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Feijão 30-04-2023 | 12:20:00

Mercado brasileiro de feijão e pulses está passando por uma grande revolução, segundo presidente do IBRAFE

Segundo o presidente do IBRAFE (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses), Marcelo Lüders, o mercado vive momento único em função da demanda chinesa por feijão. Ele salienta que o mercado traz um excelente retorno para os produtores se especializam e investem na cultura.


Por: Da reda


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TRANSCRIÇÃO DO VÍDEO:

Estamos aqui novamente para falar sobre o feijão, essa cultura tão importante para o povo brasileiro. E hoje estou aqui com uma pessoa muito especial, o Marcelo. Ele é presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses). Marcelo, seja bem vindo ao Portal Rural News!

MARCELO - É sempre um prazer estar com vocês aqui e poder conversar com os produtores e os consumidores também.

Marcelo fala pra gente como que está o mercado de feijão e pulses agora em 2023.

MARCELO - É um mercado bastante desafiador. Nós tivemos bastante alta no começo do ano até agora. Isso desestimula o consumo. Por outro lado, os produtores tiveram mais atenção na soja e no milho, o que trouxe um menor volume disponível para o consumidor.

Marcelo, e como está a questão das exportações no mercado externo hoje para o feijão?

MARCELO - O mercado está passando por uma grande revolução. Depois da Covid, aumentou o consumo de países na Europa e dos Estados Unidos. Coincidentemente, a China veio para o mercado. Pediu, inclusive para o Brasil um acordo fitossanitário. Ou seja, o Brasil está buscando se habilitar a exportar para a China. Lembrando que a China era uma grande exportadora de feijão, então está abrindo uma janela de oportunidade para países produtores, como o Brasil, o que não era nem imaginado alguns anos atrás.

MARCELO - A China era uma grande exportadora durante 40, 50 anos e mantinha uma posição de franca exportadora. E agora a China passa a ser uma importadora por uma questão de decisão governamental, de concentrar a produção em ração animal para poder produzir proteína animal e importar esses outros itens. E a própria China, com a Covid, aumentou enormemente o consumo interno.

MARCELO - Todo mundo quer menos produto processado. Na medida em que as pessoas vão migrando na escala social, elas não só querem uma diversidade de alimentos, como querem alimentos mais saudáveis. E lá na China, muitos alimentos saudáveis. E o feijão aparece bem na dieta cada vez mais da dieta chinesa.

O feijão na dieta brasileira faz par com o nosso famoso arroz, nosso arroz e feijão é o grande salvador proteico de qualquer dieta.;;

MARCELO - Países como a Índia, por exemplo, que são eminentemente vegetarianos, têm nos pulsos lentilha, ervilha, grão de bico e feijão. A base proteica deles, então, fazem farinhas de feijão a partir de farinhas e com essas farinhas, acabam fazendo uma espécie de pão. Acaba fazendo um componente de várias receitas, porque ele realmente cria uma saciedade. A gente está num país que, graças a Deus, o feijão e arroz ainda tem um preço acessível para a grande maioria das pessoas.

MARCELO - Nós temos aí talvez 30, 40 milhões de pessoas que precisam de um amparo social do governo, mas o restante tem condições de consumir essa proteína e disponível em outros países. Não é bem assim. Gostariam de ter um volume maior disponível de feijões, como o Brasil tem?

Marcelo, é nesse nível de importação que você faz na China. Qual feijão, Qual a variedade de feijão que eles têm, que é a demanda dos chineses Hoje?

MARCELO - A primeira e principal, que é um dos maiores mercados do mundo, é o feijão mungO, aquele feijão que se faz o molho. Acho que é o broto de feijão. Mas ele não é só para broto de feijão. Tem a cultura oriental e da região ali, dos árabes também do Oriente Médio, tem uma diversidade de receitas desse feijão, outros feijões que vem aumentando bastante o consumo na Índia é o feijão rajado, vermelho ou alguma coisa de feijão preto.

