Com El Niño, o que podemos esperar do inverno 2023?
O inverno de 2023 terá a influência do fenômeno El Niño, caracterizado pelo oceano PacÃfico Equatorial mais quente do que o normal.
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El Niño e as frentes frias
Um dos efeitos do El Niño é deixar a atmosfera mais quente. O aquecimento acima do normal da água do Pacífico Equatorial altera as fortes correntes de vento que são observadas em torno de 10 quilômetros de altitude e são estes ventos fortes, chamados tecnicamente de correntes de jato, que comandam o deslocamento das massas de ar frio que saem da Antártica e chegam a América do Sul e ao Brasil.
O El Niño dificulta a entrada do ar frio sobre o Brasil e por isso não se deve esperar por um inverno rigoroso, na média. Alguns picos de frio intenso vão ocorrer, mas com curta duração. Será difícil acontecer uma passagem de ar polar tão e ampla forte como a que se observou na última semana do outono de 2023.
Muitas frentes frias vão chegar ao Brasil no decorrer do inverno de 2023, mas só poucas virão com ar frio polar suficientemente forte para penetrar pelo interior do país e esfriar o Centro-Oeste e o interior do Sudeste.
A maioria das frentes frias vai atuar especialmente sobre o Sul do Brasil, eventualmente tendo influência também nos estados de São Paulo e em parte de Mato Grosso do Sul.
Julho
O mês de julho começa com certa facilidade para passagem de frentes frias sobre o centro-sul do Brasil. A expectativa é de que até duas frentes frias continentais avancem sobre o Brasil durante o mês de julho de 2023, uma na primeira quinzena e outra na segunda quinzena de julho. Estas duas frentes frias podem chegar até a Bahia. Outras frentes frias poderão passar pelo país, porém com atuação concentrada no Sul do Brasil e nas áreas mais próximas ao mar na Região Sudeste, como o leste de São Paulo, o Rio De Janeiro e o Espírito Santo certo.
Na maioria das áreas do Sudeste e do Centro-Oeste do país, o mês de julho deve ser com predomínio de tempo seco, como é normal para essa época do ano. A passagem de alguma frente fria continental poderá provocar eventos muito isolados de chuva, em pequenas áreas.
Se há uma região onde podemos associar a presença do El Niño com a redução da chuva durante o mês de julho será no extremo norte do país. Em áreas como o Amazonas, Roraima, o Amapá e a parte norte do Pará, que normalmente ainda apresentam chuvas com certa regularidade em julho, terão menos chuva do que o normal.
No Nordeste a boa notícia é que a chuva deve ser menos volumosa em relação a junho, quando foram observados diversos eventos de chuva bastante volumosa, atingindo as capitais da costa leste
O leste do Nordeste deve permanecer úmido neste em julho, mas muitas vezes com muita nebulosidade e pouca chuva em áreas de Agreste. O litoral continua tendo chuva frequente, porém de fraca a moderada intensidade. Os eventos de chuva intensa já não serão frequentes como em junho. No caso de Salvador, eventos de chuva moderada para forte intensidade que poderão ocorrer em julho associados a passagem de frentes frias pelo litoral baiano.
Agosto
Durante o mês de agosto de 2023 deve ocorrer uma mudança no padrão da circulação de ventos em vários níveis da atmosfera. Esta mudança no fluxo de ar quente e úmido, vindo do Norte do Brasil, vai fazer com que áreas como o Sul do Brasil, São Paulo e o sul de Mato Grosso do Sul tenham um agosto um pouco mais úmido e não tão seco, como seria o normal.
A chuva deve acontecer com maior frequência na passagem das frentes frias, mas lembrando que a média para agosto é baixa e essa tendência de mais eventos de chuva não significa que o volume no final do mês seja muito elevado.
O Sul do Brasil deve apresentar volumes de chuva acima da média, especialmente no sudoeste gaúcho. Essa tendência de mais chuva do que o normal na Região Sul já será um dos efeitos do El Niño 2023. Na maior parte do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste e também em grande parte da Região Norte, a tendência é de pouca ou nenhuma chuva durante o mês de agosto, como é comum no mês.
A temperatura deve ficar dentro a pouco acima do normal em quase todo o país.
Setembro
Durante o mês de setembro, os efeitos do fenômeno El Niño já serão mais marcados e notáveis sobre o Brasil. A falta de chuva se acentua no extremo norte do país, com menos precipitação sobre a bacia amazônica e Roraima. Ao mesmo tempo, deve ocorrer um grande aumento da frequência e do volume de chuva sobre a Região Sul.
Durante o mês de setembro, a circulação de ventos em vários níveis da atmosfera sobre a América do Sul vai sofrer um forte direcionamento de ar quente e úmido para a Região Sul do país. Isso vai criar um intenso contraste térmico entre esse ar quente vindo do Norte do país e o ar frio que continua passando sobre o centro-sul da Argentina.
No decorrer do mês de setembro, devem ocorrer situações de bloqueio na atmosfera fazendo com que as frentes frias tenham atuação quase que apenas sobre o Sul do país. Algumas dessas frentes poderão avançar de forma oceânica, passando pela costa do Sudeste, estimulando eventos de pancadas de chuva, que até poderão ser fortes, mas em curto período e em poucas áreas.
O que deve marcar o final do inverno no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil é o excesso de calor e a umidade baixa.
El Niño traz mais calor no fim do inverno
À medida que o inverno avança é preciso lembrar que o oceano Pacífico Equatorial vai continuar esquentando. Isso quer dizer que o El Niño vai se fortalecendo. Por isso, no final do inverno e durante a primavera, a influência do El Niño será cada vez mais notada no clima do Brasil.
O inverno de 2023 deve terminar com eventos de calor acima do normal para a estação. Mas especialmente durante a primavera de 2023, eventos de calor extremo poderão ocorrer sobre o Sudeste e no Centro-Oeste, além do Pará e do Tocantins e até mesmo em parte do Sul do Brasil.
Fonte: Climatempo