A montadora de máquinas e implementos agrícolas John Deere anunciou nesta quarta-feira (28) a suspensão por 60 dias da produção na fábrica da companhia em Horizontina, no Noroeste gaúcho. A medida visa ajustar a produção às demandas do mercado. A unidade emprega 1,7 mil pessoas.
Por meio de nota e sem detalhar a suspensão de produção e dos contratos, a John Deere confirmou a negociação com o sindicato dos trabalhadores. E informa no documento que busca “solução mais adequada para ajustar a taxa diária de produção em sua fábrica.
”Fontes do setor dizem que as revendas da marca norte-americana estão abarrotadas de máquinas agrícolas: “cada uma tem cerca de R$ 1 bilhão em equipamentos”. A empresa decidiu paralisar as atividades até a retomada dos negócios.
Em 2023, a John Deere já havia demitido mais de 450 funcionários da planta de Horizontina, devido a vendas abaixo do esperado. Com vendas estagnadas, outras empresas de máquinas agrícolas também recorrido a ajustes de quadro e de produção.
A John Deere tem um projeto em andamento para expansão da unidade. A ampliação recebeu incentivo de ICMS pelo Fundo Operação Empresa do Rio Grande do Sul (Fundopem-RS) para R$ 145 milhões. No pedido, foi informado ao governo do Estado que a capacidade produtiva subiria para 500 colheitadeiras e 950 plataformas de corte por ano.
Desempenho
A John Deere divulgou seu balanço do primeiro trimestre fiscal, que abrange o período entre novembro de 2023 e janeiro deste ano. O relatório mostrou uma queda no faturamento e no lucro. O faturamento total da marca caiu 4% em relação ao mesmo período de 2023, totalizando US$ 12,1 bilhões.
Queda
As vendas de máquinas agrícolas no Brasil caíram 13,2% em 2023, em relação a 2022. Foram 60.981 unidades. No ano anterior, as vendas de equipamentos novos somaram 70.262. O balanço foi divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Para este ano, a projeção é de uma nova retração no mercado.
O presidente da Anfavea, Márcio Leite, disse que as elevadas taxas dos financiamentos afetaram os resultados. Segundo ele, pelo menos 60% das decisões de trocas de máquinas agrícolas se baseiam em crédito.
Para 2024, a previsão da Anfavea também é de retração. As vendas devem cair 11%, para 54,3 mil máquinas agrícolas. Os dados da Associação abrangem tratores e colheitadeiras, além de equipamentos rodoviários, que tem parte da demanda no agronegócio.