Economia 21-06-2021 | 18:12:00

Pandemia afetou indústria, comércio e serviços no 1º trimestre

O Boletim Econômico produzido pelo Núcleo de Estudos da Conjuntura Econômica (NECON) da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), analisou dados da indústria, comércio e serviços brasileiros no 1º trimestre. O agravamento da pandemia afetou os resultados dos setores.


Por: Redação RuralNews


INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS
Durante o primeiro trimestre de 2021 observamos o rompimento da série de nove meses consecutivos de altas. Em fevereiro, o indicador apresentou um resultado negativo de 1%, seguido por uma intensificação negativa de 2,4%, no mês de março, totalizando uma perda de 3,1% no acumulado do ano.

O setor industrial se encontra 16,5 pontos percentuais abaixo do pior patamar histórico, registrado no mês de maio de 2011. Todos esses resultados negativos e desanimadores para o setor podem ser explicados pela intensificação das medidas restritivas, visando a contenção do avanço da pandemia, prejudicando toda a cadeia produtiva através da paralização das plantas industriais e das interrupções nas jornadas de trabalho.

Com as perdas observadas, em fevereiro e março, o acumulado de maio de 2020 até janeiro deste ano foi zerado, fazendo com que a indústria regressasse ao patamar em que se encontrava no pré-pandemia.
Comércio
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) apontou que as vendas para o último mês do primeiro trimestre, março 2021, teve queda de 0,6%, em relação ao mês anterior (considerando o ajuste sazonal), sendo o terceiro resultado negativo, nos últimos 4 meses. Com isso, de jan-mar de 2021, o comércio varejista apresentou uma variação negativa de 0,6% no primeiro trimestre do ano 2021. Já na análise interanual, o volume de vendas cresceu 2,4 pontos percentuais.

Assim, fica evidente o efeito do agravamento da pandemia, da Covid-19, no índice de volume de vendas de março, principalmente pelas maiores restrições de funcionamento dos diferentes segmentos do comércio. Além disso, nota-se uma redução na demanda em segmentos não essenciais, influenciados pela suspensão do auxílio emergencial e alta da inflação e desemprego.

O segmento de Combustíveis e lubrificantes ilustra a situação, cuja queda (-1,5% em março, na comparação interanual e -6,8%, no acumulado do primeiro trimestre) é justificada pelo aumento consecutivo de preços nos últimos meses. O IPCA, de março de 2021, evidencia a alta no grupo de Transportes em 3,81%, principalmente pela alta dos combustíveis (11,23%), e em especial a gasolina (11,26%). A desvalorização cambial e o comportamento do mercado externo também afetaram negativamente o consumidor final.
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que em março teve uma alta de 3,3% (em relação a fevereiro 2020), apresenta uma desaceleração em relação ao ano passado, com uma queda de 3,9%. Pesquisadores justificam que no início da pandemia, os hipermercados (e alguns supermercados) absorveram grande volume de vendas ao oferecerem mais do que alimentos - móveis, eletrodomésticos e até vestuário, por exemplo - contudo, a inflação dos alimentos afetou os resultados de 2021. Em março de 2021, a inflação foi de 0,93%, o maior resultado para o mês, desde 2015, e o grupo dos alimentos mostrou uma variação positiva de 0,13%, ainda que seja apresentada, desde dezembro, uma tendência de desaceleração: 1,74%, 1,02% e 0,27%, em dezembro, janeiro e fevereiro, respectivamente.

Serviços

De acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo IBGE, o mês de março de 2021 apresentou uma queda de 4%, em relação ao mês anterior. O último resultado divulgado, praticamente elimina a alta de 4,6% do mês de fevereiro. Em comparação com mesmo período do ano de 2020 é possível observar uma forte melhora, de 4,5%. Observando o resultado trimestral, percebe-se que apesar das altas nos meses de janeiro e fevereiro, o setor encerra o período com uma queda acumulada de 0,8%.
Analisando o gráfico acima, nota-se que, a partir de junho de 2020, o setor apresentava sinais de recuperação, porém, com o agravamento da pandemia e com a utilização da fase emergencial, em São Paulo, como medida de combate ao coronavírus, a limitação das atividades impactou fortemente o último resultado. Dentre as 5 atividades abordadas na PMS, pelo menos 3 delas sofreram com o avanço do vírus. Os Serviços prestados às famílias caíram 27%, sendo a menor taxa desde abril de 2020. Essa queda reflete as medidas restritivas adotadas durante o pico de casos. Serviços auxiliares, administrativos e complementares tiveram queda de 1,4%, já o setor de Transporte, serviços auxiliares aos transportes e correio retraiu 1,9%.


Entre todos os 27 estados da união, 14 deles presenciaram quedas entre o mês de fevereiro e março, destaque importante para São Paulo (-2,6%), seguido por Distrito Federal (-6,1%), Minas Gerais (-1,6%), Santa Catarina (-3,4%) e Rio de Janeiro (-0,8%).


Tendo em vista o agravamento da pandemia no Brasil, as expectativas de recuperação econômica estão estritamente dependentes da imunização contra o vírus. A perspectiva para a retomada das atividades está prevista somente para o segundo semestre de 2021 e início de 2022. Sendo assim, para que se cumpra as revisões de crescimento do PIB (3% a 4%) de algumas instituições financeiras, é necessário a conscientização da população no geral para que a propagação da Covid-19 seja reduzida e, também, que o cronograma de vacinação seja cumprido. No próximo capítulo, abordaremos o resultado da inflação e seus efeitos. 


Confira o Boletim completo em formato PDF no link abaixo. 

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