Clima
25-06-2024 | 9:16:00
Dentre os setores impactados com essa tragédia climática, está a indústria de alimentos, que, diferentemente de outros segmentos, mais do que produzir, também tem a responsabilidade de executar toda a logística de distribuição. Não à toa, nos últimos meses, presenciamos uma ampla preocupação de uma eventual falta de abastecimento do arroz, tendo em vista que o RS responde por 70% da produção nacional.
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A tragédia do Rio Grande Sul nos chama atenção, principalmente, para o seguinte o fato: o quão preparados estamos para o que vem pela frente? A tendência, infelizmente, é que, cada vez mais, as mudanças climáticas façam parte da rotina empresarial, o que exigirá das organizações a adoção de medidas eficazes que ajudem a minimizar os impactos na produção e distribuição de produtos.
Não podemos negar que, atualmente, existe uma gama de recursos tecnológicos que pode ajudar nesse preparo. O agronegócio, como exemplo, sendo um setor que só em 2023, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, correspondeu a 23,8% do PIB do país, já utiliza a tecnologia em campo, desde análises preditivas, controle do solo e, até mesmo, monitoramento do clima.
Porém, um grande ponto de atenção é que essas tecnologias ainda ficam restritas à linha de produção em campo. Como consequência, a catástrofe que assolou as terras gaúchas, por exemplo, impossibilitou o transporte aéreo, visto que inundou o aeroporto com previsão de abertura apenas no fim do ano – e fechou as estradas com as principais vias de acesso, bloqueando as passagens.
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Do ponto de vista logístico, tal cenário mostra o quão são sensíveis e expostos estes meios de transportes, tão utilizados e de alto orçamento, podem ser. Não à toa, hoje, no hemisfério norte, já existem países que realizam entregas via drones, bem como se mostram bem-preparados frente a eventuais tragédias climáticas.
Considerando que o Brasil é um país de tamanho continental, o que agrega no grande desafio de logística, é necessário que as indústrias expandam o seu leque de opções. Isso é, mais do que utilizar o transporte rodoviário e aéreo, por que não utilizar outros acessos como o fluvial e ferroviário?
A solução até pode parecer simples, mas, obviamente, para isso, é necessário que haja um investimento governamental nesses acessos, com o intuito de viabilizar sua utilização. Com isso, voltamos ao ponto central dessa questão: a necessidade de haver um alinhamento entre inciativas privadas e públicas frente a atual realidade, visando não apenas atravessá-la, mas também a evitá-la.
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O que devemos aprender com as enchentes do Rio Grande do Sul é a importância de um melhor preparo. E, em se tratando da indústria de alimentos, que corresponde a 10,8% do PIB do país e é responsável por exportar produtos para 190 países, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), essa ação torna-se ainda mais necessária e importante.
Precisamos enfatizar que inovar não se trata apenas de criar algo do zero, mas também de aperfeiçoar e melhorar processos já existentes. Deste modo, esse segmento da indústria, que é extremamente vital para nossa economia, tem a missão de, mais do que produzir, também abrir o leque de opções que garantam sua fluidez e acesso, mesmo diante de situações adversas.
Hoje, sem dúvidas, a tecnologia se torna a maior aliada, pois auxilia tanto do ponto de vista logístico quanto operacional, fornecendo análises que orientam desde a identificação das melhores áreas para plantio até o monitoramento da distribuição. Portanto, implementar esses recursos fora do ambiente interno é uma alternativa eficaz para garantir que a distribuição não seja afetada, mesmo em meio a eventuais crises.
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Os danos climáticos tendem a serem cada vez mais recorrentes, com impactos inimagináveis. Desta forma, não há mais espaço para despreparo da indústria, a qual precisa estar atenta em investir tanto em melhorias de processos, quanto em abordagens eficientes. Afinal, o que irá garantir o desempenho de amanhã são ações tomadas desde hoje.
Amauri Garroux é sócio e diretor de alianças estratégicas da SPS Group.
Como as alterações climáticas impactam a logística da indústria de alimentos?
Amauri Garroux
Dentre os setores impactados com essa tragédia climática, está a indústria de alimentos, que, diferentemente de outros segmentos, mais do que produzir, também tem a responsabilidade de executar toda a logística de distribuição. Não à toa, nos últimos meses, presenciamos uma ampla preocupação de uma eventual falta de abastecimento do arroz, tendo em vista que o RS responde por 70% da produção nacional.
A tragédia do Rio Grande Sul nos chama atenção, principalmente, para o seguinte o fato: o quão preparados estamos para o que vem pela frente? A tendência, infelizmente, é que, cada vez mais, as mudanças climáticas façam parte da rotina empresarial, o que exigirá das organizações a adoção de medidas eficazes que ajudem a minimizar os impactos na produção e distribuição de produtos.
Não podemos negar que, atualmente, existe uma gama de recursos tecnológicos que pode ajudar nesse preparo. O agronegócio, como exemplo, sendo um setor que só em 2023, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP, correspondeu a 23,8% do PIB do país, já utiliza a tecnologia em campo, desde análises preditivas, controle do solo e, até mesmo, monitoramento do clima.
Porém, um grande ponto de atenção é que essas tecnologias ainda ficam restritas à linha de produção em campo. Como consequência, a catástrofe que assolou as terras gaúchas, por exemplo, impossibilitou o transporte aéreo, visto que inundou o aeroporto com previsão de abertura apenas no fim do ano – e fechou as estradas com as principais vias de acesso, bloqueando as passagens.
Considerando que o Brasil é um país de tamanho continental, o que agrega no grande desafio de logística, é necessário que as indústrias expandam o seu leque de opções. Isso é, mais do que utilizar o transporte rodoviário e aéreo, por que não utilizar outros acessos como o fluvial e ferroviário?
A solução até pode parecer simples, mas, obviamente, para isso, é necessário que haja um investimento governamental nesses acessos, com o intuito de viabilizar sua utilização. Com isso, voltamos ao ponto central dessa questão: a necessidade de haver um alinhamento entre inciativas privadas e públicas frente a atual realidade, visando não apenas atravessá-la, mas também a evitá-la.
Precisamos enfatizar que inovar não se trata apenas de criar algo do zero, mas também de aperfeiçoar e melhorar processos já existentes. Deste modo, esse segmento da indústria, que é extremamente vital para nossa economia, tem a missão de, mais do que produzir, também abrir o leque de opções que garantam sua fluidez e acesso, mesmo diante de situações adversas.
Hoje, sem dúvidas, a tecnologia se torna a maior aliada, pois auxilia tanto do ponto de vista logístico quanto operacional, fornecendo análises que orientam desde a identificação das melhores áreas para plantio até o monitoramento da distribuição. Portanto, implementar esses recursos fora do ambiente interno é uma alternativa eficaz para garantir que a distribuição não seja afetada, mesmo em meio a eventuais crises.
Amauri Garroux é sócio e diretor de alianças estratégicas da SPS Group.