Coronavírus
11-05-2020 | 0:00:00
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Coronavirus bovino (BCov) é diferente do vírus da Covid-19
Pesquisadores da Secretaria de Agricultura, que atuam no IB, explicam sobre o BCoV, que atinge bovinos de corte e leite e não é transmitido para o homem
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O BCoV traz prejuízos econômicos ao produtor, seja na pecuária de corte ou leite, por causar diarreia neonatal em bezerros e disenteria de inverno em bovinos adultos, associado em alguns casos com doenças respiratórias, segundo pesquisadores do IB. "A Covid-19, causada pelo Sars-CoV-2 e se restringe a transmissão entre humanos, embora já tenha sido identificada a presença deste agente em cães, gatos, tigres e leões, sempre associado a transmissão do homem para os animais. Os coronavirus animais são espécie-específicos, ou seja, o cachorro acomete somente o cachorro, o gato somente o gato e assim por diante. Desta forma, os bovinos também são acometidos por coronavirus, neste caso denominado de BCov", explica Liria Hiromi Okuda, pesquisadora do Instituto.
Segundo as pesquisadoras do IB, Liria Hiromi Okuda e Adriana Hellmeister de Campos Nogueira Romaldini, o BCoV pertence à família Coronaviridae, gênero Alphabetacoronavirus enquanto o Sars-CoV-2, pertence ao gênero Betacoronavirus. Distribuído mundialmente, o BCoV é considerado endêmico e sua frequência é influenciada pelos sistemas de criação e tipo de exploração, sendo que os manejos intensivos propiciam maior taxa de transmissão entre os animais.
"A primeira descrição do BCoV no Brasil foi relatada em 2002 em propriedades leiteiras do Estado de São Paulo, sendo observada maior frequência de diarreia em bezerros jovens, na faixa etária de uma a três semanas de idade. Em bovinos adultos também se observa gastroenterite no inverno, demonstrando a característica sazonal da doença entre bovinos e associado a problemas respiratórios como febre, dispneia e broncopneumonia", afirma Liria.
Alguns animais não apresentam sintomas do BCoV e acabam transmitindo a infecção, são os chamados portadores assintomáticos. "Fatores como as baixas temperaturas, ventilação deficiente, incidência de luz ultravioleta e umidade, práticas de manejo, idade, presença de outros enteropatógenos, imunidade e estado nutricional do hospedeiro podem potencializar a transmissão da doença no rebanho", explica Adriana.
As pesquisadoras do IB dizem que a forma de transmissão do coronavírus bovino é principalmente pela via oral-fecal, mas que a presença de gotículas e ingestão de água e ração contaminadas são também potenciais veiculadores. "A transmissão do BCoV de ruminantes silvestres para ruminantes domésticos, como os bovinos, foi relatada por alguns pesquisadores", diz Liria.
Assim como ocorre para outras espécies de coronavirus, não há tratamento para o BCoV, apenas terapias de suporte. "Existem vacinas no mercado para coronavírus bovino, que podem ser aplicadas de acordo com o fabricante. Como medida de contenção, o produtor pode apartar o animal doente do rebanho e introduzir terapias de suporte para evitar desidratação e infecções secundárias oportunistas, que podem agravar o quadro. O animal vai a óbito por outras complicações e não devido ao coronavírus bovino", afirma Adriana.
Diagnóstico
O Instituto Biológico realiza o diagnóstico de coronavirus bovino utilizando as técnicas de microscopia eletrônica e RT-PCR convencional nos laboratórios de microscopia eletrônica e Laboratório de Viroses de Bovídeos, localizado em São Paulo, Capital. O Laboratório do Instituto é acreditado pela norma internacional ISO 17025, relacionada à qualidade, e é credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A realização do diagnóstico laboratorial é importante para identificar o agente causal e estabelecer as medidas de controle nos animais. No caso de doenças entéricas virais, destaca-se o rotavírus bovino como diferencial.
Segundo as pesquisadoras do IB, para o diagnóstico laboratorial os produtores devem enviar fezes colhidas diretamente da ampola retal e, no caso de quadros respiratórios, podem enviar o lavado traqueobrônquico e ou suabe nasal, mantido em solução salina. O material pode ser encaminhado refrigerado ou congelado devidamente identificados e acondicionados em caixas de isopor com gelo reciclável, juntamente com a ficha de requisição de exames contendo o maior número de informações sobre o problema, como o início e evolução do quadro clínico, sintomas, vacinas e tratamentos realizados. O endereço para envio das amostras é Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252, Vila Mariana, São Paulo (SP), 04014-900.