Economia 17/03/2022

Agro tem que falar de peito aberto sobre carestia dos alimentos

Setor tem que abraçar o assunto como uma bandeira institucional, sobretudo em ano de eleições

Ronaldo Luiz

Agro tem que falar de peito aberto sobre a carestia dos alimentos 
Setor tem que abraçar o assunto como uma bandeira institucional, sobretudo em ano de eleições
O PIB do agro cresceu 8% em 2021. Em fevereiro, as exportações do setor atingiram quase US$ 1 bilhão, avanço de 42% sobre igual mês de 2021. O produtor rural, em particular, claro, vem sendo castigado com o agravamento de eventos climáticos adversos e com elevado aumento dos custos de produção - e não só dos insumos diretos, como defensivos, sementes e fertilizantes. Os gastos com combustíveis, energia elétrica, transportes já vinham numa espiral de alta, decorrente dos impactos da pandemia e se acentuaram com a guerra no Leste Europeu.
Nesta conjuntura crítica, o preço dos alimentos explodiu. Minha gente, chegou-se a um ponto em que é indispensável pensar em políticas públicas não intervencionistas, que possam garantir valores acessíveis dos alimentos à população brasileira.
O setor agro não pode se vangloriar de ser grande exportador e as pessoas aqui estarem passando fome ou com dificuldades para comprar comida. Soa incongruente. Somos sim uma economia de livre mercado, mas esta distorção precisa ser corrigida de alguma maneira. 
De fato, o segmento promoveu iniciativas pontuais neste sentido, mas isso não mais basta. É preciso falar de peito aberto sobre o tema, abraçando o assunto como uma bandeira institucional.  Só se expressando com a cabeça do consumidor é que o setor encontrará simpatia da Opinião Pública em geral, nacional e internacional. Estamos todos no mesmo barco. E simpatia, amigos e amigas, é sinônimo de negócios, de oportunidades.
A turma das proteínas alternativas, por exemplo, fala a linguagem da rua, sob a perspectiva do cidadão, e vem ganhando terreno não somente por isso, mas também exatamente por este tipo de abordagem.
Enquanto isso, o setor agro tradicional permanece com o mesmo tom em sua narrativa. E, em tempos de eleições, virar a chave é mais que fundamental. 
*Confira a íntegra da coluna no podcast da semana.

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