Enquanto responsabiliza o agro pela inflação, governo tributa investimentos no setor
Para a FPA, o plano do governo federal pode, ao contrário do que se argumenta, aumentar ainda mais o custo da comida para o consumidor final
Nova proposta do governo deve aumentar o custo do crédito rural e impactar direto no bolso do consumidor. Foto: Canva
Diante da narrativa do governo de que o agronegócio estaria por trás da alta nos preços dos alimentos, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se posicionou contra a proposta de tributação dos rendimentos das LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), hoje isentos para pessoas físicas. Para os parlamentares do setor, o plano do governo ignora o real desequilíbrio das contas públicas e pode, ao contrário do que se argumenta, aumentar ainda mais o custo da comida para o consumidor final.
A FPA destaca que essa mudança compromete uma das principais fontes de financiamento para o setor agropecuário, especialmente para os médios produtores e cooperativas. Atualmente, cerca de 42% do crédito rural já vem de fontes privadas, sendo que quase metade disso tem como origem as LCAs — que somaram R$ 559,9 bilhões em abril. A proposta de tributar esses papéis tende a afastar investidores e encarecer o crédito, o que pressiona o custo de produção e, consequentemente, o preço final dos alimentos.
A entidade também critica o foco exclusivo do governo na arrecadação, sem propor cortes de gastos obrigatórios ou revisão de privilégios. A taxação das LCAs e LCIs, enquanto outros investimentos continuam isentos, é vista como uma medida sem critério claro e com forte potencial de desequilibrar ainda mais o ambiente de negócios no agro.
Por fim, a FPA lembra que o agronegócio é responsável por quase metade do superávit comercial do Brasil. Penalizar o setor, segundo o grupo, é penalizar o crescimento econômico do país. Para os parlamentares, o verdadeiro ajuste fiscal precisa passar por uma reforma estrutural das despesas públicas — e não pela criação de novos encargos sobre quem mantém a economia girando.