MARCELO - Pelo mercado mundial também os feijões brancos, que o Brasil importa ainda alguma coisa da Argentina e com certeza há condições de passar a produzir aqui no Brasil. A pesquisa tem entregue novas cultivares que vão se adaptando ao gosto do brasileiro e a necessidade do brasileiro e vai diminuindo a necessidade de importação. Mas esses são os feijões que eu diria que tem o maior mercado mundial.

E comunicação, o produtor brasileiro que está produzindo esse tipo de feijão. Como está a consciência dele em produzir um produto com maior valor agregado e com esse mercado mais favorável?

MARCELO - Existem diversas iniciativas e polos que vêm produzindo os feijões diversificados. Existem polos que já produziam, por exemplo, feijão vermelho. A região da Zona da Mata, em Minas Gerais, o feijão vermelho bolinha vermelho acaba encontrando mercado no mundo afora. Então ali é uma questão de ir aumentando a quantidade e buscando entender qual é o timing do mercado mundial. Existem regiões em Goiás, por exemplo, no Paraná.

MARCELO - Alguma coisa na Bahia de feijão rajado. E o feijão rajado ainda tem uma produtividade um pouco menor do que o feijão carioca. Mas, por outro lado, tem o ciclo um pouco menor. Então começa também a diversificar. E, por outro lado, a gente tem a chegada da diversificação das variedades que estão vindo por parte dos da pesquisa. O Instituto Agronômico de Campinas, a Embrapa lidera e até a ação em empresas e instituições que trabalham na diversificação e na melhora da performance desses feijões lá no campo.

MARCELO - Em termos agronômico e de produtividade, há uma boa vontade por parte dos produtores, de entender e de saberem mais sobre esses mercados.

Muito bem, Marcelo. E você comentou aí sobre a questão de variedades de produtos derivados do feijão, que existem outros mercados. Existe no Brasil aí uma perspectiva de se explorar isso também, porque basicamente o brasileiro hoje, como feijão, sempre sem nenhum processamento, não é simplesmente cozido, não é?

MARCELO - Existe já uma indústria que começa a aparecer, que são das tiras vegetais. Seriam as carnes vegetais e que tem surpreendido no sabor e no custo, no custo. Já existe uma carne vegetal equivalente a um corte de patinho, por exemplo, para fazer um picadinho, que tem o preço um pouco mais barato do que o patinho mesmo do que a carne.

MARCELO - E isso vai acabar popularizando quanto mais empresas forem entrando, quanto mais a parte da academia for entregando novas e novos usos para esses produtos, com certeza isso vai popularizar cada vez mais. Existe uma parcela da população hoje é estimada. A última vez que foi feito um levantamento foi em 2018. Havia 30 milhões de brasileiros que se identificam como vegetarianos.

MARCELO - Agora eles já estão chegando perto de 40 milhões. Essa população, ela tem uma base proteica com os pulsos como pulso e feijão, e o mais acessível são os maiores consumidores de feijão no Brasil. Então, essa, essa parte da população também é muito aberta a novas formas de consumir o feijão. Então nós temos visto um incremento bastante acelerado do uso das farinhas num primeiro momento, e agora já começam a aparecer, nos concentrar é uma proteína concentrada de feijão que pode fazer parte de um macarrão ou uma outra massa na área das confeitarias.

MARCELO - Ela pode substituir, inclusive para aqueles que têm problemas com celíacos, da intolerância ao glúten. Isso também acaba atendendo, num primeiro momento, essa essa parcela da população. E tem o restante que começa a se interessar por uma alternativa.

Muito interessante mesmo. Mas será ruim para o produtor rural, que tem dúvidas ainda se o feijão é a cultura, é rentável. O que você falaria para ele agora?

MARCELO - O feijão ele tem como o Brasil tem o privilégio de ter três safras. A gente tem observado que os produtores que utilizam as melhores técnicas e que utilizam a melhor semente, deixando de reproduzir aquele grão lá do ano passado, para daí plantar, tem um resultado melhor. E qualquer três, quatro sacos representa cinco 10% a mais de produção. Consequentemente é cinco 10% a mais no bolso do produtor.

