Pecuária sustentável
14-03-2022 | 8:36:00
Por: Federacao da Agricultura do EStado de Sao Paulo
Alteração nas etapas de vacinação contra febre aftosa em SP
Em maio deste ano serão imunizados os animais com até 24 meses e, em novembro, a totalidade do rebanho paulista
Por: Federacao da Agricultura do EStado de Sao Paulo
Entenda por que o MAPA alterou as etapas
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) em inúmeras ocasiões alertou os órgãos responsáveis quanto à falta do imunizante em muitos pontos de revenda. Esse problema de fornecimento causou diversas vezes a prorrogação dos prazos da campanha de vacinação, prejudicando a logística dos pecuaristas.
Segundo Gabriel Adrian Sanchez Torres, auditor fiscal federal agropecuário e responsável pelo Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), está ocorrendo um descompasso entre a produção de vacinas e a diminuição do número de animais imunizados. “A gente vive um momento do programa nacional de vigilância da doença em que o País está avançando no status sanitário e alguns estados estão retirando a vacinação, substituindo-a por ferramentas de vigilância e detecção precoce. Com isso, os fabricantes estão reduzindo a produção, tendo em vista esse novo cenário”, diz ele. São Paulo é um dos estados que está se preparando para se tornar zona livre de febre aftosa sem vacinação, a fim de ter acesso a novos mercados no exterior.
Como, em tese, a demanda é menor, as indústrias também reduziram a fabricação, mas para uma quantidade muito baixa, insuficiente para abastecer os pontos de revenda – e é isso que está gerando os problemas de fornecimento do imunizante. “O DSA estudou a oferta de vacinas em estoque nas revendas, comparou com a programação de produção e chegou à conclusão que apenas com a inversão das etapas será possível atender às necessidades”, destaca Gabriel.
A alteração do calendário deste ano ocorre então porque, se em maio fosse ocorrer a vacinação de todo o rebanho, conforme o esquema usual, não haveria doses suficientes. Imunizando apenas os animais com até 24 meses, as indústrias terão mais condições de atender à demanda – no Estado de São Paulo, os bovinos e bubalinos dessa faixa equivalem a 42% de todo o rebanho paulista. Além disso, haverá mais tempo para confeccionar quantidade suficiente para a segunda etapa em novembro. A produção é feita continuamente ao longo do ano por três fábricas no Brasil, uma em São Paulo e duas em Minas Gerais – no passado havia outras duas em São Paulo que saíram do mercado, acompanhando a tendência da redução.
Gabriel afirma que a inversão ocorrerá apenas este ano, e que não causará problemas quanto à condição de saúde dos animais. “Não existe nenhum risco de comprometimento à imunização. O rebanho continuará sendo totalmente atendido uma vez por ano e os animais mais jovens, até 24 meses, duas vezes ao ano. Apesar da alteração, a frequência da vacinação continua a mesma”, conclui.
A insersão pode prejudicar o pecuarista?
Até 2016 o esquema era como esse proposto pelo MAPA para este ano: em maio os animais até 24 meses e em novembro todo o rebanho. Mas naquele ano a Faesp pleiteou mudanças porque causava problemas para o setor.
Wander Bastos, coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAESP, expõe algumas questões que preocupam o pecuarista. “A mudança que será feita este ano, voltando ao que era até 2016, prejudica o gado de corte por causa da estação de monta, que começa em agosto para depois, em novembro, o criador conduzir o gado no curral para outros procedimentos de manejo. No caso do gado de leite, o mês de novembro é mais quente e úmido, período em que geralmente chove. Para manejar o gado de leite no curral é complicado e há quebra de leite. Em maio, quando a temperatura é mais baixa, é melhor de lidar com o gado de leite, por isso a inversão das etapas pode trazer alguns transtornos ao pecuarista”, explica Wander.
O presidente da FAESP, Fabio de Salles Meirelles, compartilha dos receios dos pecuaristas, porém entende a necessidade da inversão do calendário para manutenção das garantias sanitárias. “A FAESP foi a entidade que pleiteou a vacinação de todo o rebanho em novembro com objetivo de mitigar a ocorrência de eventuais abortos. De todo modo, entendemos a decisão do MAPA, pois é muito importante garantirmos a imunização de uma importante faixa etária do plantel agora, com as doses que temos à disposição, para em novembro termos o quantitativo necessário de vacinas para todo o rebanho”, observa.
Apesar das preocupações, os criadores não têm alternativa, terão de cumprir o determinado pelo MAPA e buscar amenizar as possíveis perdas que ocorrerão, tanto na quebra da produção do leite quanto o provável prejuízo na procriação do gado de corte para quem trabalha com estação de monta. Segundo o determinado pelo MAPA, a movimentação de animais durante as etapas de vacinação continuará seguindo o esquema usual, ou seja, propriedade adimplente com a etapa de imunização em curso poderá movimentar normalmente seus animais. A mudança do calendário também tem o apoio do Sindicato