilhões para crédito de custeio e comercialização e R$ 92 bilhões para investimentos. Grande parte desses recursos ainda está disponível para contratação”, informou o secretário. Houve apelo dos parlamentares por intervenção governamental direta como auxílio emergencial para complementar o valor da arroba, uma vez que o preço do boi caiu R$ 120 nos últimos 18 meses.