MARCELO - Então, os feijões não são uma receita de bolo. Cada feijão, cada variedade de feijão, cultivares de feijão tem as suas especificidades. Ela pode se adaptar melhor num lugar do que no outro. E os produtores, que são profissionais que têm se dedicado à cultura, eles não deixam de plantar feijão. Eles podem ter um ano, uma área um pouco maior, um pouco menor, de acordo com a rotação e as necessidades de rotação de cultura, mas continuam ligados o produto.

MARCELO - Como esse ano nós estamos tendo um diferencial positivo, ou seja, diminuiu o custo total da produção de feijão. Se o produtor te der uma informação do momento, do melhor momento para comercializar, não tem a dúvida que são poucas as culturas que podem dar o resultado que o feijão entrega.

E essa baixa das commodities, como a soja, estabelecendo a cultura:

MARCELO - Olha, ela acaba atrapalhando bastante o consumo. A área dedicada a soja e milho aumenta bastante. Aquele produtor que eventualmente, na primeira safra planta a soja ou planta o milho, depois entra com o feijão. Enfim, tem aí as alternativas. Esses produtores, dependendo do momento, têm tido um resultado muito bom, o que acaba incentivando eles a continuarem a investir na cultura.

MARCELO - A expectativa num ano como esse é que nós tenhamos, depois do feijão atingir os 400R$ a saca seria o preço mesmo transformado em dólar mais alto para esse período do ano. No histórico que nós temos a tendência agora é diminuir o preço na segunda safra. Mas, por outro lado, o custo de produção nós esperamos que seja um custo de produção condizente com o preço menor. Também e, consequentemente, aumenta o consumo automaticamente. Então o setor pode comemorar e os números acima de 2023 tá bom.

MARCELO - O mercado está bom, O mercado, por exemplo, a gente tem na hora do pico, da safra, da segunda safra, na hora da colheita, que ocorre em maio junho. É claro que não vai ser o melhor dos momentos para vender, mas o produtor precisa estar de olho. Qual é o preço histórico daquele momento? Depois nós vamos ter o pico da safra da terceira safra, que é irrigada, que consegue colher e armazenar.

MARCELO - O feijão, hoje carioca que escurecia, não escurece mais rápido, escurece bem mais lentamente e com isso, as oportunidades de negócio vão se multiplicando. Para esse produtor, é a oportunidade de captar um resultado melhor na última linha da planilha também.

Marcelo, eu vou aproveitar aqui a sua presença. Fala um pouquinho para a gente sobre a agenda de eventos e debate que está sendo programado para esse ano.

MARCELO - Olha, nós temos aí agora no mês de maio, uma participação em Brasília. Vamos estar em Brasília, lá no dia 22, com uma palestra. Vamos participar ou vamos ter o Fórum Brasileiro do Feijão? Estamos levando a acontecer em Brasília o Fórum Brasileiro do Feijão, dia 15h16 de junho e depois no dia 27, 27 de junho, nós vamos estar em Guarapuava com os produtores também num ponto, levando informação estratégica para todos.

MARCELO - E no final agora do mês de maio, que se inicia em breve, nós temos, a partir do dia 17 uma missão prospectiva lá no mercado chinês. Ou seja, nós estamos convidando produtores idealistas, aqueles que querem entender um pouco mais sobre esse mercado para se juntarem nessa missão, indo para China, participando de uma feira e de um simpósio que vai ser realizado lá, onde nós vamos aprender muito sobre como exportar pra China.

Mas você comentou sobre o curso de cozinhas internacional realizado no mundo todo. O que o Ibrafe trouxe para o Brasil?

MARCELO - Sim, eles são seminários que a gente leva informação dos produtores mais particularizadas para sua região. Então, por exemplo, aqui nessa região do Paraná, o que é interessante é plantar. Qual é a perspectiva? Já começamos a trabalhar a perspectiva da primeira safra de 2024. Lá, estrategicamente, como que o produtor pode se preparar para ter um bom resultado durante essas próximas campanhas?

Muito bem, Marcelo, agradeço a tua presença aqui no Portal Rural News e ficamos à sua disposição. Um abraço e o que precisar divulgar para o nosso produtor.

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