Economia
16-10-2023 | 17:55:00
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Risco geopolítico no Oriente Médio deve pressionar inflação, segundo hEDGEpoint
O conflito no Oriente Médio está causando um aumento da volatilidade e da aversão ao risco nos mercados globais, levando a uma queda nas ações e nos mercados de commodities, e a uma alta nos preços do ouro e do dólar
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Uma escalada da guerra pode resultar no envolvimento do Irã, um país com vínculos com grupos extremistas na região. Como um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, o Irã correria o risco de enfrentar um agravamento no embargo ao seu petróleo por parte de países ocidentais, aumentando o custo energético no mercado.
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Outro risco do conflito pode ser o bloqueio do Estreito de Ormuz, uma rota marítima crucial para o transporte de petróleo. A interrupção no fornecimento de petróleo pode exercer pressão sobre a inflação, já que o petróleo é um insumo essencial para a produção e transporte de bens e serviços.
Enquanto isso, o aumento da volatilidade já pode ser observado em diversos índices. O ouro à vista subiu 5,4% na última semana, atingindo US$ 1.931,70 por onça em 13 de outubro. Esse foi o maior ganho percentual semanal desde março. O índice de volatilidade CBOE também subiu, apreciando mais de 10% na semana passada.
Petróleo em alta aumenta riscos à inflação
O Oriente Médio é uma região importante para o suprimento mundial de petróleo, contendo aproximadamente um terço da oferta total de petróleo do mundo, e uma escalada da guerra poderia levar a interrupções no fornecimento de petróleo de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.
"Portanto, a alta dos preços do petróleo é um desafio para as autoridades monetárias que buscam conter a inflação. O petróleo é um insumo essencial para a produção de diversos bens e serviços, incluindo transporte, agricultura e manufatura. Um aumento de preços do petróleo pode levar a um aumento generalizado da inflação, pois os custos de produção e transporte aumentam, o que é repassado aos consumidores", diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.
Enquanto isso, os dados de inflação da última semana mostraram que os preços ao consumidor subiram 0,4% em setembro, acima do consenso de mercado de 0,3%. Essa surpresa altista contribuiu para uma maior dissipação da aversão ao risco que tem sido observada.
Além do mais, a perspectiva de que a inflação nos Estados Unidos possa continuar a subir, com novas surpresas altistas, fortaleceu o dólar, impactando negativamente moedas de países emergentes. O setor de serviços dos Estados Unidos continuou a crescer no terceiro trimestre, porém a força do setor está impulsionando os preços a subirem mais rápido, colocando em risco o plano de desinflação do Federal Reserve.
O banco central americano provavelmente precisará manter as taxas de juros mais altas por um período prolongado, isso se não as aumentar, para conter a inflação, especialmente com componentes voláteis como energia subindo.
"O conflito entre Israel e Hamas adiciona um risco geopolítico significativo aos mercados. Os ativos de risco, como ações e commodities, provavelmente serão afetados, especialmente até que o papel do Irã na guerra fique mais claro. Os dois maiores riscos envolvendo o Irã são uma interrupção no fornecimento de petróleo ao mundo, seja por embargos impostos pelo Ocidente ou por retaliação do Irã obstruindo a passagem do Estreito de Ormuz. Ambas as situações teriam um impacto significativo na economia global", explica.
O analista ressalta que, na história recente, os conflitos no Oriente Médio não se traduziram em um aumento sustentado no preço do petróleo e não causaram interrupções graves no mercado. "No entanto, é importante considerar que o contexto atual é diferente, com a guerra na Ucrânia e a incerteza sobre as ações do Irã na região. O aumento da volatilidade no mercado por conta do conflito no Oriente Médio está sendo absorvido pelos preços do petróleo, que já possuíam fundamentos altistas devido aos baixos estoques e resiliência da economia americana", diz.
Enquanto isso, segundo o analista, custos energéticos mais altos deverão pressionar a inflação, impondo um desafio a mais para as autoridades monetárias, que, apesar do bom trabalho feito até aqui, ainda lutam para controlar os preços.